Luiz Carlos Azenha, Jornalista
Uma breve pausa para celebrar. Breve
por Luiz Carlos Azenha
As últimas semanas tem sido absolutamente desgastantes para mim. Estou gasto. Física e mentalmente. Mas não espiritualmente, que na verdade é o mais importante.
Participei de vários eventos preparatórios da Conferência Nacional de Comunicação. Estou gravando uma série especial para o Jornal da Record. E editando os programas da série Nova África, produzida pela Baboon Filmes, da qual também sou contratado. Isso e mais a responsabilidade de cuidar desse blog, que só me dá prazer embora eu não possa dedicar a ele tanto tempo quanto deveria.
Ontem, em Brasília, fiz uma breve pausa para fazer um balanço das últimas semanas. Participei de um evento de uma universidade local, organizado pelo Leandro Fortes, num salão para umas quinhentas pessoas -- que estava cheio. Eu disse aos participantes que estava absolutamente surpreso com o interesse das pessoas em discutir a mídia. Um assunto que, há alguns anos, atrairia quando muito meia dúzia de acadêmicos e jornalistas.
Sobre a Confecom, acrescentei: não vai haver nenhum milagre. Trata-se de um processo. Um processo de educação das pessoas. A tarefa de engajá-las em defesa da democratização das verbas publicitárias públicas, do fortalecimento das rádios e TVs comunitárias, do campo público da comunicação, de regras transparentes para a concessão e a renovação de concessões de emissoras de rádio e TV, de uma rede nacional gratuita para acesso à banda larga.
E o meu balanço, já tendo participado de outras campanhas de mobilização, é muito positivo. Gente de todas as áreas parece genuinamente interessada em fazer com que a mídia deixe de refletir apenas os interesses de uma pequena parcela da população brasileira. As pessoas parecem se dar conta de que o PIG, na sigla popularizada pelo Paulo Henrique Amorim, faz mal ao fígado e à cabeça. E de que, conforme diz sempre o Eduardo Guimarães, queremos mais mídia, não menos.
Os meninos e meninas presentes queriam saber muito sobre as novas tecnologias e pareciam apreensivos quanto a seu futuro profissional no Jornalismo. Falei um pouco da absoluta necessidade de os jornalistas resistirem sempre, na medida de suas possibilidades, aos chefes e às empresas em que trabalham quando se trata de manipulação e distorção de notícias.
Disse que todos nós, hoje, somos produtores de conteúdo, graças às novas tecnologias: as fotos e imagens feitas e transmitidas por celulares, as pequenas câmeras digitais, os programas de edição, os comentaristas de alta qualidade dos blogs (o exemplo citado por uma pessoa da plateia foi o Stanley Burburinho, mas eu mostrei os brilhantes comentários feitos por vocês).
O pessoal do blog da Petrobras estava na plateia. Vários leitores deste blog estavam na plateia. Professores, policiais federais, funcionários públicos estavam na plateia. Documentaristas gravavam um especial sobre a blogosfera. Quando a noite acabou eu estava exausto (depois de um dia de gravações e viagem), mas satisfeito. Senti que a briga que um pequeno mas crescente número de jornalistas comprou em defesa da profissão está surtindo efeito. Devagar, com certeza. Com uma capacidade de articulação ainda reduzida diante do conjunto da sociedade brasileira. Mas é uma briga boa. Amanhã tem mais.
PS: Meu agradecimento à Conceição Lemes e aos comentaristas, sem os quais o Viomundo já teria fenecido.Fonte: Vi o Mundo
::
Nenhum comentário:
Postar um comentário