quarta-feira, 8 de abril de 2009

Propostas para uma reforma do sistema financeiro internacional

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Na recente reunião de cúpula do G20, em Londres, a Coalizão Global para o Crédito Responsável apresentou uma proposta de mudança no sistema financeiro internacional. Articulação de entidades em defesa de serviços financeiros mais justos e contra o super endividamento dos cidadãos, a Coalizão defende um sistema financeiro coerente com objetivos democráticos, com a estabilidade financeira e a justiça social.

A Coalizão Global para o Crédito Responsável, uma articulação de entidades que defende o acesso a serviços financeiros mais justos, conclamou os líderes do G20, na recente reunião de cúpula realizada em Londres, a criar um sistema financeiro "que valha a pena salvar”. A Debt on our Doorstep (1), com o apoio no Reino Unido dos sindicatos UNITE e PCS, da New Economics Foundation, Church Action on Poverty, a National Housing Federation, o ex-ministro e presidente do Partido Trabalhista, Ian McCartney, da Coligação Européia por Crédito Responsável (2), da U.S National Community Reinvestment Coalition (3), e parceiros em vinte outros países, divulgaram um comunicado defendendo que o G20 se comprometa com reformas profundas no sistema financeiro. Essas organizações apresentaram as seguintes propostas:

1. Concordar em colocar os provedores de serviços financeiros sob um “dever de exercer a responsabilidade no domínio dos serviços financeiros”. Os prestadores de serviços financeiros devem ser obrigados a assinar uma carta de princípios claros de responsabilidade e de transparência e ter mecanismos para garantir que esses princípios orientem o seu comportamento na prática. As políticas de remuneração precisam ser reavaliadas à luz dessa ambição. A responsabilidade deve incluir uma exigência aos provedores de serviços financeiros de considerar adequadamente as necessidades de todos os agregados familiares, incluindo aqueles com baixos rendimentos, na concepção de produtos financeiros.

2. Garantir que o investimento no sistema bancário do contribuinte seja transformado em uma verdadeira ajuda para as pessoas em dificuldades financeiras, ao acordar ações para forçar os mutuários a oferecer reprogramações do débito de famílias em dívida de longo prazo a taxas razoáveis.

3. Comprometer que serão tomadas novas medidas para parar as reapropriações de casas e garantir que os mutuários hipotecários ofereçam preços acessíveis para pessoas em situação líquida negativa, e / ou empréstimos hipotecários em atraso, e trabalhar para a habitação estabilizar os custos a longo prazo através do aumento da oferta de habitação acessível

Ao apresentar essas propostas, o presidente do Debt on our Doorstep, Damon Gibbons, comentou:

"Os prestadores de serviços financeiros se envolveram em empréstimos irresponsáveis, tornando as hipotecas de casas cada vez mais vulneráveis aos choques econômicos e sobrecarregaram as pessoas com níveis insustentáveis de endividamento. Pedimos ao G20 um sinal decisivo para romper com a ganância e a irresponsabilidade que causaram a atual crise e tomar medidas para assegurar que o investimento no sistema bancário do contribuinte seja agora usado para criar um sistema que beneficie as pessoas".

Apoiando o trabalho da Coalizão Global, Andy Case, Secretário Nacional da UNITE, o maior sindicato do Reino Unido, com 2 milhões de membros, incluindo 178 mil que trabalham no setor financeiro, disse:

"A situação atual constitui uma oportunidade para se reconstruir um sistema financeiro que suporte uma perspectiva de longo prazo e seja coerente com objetivos democráticos, com a estabilidade financeira e a justiça social."

Notas
(1) Debt on our Doorstep é uma coligação de agências britânicas formada em 1999, em campanha para o acesso universal a serviços financeiros justos. Foi criada com o apoio da Church Action on Poverty, Citizens Advice Scotland, Oxfam, e pela National Housing Federation e tem mais de 100 agências locais de apoio, incluindo grupos religiosos, sindicatos de crédito, e agências de aconselhamento de dívidas. Damon Gibeans pode ser contatado no telefone 07961869473.

(2) A Coligação Européia para o Fundo de Crédito foi criada em 2006 para
promover princípios do crédito responsável e justiça financiamento. É apoiada por 50 consumidores e organizações não governamentais, e mais de 100 representantes e associações de indivíduos de círculos acadêmicos, que representam mais de 30 países em todo o mundo. Detalhes disponíveis em www.responsible-credit.net incluindo os Princípios de Crédito Responsável, a Declaração da Coligação sobre a crise e a Declaração assinada pelos participantes da conferência internacional na capital britânica em novembro passado.

(3). A National Community Reinvestment Coalition é uma associação de mais de 600 organizações de base comunitária estadunidenses que promovem o acesso aos serviços bancários básicos, incluindo crédito e poupança, para criar e manter preços acessíveis em habitação, emprego e desenvolvimento vibrantes nas comunidades. A NCRC publicou recentemente propostas para um Programa de Emergência de Empréstimos, que utilizaria fundos federais para a compra securitizada de empréstimos com desconto, para garantir que o encargo para resolver a crise seja compartilhado entre os agentes do mercado.


Tradução: Clarissa Pont

Fonte: Agência Carta Maior

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