quinta-feira, 9 de abril de 2009

Advogado descreve atuação de Corrêa, diretor geral da PF, em tortura. PiG (*) se cala

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Dr Correa, como foi a tortura ?

Dr Correa, como foi a tortura ?


por Paulo Henrique Amorim

A denúncia de tortura praticada pelo atual diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa, contra uma empregada doméstica – notícia publicada na Carta Capital e reproduzida aqui no Conversa Afiada – foi completamente ignorada pelo restante da imprensa. Contudo, os jornais O Globo e Folha de S. Paulo receberam informações detalhadas, repassadas por Volnei Oliveira, advogado da doméstica Ivone Cruz, atualmente aposentada e cega, em conseqüência da agressão que sofreu.

Em entrevista por telefone ao Conversa Afiada, o advogado conta que repassou cópia de todos os documentos sobre o caso a um repórter da sucursal do Globo, em Brasília, e para um jornalista da Folha, que identificou como Graciliano. “Não publicaram nada”, disse Volnei.

O advogado prepara uma ação indenizatória de Ivone Cruz contra a União. Em 2001, ela testemunhou um assalto na casa da avó da mulher do delegado Luiz Fernando Corrêa – na época, responsável pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, em Porto Alegre. Na mesma madrugada, Corrêa resolveu, por conta própria, investigar o caso, que é da jurisdição da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

O delegado interrogou várias pessoas, pontua o advogado Volnei. Ivone Cruz, que já havia sido interrogada pela Polícia Civil, na condição de testemunha, foi novamente chamada por homens de Corrêa. Dois agentes a levaram para um local onde ela foi torturada com socos na cabeça, nas costas e choques elétricos. Consta nos autos que o interrogatório foi presidido pelo delegado Luiz Fernando Corrêa.

Após seis horas agressões, Ivone foi deixada sozinha, machucada, em um ponto de ônibus. Voltou para casa e percebeu que sua visão havia sido prejudicada. “Ela tinha glaucoma e, por causa da tortura, ela ficou horas sem ser medicada”, frisa o advogado Volnei Oliveira. A doença evoluiu e Ivone ficou cega. Não conseguiu mais emprego e depende atualmente dos filhos para sobreviver.

Ivone denunciou o caso à polícia gaúcha. O processo tramitou lentamente e acabou arquivado por um motivo absurdo: ela não conseguiu identificar quem a torturou. Não conseguiu porque já estava completamente cega no momento em que a chamaram para o reconhecimento.

Depois que esse caso foi publicado em Carta Capital, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) tomou a iniciativa de pedir que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados convide Luiz Fernando Corrêa a prestar esclarecimentos. Os deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul estão analisando a possibilidade de fazer o mesmo. E o Conversa Afiada enviou pergunta ao secretário especial de Direitos Humanos da Presidência da República, ministro Paulo Vannuchi, se Ivone também tem direitos humanos. Até o momento, não houve resposta.

Ouça a íntegra da entrevista com o advogado Volnei Oliveira:

Parte 1

Parte 2

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Fonte: Conversa Afiada

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