sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A internet e o jogo político

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A internet e o jogo político

por Luis Nassif


Nos próximos anos, haverá alterações profundas no quadro partidário nacional, dos estados e municípios. Haverá um realinhamento dos partidos, redefinição de alianças, definição de novos princípios, novas bandeiras.

Recentemente, no meu Blog, houve uma discussão rica sobre o novo desenho da esquerda. Cada vez mais, a esquerda petista se aproxima do centro. Com isso, o PSDB é deslocado para posições que poderiam ser classificadas como de centro-direita ou direita.

Mas quais são as posições clássicas de esquerda ou direita?

Na verdade, as mudanças que vêm ocorrendo nas comunicações mudará completamente a forma de montagem das plataformas políticas dos partidos.

No modelo de democracia tradicional, as plataformas políticas eram montadas através de sistemas de diretório mas, fundamentalmente, através da imprensa. Historicamente, a imprensa sempre foi porta-voz de grupos políticos. Esse modelo vai se alterando no século 20 até que ela passasse a tentar representar os chamados interesses difusos dos leitores.

A democracia tradicional sempre foi feita com boa dose de hipocrisia. Partidos se organizam visando o poder. Aliam-se a grupos econômicos, a parcelas da tecnocracia, a grupos intelectuais. Mas, para conseguir o poder nas eleições, precisam desenvolver um discurso no qual se apresente como representante dos interesses majoritários do País.

Todo esse jogo era possível devido à centralização da comunicação. Em determinada região podiam ser organizados grupos de interesse. Só que ficavam isolados no seus guetos, sem condições de se organizar com grupos similares de outras regiões. Poucos desses grupos conseguiam levar suas demandas à direção dos partidos.

Com isso, o modelo tradicional de partidos era uma organização com uma imensa cabeça – uma executiva superdimensionada -, comandando um corpo mirrado, um partido com militantes pouco empenhados e fechando pactos de interesse, fisiológicos.

Com a Internet, as redes sociais, os Blogs, a discussão pública ganha outra dimensão. Há um campo muito maior para a montagem de pactos, alianças, para se ter uma idéia multifacetada de grupos sociais, de demandas municipais, regionais, setoriais.

Então, os partidos do futuro, os futuros grandes partidos não poderão mais governar os militantes a partir de uma sede em Brasília, Rio ou São Paulo. As assembléias não serão restritas a reuniões presenciais, mas ocorrerão em ambientes da Internet.

Além disso, a enorme facilidade de grupos interagirem, trocarem informações, se tornarem conhecidos, fará com que as alianças políticas sejam muito mais instáveis. Hoje em dia existem discussões polarizadas sobre os mais diversos temas, meio ambiente, célula tronco, controle de natalidade, desenvolvimento, inflação, câmbio, eutanásia.

Nenhum partido, isoladamente, poderá ter a pretensão de representar seus seguidores em todos os pontos. Por isso mesmo, o jogo político exigirá cada vez mais grandes negociadores, pactos em torno de cada ponto. Acabou a era dos condutores de povos.

Fonte: Luis Nassif Online

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