terça-feira, 9 de junho de 2009

Seja a mídia!

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A mídia monopolista e o Blog da Petrobras

por Antonio Arles, no Arlesophia

A “mídia grande” está em polvorosa por causa do Blog da Petrobras. Para entender um pouco mais sobre o esperneio da mídia quanto ao Blog, leia o excelente O Biscoito Fino e a Massa do Prof. Idelber Avelar. Já para entender que os argumentos usados pelo Jornal O Globo contra o Blog da Petrobras não passam de mentiras leia o Blog do Prof. Túlio Vianna, jurista e professor da PUC-MG.

A questão que quero tentar entender neste post é outra: Por que tanto esperneio dos grandes conglomerados midiáticos diante de um simples Blog, feito em uma plataforma livre e gratuita?

Tudo bem que o Blog é de uma grande empresa, que a Petrobras é uma das maiores empresas brasileiras e que está sob ataque de grupos político-midiáticos com finalidades meramente políticas através da CPI da Petrobras. Isso só já seria o princípio da resposta. Mas a questão parece ser bem mais profunda.

Na minha modesta opinião, o Blog da Petrobras só é a ponta de um processo muito mais profundo, de uma verdadeira mudança de paradigma. A comunicação direta entre a Empresa sob ataque orquestrado e o público se constitui numa ameaça ao monopólio da informação. Monopólio utilizado com finalidades político-eleitorais e para a manutenção do status quo.

A Internet possibilita uma comunicação mais direta - seja entre uma grande empresa e seu público, seja entre eu e você, “cidadãos comuns” - e de “mão-dupla”, onde você não é mais a parte passiva do processo. Isso desconstrói a estrutura onde se apóia a “mídia tradicional”, pois quebra o monopólio da palavra. Não precisamos mais dos “intermediários” da notícia. Eu, você, qualquer pessoa, pode (e deve!) construir notícias, informações, expressar opiniões. Não precisamos mais da “mídia tradicional”. Somos a Mídia!!!

Isso causa essa gritaria daqueles que exploram um tipo de comunicação de mão-única, uma comunicação monopolizada por grandes conglomerados político-econômicos. Esse monopólio significa poder, já que vivemos em uma sociedade atomizada e mediada pelo “espetáculo” (Apud Debord). A quebra desse monopólio significa a diminuição – mas não a extinção – do poder dos grupos detentores dele. E, aqui no Brasil, os oligopólios midiáticos que temos hoje foram construídos na Ditadura Civil-militar, num processo de transferência do espaço público para a mídia, notadamente a televisiva (Apud Eugênio Bucci). Os grupos que foram beneficiados/partícipes deste processo de concentração da informação em poucas mãos conservam os mesmos princípios do Estado Autoritário do qual foram gerados/geradores.

Os processos que tentam limitar a liberdade da Rede têm como finalidade, também, a manutenção desse monopólio. Tentam travar um processo de inserção livre de pessoas (físicas e jurídicas) na Rede , um “ambiente” onde podem ser, ao mesmo tempo, produtoras/consumidoras de informações e que, por isso, não precisam mais depender dos oligopólios para formar sua opinião.

A extinção dos intermediários tende à aumentar e o processo de comunicação direta se aprofundará se a Internet continuar livre como hoje. Com o avanço das tecnologias - que melhorará e barateará o acesso, entre outras coisas - mais e mais pessoas poderão ser produtoras de informação/opinião, se inserindo no debate público. Por esse motivo, os partidários da manutenção do status quo estão tão empenhados na tentativa de conter este processo de construção coletiva – e não mais monopolista – da informação/opinião.

Enfim, a gritaria da “mídia grande” contra o Blog da Petrobras pode ser explicada pela tentativa de manutenção do poder nas mãos de poucos. É um perigo para eles que mais pessoas sigam o exemplo da Petrobras e criem seus próprios canais de informação/opinião – utilizando ferramentas gratuitas, fáceis e livres como o WordPress ou outras tantas que podemos encontrar livremente na Rede – acabando com o monopólio. Portanto, não seja mais apenas um consumidor de mídia. Seja a Mídia!!!

Fonte: Blog Arlesophia

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