quinta-feira, 2 de abril de 2009

Manifestantes celebram em Londres o dia das mentiras dos bancos

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A reunião do G20, em Londres, está sendo marcada por fortes protestos contra o capitalismo, a especulação e a ganância dos bancos. Na quinta-feira, o centro das manifestações formou-se junto ao Banco da Inglaterra, partindo de vários pontos da capital britância. Os manifestantes associaram também o primeiro dia de Abril ao "dia das mentiras dos bancos", denunciando as práticas do sistema financeiro que provocaram a crise econômica mundial.

Uma multidão formada por ambientalistas, sindicalistas, estudantes, ativistas e membros de ONGs marchou, quinta-feira, até o centro financeiro da capital britânica para protestar contra o capitalismo, a especulação e a ganância dos bancos. A manifestação, rodeada de medidas de segurança sem precedentes, antecedeu a reunião do G-20, que iniciou no mesmo dia em Londres.

A manifestação alastrou-se a outras ruas de Londres, mas atingiu basicamente a zona financeira da cidade. As palavras de ordem entoadas pelos manifestantes visaram os banqueiros e os líderes dos países mais ricos, responsabilizados pela crise financeira, econômica e social. O centro da manifestação acabou por formar-se junto ao Banco de Inglaterra, tendo partido de vários pontos da cidade.

Os manifestantes associaram também o primeiro dia de Abril ao "dia das mentiras dos bancos", denunciando a ganância e a especulação que provocaram a crise financeira. A contestação à guerra e a luta contra as alterações climáticas estiveram também no centro do protesto. Um grupo de manifestantes carregou um iceberg gigante para a zona das docas de Londres.

Os manifestantes organizaram várias ações simbólicas, uma das quais representava os quatro cavaleiros do apocalipse: a guerra, as alterações climáticas, os crimes financeiros e os que ficaram sem casa.

A manifestação foi pacífica, com uma presença policial sem precedentes. Os incidentes junto ao edifício do Royal Bank of Scotland foram uma das poucas excepções, com vários manifestantes entrando no banco e provocando desacatos em protesto contra os escândalos financeiros envolvendo esta instituição, que foi salva da falência por fundos públicos.

O que é o G20

O G20 é um fórum econômico criado em 1999, que junta os ministros das finanças e governadores de bancos centrais de 19 países mais a União Européia. A iniciativa da sua criação pertenceu ao G8, o grupo dos 8 países mais ricos do mundo, após as sucessivas crises financeiras dos anos 90.
Em novembro de 2008, pela primeira vez, realizou-se em Washington uma cúpula do G20 juntando os presidentes ou primeiros-ministros do grupo. O encontro de Londres, agora, é a segunda reunião de cúpula do grupo.

As economias do G20, no seu conjunto, representam cerca de 85% da produção mundial, 80% do comércio mundial e dois terços da população mundial.

Do G8 ao G20

Em 1975, os chefes de Estado e de governo dos 6 países mais ricos do planeta (Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Grã-Bretanha, Itália) encontraram-se pela primeira vez numa cúpula para "num ambiente descontraído" falarem dos "assuntos mundiais", como disse Valérie Giscard d'Estaing, então Presidente da República de França, no convite para o encontro. Vivia-se então um tempo de crise econômica em nível mundial e nasceu desta forma, o que no ano seguinte se tornou o G7 (integrando também o Canadá) e em 1998 o G8, com a entrada da Rússia.

Desde 1975, em cada ano os presidentes e chefes de governo dos 7 (e depois 8) países mais ricos do mundo encontram-se numa cúpula anual para continuarem a "tratar dos assuntos mundiais". Desde o início, este grupo dos países mais ricos procurou impulsionar a globalização capitalista, nomeadamente a desregulamentação financeira.

O G8 não criou qualquer administração ou estrutura própria. Em cada ano um dos países preside o grupo e recebe numa cúpula de dois ou três dias os chefes de Estado ou de governo do grupo. A presidência é rotativa, as cimeiras são preparadas previamente por reuniões de ministros do grupo, coordenadas pelo país que preside.

Criação do G20

No final dos anos 90, perante as sucessivas crises financeiras, foram tomadas iniciativas procurando lançar encontros dos países econômica e financeiramente mais importantes do planeta, a um nível mais alargado do que o G8. Primeiro foi constituído um G33, depois um G22 e finalmente o G8, na sua cúpula de junho de 1999, realizada em Colônia na Alemanha, decidiu lançar o G20 que viria a ser formalmente convocado pela reunião dos ministros das finanças do G8. A sua primeira reunião teve lugar em Berlim em 15 e 16 de dezembro de 1999.

O G20 (formalmente designado como "grupo dos 20 ministros das finanças e governadores dos bancos centrais") junta, como o nome indica, os ministros das finanças e governadores dos bancos centrais dos 20 (19 dos mais importantes países do mundo, de um ponto de vista econômico e financeiro, mais a União Européia).

Os países que fazem parte do G20 são: Alemanha, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Européia é representada pelos presidentes do Conselho Europeu e do Banco Central Europeu.

No G20 participam ainda representantes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI): o presidente do Banco Mundial, o diretor geral do FMI, o diretor do Comitê de desenvolvimento do FMI e do Banco Mundial e o diretor do Comitê Monetário e financeiro internacional do FMI.

No G20 também não foi criada uma administração própria, funcionando à semelhança do G8 com uma presidência anual rotativa. Para a coordenação anual, é constituída uma troika composta pelos representantes do país que preside, mais os da presidência anterior e da presidência seguinte.

A representatividade do G20 é largamente contestada. Em primeiro lugar, porque há vastas áreas do planeta que não estão lá representadas, nomeadamente a África. Além disso, há diversos países que não estão incluídos, apesar de estarem entre os 20 economicamente mais importantes, como é o caso da Espanha.

Fotos: Ana Cruz/Esquerda.Net

Fonte:Agência Carta Maior

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