segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em busca de alternativas

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Ricardo Young comenta estudo que mapeou o tamanho da indústria ambiental na economia brasileira e mostra que apenas 1% do faturamento das empresas é investido em tecnologias sustentáveis.

por Ricardo Young*

Pela primeira vez, em uma década, pode cair a emissão dos gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global e provocam as mudanças climáticas.

A redução das emissões pode chegar a 3% em 2009, como conseqüência da queda da produção industrial e do menor crescimento de países como a China e a Índia.

Esta não chega a ser uma boa notícia porque no rastro da desaceleração econômica vem sempre crise social. No entanto, esta pode ser a oportunidade para, na retomada, os investidores estabelecerem novos paradigmas de produção e consumo, como o uso disseminado de matrizes energéticas menos poluidoras e inclusão social. As alternativas, no entanto, precisam ser inventadas. Para isso, é necessário investir em novas tecnologias, que sejam “sustentáveis”. No mundo, o setor privado aporta cerca de 2% de seu faturamento em tecnologias sustentáveis. No Brasil, este percentual é de 1%, em média. Foi isto o que a consultoria Roland Berger apurou no estudo “Tecnologias Sustentáveis no Brasil”, feito para mapear o tamanho da indústria ambiental no Brasil e avaliar o interesse das companhias no país em investir nessas tecnologias.

De acordo com esta pesquisa, o setor de tecnologias ambientais movimenta quase dezessete bilhões de dólares no Brasil e tem potencial para crescer 7% ao ano até 2020. Este potencial de expansão é maior que o da indústria tradicional e as maiores oportunidades estão nas áreas de saneamento, gestão de recursos hídricos e gestão de resíduos sólidos. Ainda segundo os dados da pesquisa, o Brasil já sai em vantagem neste novo cenário que se desenha porque 40% de sua matriz energética é considerada “limpa”, proveniente de hidreléticas e de biocombustíveis (em menor escala).

Estimular o uso de energia renovável; introduzir melhores práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos e industriais; alcançar padrões internacionais de saneamento e gestão da água: e aumentar a eficiência energética são as principais oportunidades para investimento em tecnologias sustentáveis no Brasil, segundo o relatório da pesquisa.

Como alternativa às grandes hidrelétricas, é possível investir em pequenas centrais hidrelétricas, em energia eólica, solar e biomassa; os resíduos sólidos, cuja destinação é desconhecida (a maior parte) ou aterro sanitário, devem promover todo um novo segmento industrial de reciclagem, reuso e de manufatura reversa. Na eficiência energética, é preciso haver incentivo para prédios verdes, eletrodomésticos, compressores, ar condicionado e servidores com baixo uso de energia, bem como motores elétricos e carrocerias de fibra vegetal na indústria automotiva.

Para as empresas pesquisadas, há ainda uma oferta insuficiente de tecnologias sustentáveis para atender as necessidades nestas quatro áreas estratégicas. Indicam como barreiras ao desenvolvimento das soluções, entre outros, os seguintes fatores: custos das tecnologias, ausência de intercâmbio tecnológico, falta de financiamento e incentivos governamentais.

O estudo conclui que: o Brasil já possui uma indústria de tecnologias sustentáveis e lidera no campo das energias renováveis; existem grandes oportunidades na área de gestão de resíduos sólidos, água e saneamento, bem como em energias renováveis alternativas. No entanto, é preciso ampliar a oferta doméstica de soluções, para baratear os custos, aumentar o intercâmbio com mercados internacionais de tecnologias sustentáveis e ampliar a participação dos governos por meio de investimentos ou de parcerias com o setor privado.

*Ricardo Young, 51 anos, empresário, graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, pós graduado em Administração Geral pela PDG/EXEC. Presidente do Conselho Deliberativo do Yázigi Internexus; fundador e presidente por três mandatos da Associação Brasileira de Franquias (ABF). Presidente do Instituto Ethos e do UniEthos; conselheiro das organizações Global Reporting Initiative (GRI) em Amsterdam, Holanda, Accountability, em Londres (Inglaterra) e Grupo de Zurich (Suiça) . Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), da Presidência da República, até dezembro de 2006.

Fonte: Carta Capital

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