quarta-feira, 8 de abril de 2009

De olho na Amazônia

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Dorothy Stang, em foto de 02-03-2004


por Luciano Martins Costa

Está em todos os jornais de hoje a notícia de que o Tribunal de Justiça do Pará anulou a decisão do júri que, em maio do ano passado, havia inocentado o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura da acusação de ser um dos mandantes do assassinato da missionária católica Dorothy Stang.

A notícia também teve repercussão na imprensa internacional, que segue com atenção os desdobramentos do crime e periodicamente questiona a capacidade das autoridades brasileiras de estabelecer um mínimo de ordem institucional na região amazônica.

A relatora responsável do processo reconheceu que existem provas irrefutáveis de que dois fazendeiros do município de Anapu, Vitalmiro de Moura e Regivaldo Galvão, prometeram R$ 50 mil ao pistoleiro Rayfran das Neves Sales pela morte da missionária.

Dorothy Stang, nascida nos Estados Unidos, foi assassinada aos 75 anos, depois de dedicar boa parte de sua vida à assistência de famílias pobres da Amazônia.

Quando foi morta, em 2005, ela atuava na consolidação de projetos agrários sustentáveis na região de Anapu.

Um fato que a imprensa quase sempre omite é que a missionária foi a idealizadora dos PDS – Projetos de Desenvolvimento Sustentável – que permitem a centenas de famílias garantir seu sustento sem derrubar a floresta – o que contraria os interesses de madeireiras e grandes fazendeiros, e que os conflitos continuam latentes na região.

O julgamento anterior, no qual o fazendeiro Vitalmiro havia sido inocentado pelo júri após uma manobra da defesa, que apresentou um vídeo que não estava nos autos, vinha sendo contestado até mesmo em organismos internacionais.

Em dezembro do ano passado, Dorothy Stang foi homenageada em sessão da Organização das Nações Unidas, quando foi mais uma vez exibido o documentário sobre sua vida e seu assassinato.

O filme circula em eventos internacionais e reforça a tese de algumas organizações segundo as quais o Brasil não é capaz de administrar sua parte no território amazônico.

A nova decisão da Justiça favorece a imagem externa do País mas ainda não significa que as coisas estejam realmente mudando na Amazônia.

Outro filme, “Bye Bye Brasil”, dirigido por Cacá Diegues, já completou trinta anos e continua sendo o melhor retrato daquela região.

Fonte: Observatório da Imprensa

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