quarta-feira, 8 de abril de 2009

G-20 - FOTOS E RAPAPÉS

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por Eliakim Araújo

Em nada parecido com Bretton Woods, que reuniu 730 delegados de 44 nações aliadas, em julho de 1944, e durou três semanas, o encontro dos chefes de estado do G-20 não levou mais que um dia para tirar uma resolução que aparentemente já estava no bolso do colete das principais potências do planeta. O resto foi figuração, com muitas fotos e rapapés patrocinados pela realeza britânica e pela residência oficial de Downing Street # 10.

O esperado embate entre as teorias anglo-americana, de enfiar mais dinheiro público no mercado financeiro, e franco-alemã, de priorizar a regulação do mercado , não aconteceu. Ao contrário, o que se viu foi uma grande confraternização. Saíram todos eufóricos, considerando a reunião um tremendo êxito. Tá certo, eles têm que jogar pra torcida. E nada melhor do que espalhar um clima de otimismo.

Basicamente, ficou decidido que os paises do G-20 vão injetar um caminhão de dinheiro no FMI e no Banco Mundial, algo em torno de 1.1 trilhão de dólares, e criar um super organismo internacional para regular e fiscalizar os mercados financeiros do mundo, além de decretar o fim das contas secretas e dos paraísos fiscais.

Otimismo à parte, as dúvidas persistem e só com o tempo se saberá se as medidas agora adotadas serão suficientes para resgatar a confiança, que é o elemento essencial para o funcionamento dos mercados financeiros. Também não se sabe se foi certa a decisão de fortalecer o Banco Mundial e o FMI, entidades criadas em Bretton Woods que sempre ditaram as regras da economia mundial, sobretudo quando se tratava de dar ordens aos países que dependiam de seu socorro financeiro.

Outra coisa. Os destinos do mundo sempre foram decididos pelo chamado grupo dos 7, formado por EUA, Grã-Bretanha, França, Itália, Alemanha, Japão e Canadá, as mais ricas economias do mundo. Agora que o bicho pegou, eles chamaram mais 13 para dividir os prejuízos. E, pelo que consta, o Brasil vai morrer em 10 bi para limpar o esterco provocado pelos "brancos de olhos azuis". Aliás, por falar nisso, é bom lembrar que o próprio Obama admitiu publicamente a responsabilidade de seu país pela crise no sistema financeiro que acabou se espalhando pelo mundo.

O grande vitorioso desse convescote foi o presidente Barack Obama. Do ponto de vista político, a estréia dele no circuito internacional pode ser considerada um sucesso. Ele negociou separadamente com líderes de países que têm sido uma pedrinha no sapato dos EUA, como China e Russia. Com a Coréia do Sul discutiu uma estratégia para fazer frente à "ameaça" norte-coreana. Em Estrasburgo, fronteira da França com a Alemanha, na reunião de cúpula da OTAN, ele pregou a reestruturação do organismo para torná-lo mais ágil e capaz de prevenir conflitos no futuro.

Inegavelmente, o jeito simpático e conciliador de Barack Obama está apagando a imagem ranzinza, arrogante e estúpida de Bush, o que deve ser muito bom para o futuro das relações internacionais do país, mesmo com os adversários. A tendência é a redução dos níveis do sentimento anti-americanista em todo mundo.

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O ADEUS A UM ESTADISTA.


A morte de Raul Alfonsin emocionou toda Argentina. Um consenso nacional em torno de um ícone da democracia podia ser visto nas imensas filas de populares - carregando fotos e bandeiras - em frente ao senado argentino, onde foi velado o corpo do ex-presidente. Poucos líderes na história recente do país conseguiram tal unanimidade.

Alfonsin entra para a história da Argentina como o homem que conduziu o país de volta à democracia e levou às barras dos tribunais os militares responsáveis pela cruel e sanguinária, que deixou 30 mil mortos ou desaparecidos, no período de 1976 a 1983.



Fonte: Direto da Redação

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