sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Piores do que os gringos que nos compram são os brasileiros que nos vendem"

::


"Piores do que os gringos que nos compram são os brasileiros que nos vendem"


Presidente da AEPET, em defesa do Pré-Sal, enfrenta dezenas de lobistas

Escrito por José Carlos Moutinho, no Correio da Cidadania



O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Leite Siqueira, enfrentou dezenas de lobistas (assumidos e envergonhados) defensores da manutenção do regime de concessão e dos leilões das áreas petrolíferas nacionais no dia 28 de setembro, na Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj). A batalha desigual, superada pelo patriotismo e energia inesgotáveis de Fernando Siqueira em prol do retorno da soberania pela União Federal no setor petróleo e na defesa da Petrobrás e de seu corpo técnico, foi pela programação do "Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro – Fórum Jornalista Roberto Marinho", que foi transmitido ao vivo pela TV Alerj, canal 12 da NET, e também pela parabólica. O evento, que foi dirigido pelo presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), teve como tema: "O Pré-Sal - Impactos do Novo Marco Regulatório no Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro".

No decorrer dos debates, o deputado estadual Paulo Ramos (PDT), um parlamentar historicamente identificado com a defesa dos interesses estratégicos nacionais, reconheceu que Fernando Siqueira lutava numa "arena" desfavorável e destacou que aquele evento foi um uma tentativa de "massacre", pois o presidente da AEPET, na defesa do Pré-Sal em favor do Brasil e dos brasileiros, enfrentou todo "o resto do mundo".

Paulo Ramos lembrou que "a Petrobrás financia um instituto (IBP – Instituto Brasileiro do Petróleo) para assumir posições contrárias aos interesses da Petrobrás e do Brasil. Deveria, talvez, se chamar ‘Instituto Atlântico’ – notoriamente entreguista. Seria muito mais apropriado, ou fazer uma fusão, porque aí não teríamos qualquer dúvida a respeito".

Constituinte, signatário da Constituição Cidadã de 1988 e integrante da Frente Parlamentar Nacionalista, Paulo Ramos questionou a composição daquele Fórum, por não ter nenhuma representação dos trabalhadores, a começar pelo nome ("Fórum Roberto Marinho"). E asseverou: "Estamos diante de um massacre, porque ficou nosso Fernando Siqueira, digamos assim, contra o resto do mundo".

O parlamentar pedetista destacou que a descoberta do Pré-Sal é um desafio, pois coloca em debate a defesa da soberania do Brasil, da capacidade do país de se autodeterminar e que a rica área descoberta é uma ferramenta eficaz para isto. "Afinal de contas, o petróleo ainda é a principal fonte de energia. Daqui até que a energia eólica e a energia solar o substituam são muitos anos, muitos anos". Nesse sentido, o deputado foi enfático ao dizer que o Pré-Sal deve ser controlado pelo povo brasileiro. "Temos a nossa Petrobrás, que tem esse dever, o dever de ser um instrumento do povo brasileiro para controlar esse manancial, para afirmar nossa soberania e nos colocar numa posição mais favorável no concerto das nações, no comércio internacional".

[...]

O deputado Paulo Ramos destacou, também, naquele encontro que o ideal para o país seria o governo federal, com a sustentação da sociedade, restabelecer o monopólio estatal do petróleo. "Ah, mas é claro, isso é uma insanidade". E o deputado completa: "Meu querido amigo, diletíssimo amigo, senador Francisco Dornelles, falou em atraso: ‘São atrasados, são dinossauros’. Atrasada é a situação do nosso povo, atrasada é a nossa falta de soberania, atrasada é a nossa submissão, atrasados são aqueles que insistem num modelo que, seguramente, não apresenta futuro".

"Claro que todos nós somos unânimes na defesa do Rio de Janeiro, claro que somos unânimes na divisão dos recursos, no impacto nas regiões produtoras, claro, mas o ideal seria que o governador do estado, paralelamente, ao mesmo tempo em que defende o Rio de Janeiro, também defendesse o Brasil. É possível defender simultaneamente o nosso país e o nosso estado", destacou o deputado pedetista.

Assim, o parlamentar lamentou que as representações empresariais do Rio de Janeiro, numa alusão também ao SEBRAE, representado naquele ato por Rodolfo Tavares, "tenham perdido a perspectiva de um projeto nacional. Piores do que os gringos que nos compram são os brasileiros que nos vendem".

Para saber mais sobre o debate, leia no Correio da Cidadania

::

Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: