texto extraído do excelente blog "APOCALIPSE MOTORIZADO - Articulações e reflexões para superar a sociedade do automóvel".
De segunda a sexta-feira, em dois horários do dia, a cena se repete em São Paulo: carros e mais carros se arrastando em uma grande fila estimada em 200 km por turno.
“Hora do rush”, ironicamente a “hora da pressa” em português, a “coincidência organizada” de muitas pressas e de muitos veículos velozes e gastadores de espaço urbano. Com maior intensidade no começo e no final do dia, as zonas de tensão e congestionamento já avançam por outros horários e espaços, atravessando os rios e invadindo tardes, noites e finais de semana.
Uma vez por mês, algumas ruas da Cidade Imóvel se transformam em espaços fluidos e seguros para a locomoção humana, curto período de tempo de uma Massa Crítica, quando centenas de pessoas em bicicletas fazem uma cidade impossível ser real.
A bicicletada de Março teve uma concentração mais do que lúdica e para lá de educativa, o tradicional pedal ao centro e uma parada artística para contestar a investida da CET contra um ciclista.
Aquele também foi o primeiro dia de interdição parcial em um dos sentidos da avenida Paulista no trecho em frente a Praça do Ciclista. Espaço que se abre temporariamente às pessoas durante os próximos nove meses por conta de uma obra do metrô.
alegrar
informar
recepcionar
adoçar e educar
pedalar
Venceu no último dia 25 de Março um boleto municipal enviado pela CET para a casa do paulistano André Pasqualini. Ele foi multado porque teria sido o organizador da primeira Pedalada Pelada de São Paulo, que aconteceu no ano passado e terminou com sua prisão - o único entre dezenas de pelad@s.
André devolveu o boleto e contestou a cobrança. Na carta de resposta e no texto publicado em seu site ele explica que não existe organizador nem promotor da Pedalada Pelada, que também não é um evento, lembrando ainda alguns dos princípios que garantem direitos de organização, manifestação e de circulação nas vias.
Na passagem da Bicicletada de março pela porta da CET, alguns participantes do World Naked Bike Ride deixaram suas peças íntimas e uma bicicleta branca em solidariedade ao colega e repúdio à multa, lembrando que o veículo mais rápido na hora do rush, além de ser uma parte do trânsito que merce respeito, é uma parte das soluções para transformar a cidade.
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