De O Globo:
Procurador-geral da República rebate críticas de Gilmar Mendes
por Carolina Brígido
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse nesta quarta-feira que o Ministério Público, órgão do qual é chefe, exerce muito bem a atividade de controlar eventuais excessos cometidos por policiais. A afirmação foi em resposta a uma provocação feita ontem pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que chamou de “lítero-poético-recreativo” o controle externo exercido pelo Ministério Público.
- Quem avalia o Ministério Público é a sociedade e ela avalia bem, de modo que ironia, retórica em nada desqualifica o trabalho do Ministério Público - disse o procurador-geral.
Antonio Fernando aproveitou para provocar Gilmar, dizendo que o Judiciário deve cumprir apenas as tarefas que lhe são atribuídas:
- Ao Judiciário deve ficar reservada a questão de julgar com imparcialidade. Se o Judiciário desempenhar bem a sua função, já presta à sociedade um relevante serviço. O Ministério Público se encarrega do controle externo e fará bem isso. São centenas de promotores e procuradores da República fazendo o controle externo. Não será uma vara que vai resolver o problema do controle externo no Brasil.
As declarações foram dadas na entrada do STF, momentos antes da sessão de julgamentos nesta quarta-feira. Logo depois, Gilmar Mendes chegou ao local e deu declarações à imprensa para replicar a posição do procurador. Em poucas palavras, ele lembrou que classificar uma proposta de constitucional ou não é tarefa do STF:
- É o Supremo que decide.
Comentário do Luis Nassif:
Um estrangeiro que esteja acompanhando essa mixórdia vai considerar a democracia brasileira do século 21 mais pitoresca do que um Império tropical no meio da selva, no século 19.
Está certo que o STF sempre foi um poder distante, aparentemente inatingível. Havia a necessidade de humanizá-lo. Mas Gilmar o transformou em uma caricatura, como se fôssemos um bando de macaquitos brincando com princípios seculares da democracia e da independência entre os poderes. “Eu sou o Estado! Eu tenho a força! Não se meta comigo!”.
Quem pariu Mateus que o embale. A mídia terá que continuar assobiando de lado, fingindo que não estava vendo esse vexame continuado, tratando o imperador do bate-boca como se fosse nosso Earl Warren. Afinal, ele é o Imperador da Mídia. Pior para a mídia.
Fonte: Luis Nassif Online
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