segunda-feira, 13 de abril de 2009

Época: Tem um comunista embaixo da minha cama

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Do Vermelho:

12 DE ABRIL DE 2009 - 17h44
Revista da Globo ''suspeita'' de Haroldo Lima


A revista Época, das Organizações Globo, parece decidida a derrubar sua rival, a Veja, do pódio de campeã das denúncias vazias em prol da oposição conservadora. Sua matéria Um poço de suspeitas, com chamada na capa deste fim de semana, empenha-se em fazer crer que ''a Agência Nacional do Petróleo (ANP) virou um caso de polícia'', cheia de ''escândalos, suspeitas e operações obscuras''. A única novidade é um ligeiro deslocamento na alça de mira do ataque, que se desloca do diretor da ANP Victor Martins, irmão do ministro Franklin Martins, para o diretor-geral da agência, Haroldo Lima.


Por Bernardo Joffily

É de Haroldo Lima o rosto que enche a principal ilustração da matéria, assinada por Isabel Clemente e Andrei meireles: uma foto de página inteira, num plano ultra-fechado e em preto-e-branco. Preto-e-branco! Só ela já vale por uma confissão das más intenções do editor.

Um Power Point contra Victor Martins

A revista não demonstra uma só de suas suspeitas, embora um ''chapéu'' em cima do título prometa que o tema é ''Corrupção''. No caso de Victor Martins, limita-se a repetir aquelas que figuraram em 31 de março na capa do jornal O Globo, do mesmo grupo, e no mesmo dia chegaram ao Jornal Nacional, da... Rede Globo.

A acusação se baseia num suposto relatório do setor de inteligência da Polícia Federal, envolvendo o irmão do ministro da Comunicação Social em hipotético esquema de fraude na distribuição de royalties do petróleo. O superintendente da PF no Rio de Janeiro, Angelo Fernandes Gioia, imediatamente mandou abrir inquérito para apurar de onde saiu o pretenso relatório, um documento apócrifo, em Power Point (programa de computação gráfica). ''Não sei se esse material foi produzido pela PF'', questionou Gioia.

A ''denúncia'' da revista: ''Eles são PCdoB''


No caso do diretor-geral, nem um Power Point apócrifo a Época apresenta. Sua principal ''denúncia'', ilustrada com um organograma em página dupla, é de ''aparelhamento'' da ANP pelo PCdoB, partido de Haroldo, que foi o primeiro deputado a assumir esta legenda, com o fim da ditadura em 1985 (ele se elegera em 1982 pelo PMDB). Eis a ''denúncia''.

''Em torno de Haroldo Lima, ex-deputado e membro do Comitê Central do PCdoB que ocupa o cargo de diretor-geral na ANP – o posto máximo na estrutura da agência –, gravitam nove dirigentes em posições estratégicas de comando, participação tão destacada que determinados observadores fazem justiça ao lendário bom humor do Rio de Janeiro, onde fica a sede da ANP, dizendo que o governo Lula criou a ANP do B. Membro da Comissão Estadual do PCdoB do Maranhão, Allan Kardec Duailibe Barros Filho comanda uma diretoria. Outros três dirigentes do partido são chefes de escritório, em São Paulo, no Distrito Federal e na Região Nordeste. Outros dois são superintendentes. Os demais ocupam lugares em diversas assessorias.''

A ''denúncia'' para aí. A matéria se arrasta por sete páginas integralmente baseada em ''suspeitas'' e ''interrogações''.

Dor-de-corno com o pré-sal

Deve ser um choque para a revista da familia Marinho saber que os mais de 100 mil militantes do PCdoB existem e trabalham, no serviço público e na iniciativa privada, na ANP, nas Organizações Globo e muitos milhares de outros lugares. Mas ela deveria saber que desde o fim da ditadura, uma geração atrás, isto deixou de ser objeto de ''denúncias''.

A maneira como a Época constrói suas ''suspeitas'' fornece uma pista para suas intenções. ''Nos últimos anos, o petróleo do pré-sal e a exportação de etanol eram celebrados como promessas de ganhos fabulosos e imensa prosperidade para o Brasil'', diz a matéria logo na primeira frase. Mas em seguida consola-se: ''Em 2009, em plena recessão global, o pré-sal foi para os arquivos à espera de uma melhor oportunidade e nossas principais matrizes de energia ocupam um universo de escândalos, suspeitas e operações obscuras ocorridas no interior da ANP''.

A Época não está sozinha na tentativa de agourar o pré-sal e arquitetar uma agenda negativa, se possível escandalosa, para o petróleo no Brasil. Tem ao seu lado os congressistas do PSDB-DEM que se afanam na tentativa de criar uma CPI da Petrobras. Mas sua tentativa de ''arquivar'' o pré-sal é tão verdadeira como suas ''suspeitas'' de corupção na ANP.

