por Luis Nassif
Depois da bola fora da “ditabranda”, a Folha recuou no caso da ficha de Dilma Rousseff no DOPS (clique aqui).
Hoje, meia página de semi-mea culpa. Porque semi?
Primeiro, admite que a foto chegou por email. Depois, que a provável fonte é um site do Grupo Inconfidência, de militares e civis defensores do Regime Militar.
Pelo menos desde novembro a ficha está na internet, destacadamente em sites que se opõem à provável candidatura presidencial de Dilma.
Vai atrás do grupo e constata o seguinte:
Seu criador, o tenente-coronel reformado do Exército Carlos Claudio Miguez, afirma que a ficha “está circulando na internet há mais de ano”. Sobre a autenticidade, comentou: “Não posso garantir. Não fomos nós que a botamos na internet”.
Vai até o pesquisador dos arquivos do DOPS, que diz o seguinte:
“Essa ficha não existe no acervo”, diz o coordenador do arquivo, Carlos de Almeida Prado Bacellar. “Nem essa ficha nem nenhuma outra ficha de outra pessoa com esse modelo. Esse modelo de ficha a gente não conhece.”
Finalmente, o mea culpa? Em termos.
O primeiro erro foi afirmar na Primeira Página que a origem da ficha era o “arquivo [do] Dops”. Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada -bem como não pode ser descartada.
Fantástico! Lembra a matéria da Veja sobre as tais contas de autoridades brasileiras no exterior. Dizia não poder garantir que eram verdadeiras, mas também não podiam garantir que eram falsas. E aproveitava para ressaltar que Daniel Dantas tinha mais munição na pistola. O mesmo fuzuê que, anos atrás, o Fernando Rodrigues fez com a massaroca de papéis que recebeu do Egberto Batista, batizado de “dossiê Cayman”.
O que está por trás disso? O receio de um superprocesso. A Folha avalizou uma fraude intencionalmente. Digo intencionalmente porque não houve punição, demissões e outras providências que se tomam contra falhas graves. Pelo contrário, ela trata uma fraude óbvia como se fosse um “erro técnico”:
Ao classificar a origem de cada documento, o jornal cometeu um erro técnico: incluiu a reprodução digital da ficha em papel amarelo em uma pasta de nome “Arquivo de SP”, quando era originária de e-mail enviado à repórter por uma fonte.
Na mesma edição em que promove essa semi-mea culpa, sem chamada de capa, ela insinua - com chamada de capa - doença grave de Dilma Roussef.
Fonte: Luis Nassif Online
::
Nenhum comentário:
Postar um comentário