por Luiz Antônio Magalhães

Pois bem, o governador José Serra (PSDB) percebeu que o sistema utilizado pelo governo federal para realizar as concessões resultava em preços muito mais atrativos (para ir de São Paulo a Belo Horizonte pela Fernão Dias, por exemplo, um automóvel paga R$ 7,10 por um trajeto de 586 quilômetros). Serra, porém, não deu o braço a torcer, realizou os leilões de concessão, já sob a sua gestão, de algumas estradas paulistas em um sistema misto, em que persiste a outorga das concessionárias. Em seguida, o governo de São Paulo anunciou com estardalhaço que a concessão da rodovia Ayrton Senna foi um sucesso absoluto - o preço do pedágio cairia pela metade e a concessionária ainda pagaria uma nota preta pela outorga (quase R$ 600 milhões). Um grande negócio.
Hoje, porém, a Folha de S. Paulo traz a notícia reproduzida abaixo: a concessão da rodovia foi simplesmente cancelada porque a concessionária vitoriosa não depositou os R$ 118 milhões necessários (20% do valor total da outorga) para começar a operar a concessão. Desta forma, o preço do pedágio não vai abaixar agora e está aberto o caminho de uma longa disputa judicial. E o pior para o governador Serra é que a segunda colocada no leilão é a concessionária que opera o sistema Anchieta-Imigrantes (que liga São Paulo a Santos) e cobra aquela pequena fortuna de pegágio. Definitivamente, o governador não é um homem de sorte...
Concessão da rodovia Ayrton Senna é cancelada
da Folha Online
Hoje na Folha A TPI (Triunfo Participações e Investimentos S.A.) perdeu ontem o direito de assumir o controle do corredor rodoviário Ayrton Senna/Carvalho Pinto, a concessão mais cobiçada dos cinco lotes colocados à disposição do mercado pelo governo de São Paulo em outubro de 2008, informou Agnaldo Brito na edição de hoje da Folha. A reportagem completa está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL.
A empresa não apresentou a garantia prometida para o empreendimento e também não depositou o valor de R$ 118,8 milhões para o Tesouro paulista, equivalente a 20% do valor total da outorga, que lhe daria o direito de explorar os 142 quilômetros por 30 anos. A empresa não quis se pronunciar. A agência reguladora informou que irá convocar o consórcio segundo colocado na disputa desse lote, a Primav EcoRodovias S.A. --a mesma que administra hoje o complexo Anchieta/ Imigrantes. A proposta apresentada em outubro será aberta e avaliada do ponto de vista documental e financeiro.
A reportagem da Folha apurou que a decisão de ontem revela uma preocupação interna na agência. Há um temor de que a Triunfo inicie uma batalha judicial para tentar assumir a rodovia, a despeito da incapacidade financeira que demonstrou.
Desde o leilão de concessão, rumores no mercado indicavam esse desfecho em relação à dificuldade que a Triunfo encontraria para cumprir as exigências. Não era a única. A BRVias, que venceu o leilão do trecho oeste da rodovia Marechal Rondon, também enfrentou problemas para demonstrar as garantias de que tinha força econômica para assumir, administrar e investir R$ 1,32 bilhão no trecho de 423 quilômetros por três décadas.
Fonte: Entrelinhas
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