Meu testemunho, e o de Hélio Fernandes

Um testemunho pessoal sobre Haroldo Lima. Conheci-o há 41 anos, em 1968, na Bahia. A mim, calouro militante secundarista, causou surpresa que ''Zé Antônio'' (o seu ''nome de guerra'' na resistência ao regime militar) apesar de clandestino frequentasse comícios de denúncia da ditadura e até falasse neles.

De lá para cá o desassombro de Haroldo não cessa de me maravilhar. Estou convencido de que as organizações Globo fazem um mau negócio ao assestar contra ele suas bazucas.

Mas sou talvez ''suspeito'', até por ser do PCdoB. Invoco então outra testemunha, sem partido, com 89 anos de idade, 75 de imprensa, uma lenda viva do jornalismo brasileiro: Hélio Fernandes.

Há um ano contado, em um seminário da FGV, Haroldo Lima fez a primeira revelação pública sobre o pré-sal; foi posto na berlinda por essa mesma mídia, acusado de fazer o jogo da especulação com as ações da Petrobras. De sua Tribuna da Imprensa, Hélio Fernandes respondeu com este artigo:

''Haroldo Lima, insuspeito e intocável''

''Surpresa total quando Haroldo Lima, presidente da ANP, (Agência Nacional de Petróleo) num seminário da Fundação Getulio Vargas fez declarações maravilhosas sobre o futuro do petróleo no Brasil. É preciso reproduzir textualmente: 'O Brasil pode ter descoberto o terceiro maior poço de petróleo do mundo'. E continuou: 'Esse campo tem tudo para ser cinco vezes maior do que o megacampo de Tupi'.

Lógico, a notícia logo se espalhou, os profissionais da Bovespa começaram a comprar, não quiseram nem confirmação. Como o mercado é de oferta e procura, o preço das ações da Petrobras subiu logo 8% aqui e 11% em Nova Iorque.

Como também é habitual, para dissipar ou diminuir o estrondo da notícia, começaram a acusar leviana e insensatamente, mas com toda cautela, 'que Haroldo Lima estaria fazendo o jogo da especulação para levantar o preço das ações da Petrobras'. Que aliás nem precisa disso. A Petrobras não precisa e Haroldo Lima não é capaz de especular.

Antes de acusar é necessário conhecer o passado e o presente de Haroldo Lima, e ter certeza do que ele fará agora e sempre. Ferrenho defensor do interesse nacional, não transigiu, não concedeu, não negociou, não pediu pela própria vida ou liberdade. Entrou para a relação dos homens mais torturados durante a ditadura.

Haroldo Lima foi preso na tristemente famosa 'chacina da Lapa', junto com Aldo Arantes e Elza Monerat. (Dois companheiros dele foram mortos, poucos escaparam.) Haroldo foi torturado b-a-r-b-a-r-a-m-e-n-t-e, durante 6 anos seguidos.

E finalmente levado a julgamento pela 'justiça teleguiada e injusta do regime autoritário, condenado a 10 anos de prisão'. Cumpriu 3 anos em regime fechadíssimo, quando veio a anistia de 1979, foi solto.

É a história desse presidente da ANP, que entrou na luta pela defesa do mais legítimo interesse nacional, com 20 anos. Não falei com Haroldo, ninguém me pediu nada, estas são notas jornalísticas e não de agrado ou desagrado de ninguém. Hoje com 69 anos, perto de completar 70 anos, Haroldo Lima continua com o mesmo espírito guerreiro, só que é um guerreiro da liberdade e da defesa do que serve ao Brasil.

É possível que alguns especuladores tenham ganho dinheiro com a informação que ele fez pública e abertamente. Mas esses especuladores ganham de qualquer maneira. Se o fato não se confirmar, vendem e ganham novamente. Haroldo Lima não tem dinheiro ou ligação para jogar na Bovespa, comprar ou vender ações da Petrobras. Se tivesse recursos, compraria cada vez mais Petrobras, acredita mil por cento na empresa.

Provavelmente, quase certo, o objetivo de Haroldo Lima foi denunciar acordos da Petrobras com empresas estrangeiras. Esse megacampo que ele chamou de 'Pão de Açúcar', já não é 'tão nosso'como deveria ser. A Petrobras só tem 45% de um grupo que explora o petróleo desse megacampo. A inglesa BG, tem 30%, a argentina-espanhola, Repsol, os outros 25%. Por que e para quê a Petrobras precisa de recursos para exploração e prospecção?

PS - Estes são fatos, fatos, apenas fatos. A descoberta de campos e mais campos, uma surpresa agradabilíssima. Nos anos 40 e 50, os americanos mandaram para cá um tal 'Mister Link', que usava a mídia para dizer e repetir: 'Não há petróleo no Brasil'. Hoje se sabe que era pura traição dos 'nossos irmãos do Norte'.

PS 2 - Todo o 'petróleo é nosso', ainda, de acordo com a campanha famosa? Talvez com medo de que esteja deixando de ser, Haroldo Lima tenha feito a declaração. Quero ver quem vai desmenti-lo.''

Fonte: Vi o Mundo

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