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do Blog Fel com Limão
Não paro de pensar nessa “Nova Marginal”, cujas obras vão, agora, obrigar as pessoas que andam de ônibus a fazerem baldeação, transpondo a pé as pontes interditadas para embarcarem em outro ônibus. É impressionante como os atuais governantes mudam de opinião tão radicalmente sobre assuntos que antes eram questão fechada.
Quando o “Nefasto” foi prefeito, tudo o que tucanos, petistas e pessoas de bom-senso (veja, são três categorias diferentes, mas há intersecção entre elas. Pequena, mas há…) era que o modelo “automobilista” de SP era um fracasso, jogavam pedra no Prestes Maia e seus projetos (09/07, 23/05, etc.), que causaram desordem no adensamento urbano e dificultaram projetos de transporte coletivo. Faziam oposição FERRENHA às “friueis”, túneis e viadutos malufistas. E isso nem faz muito tempo. Lembra da Soninha no último debate, desancando a “friuei do Maluf”? Engraçado, agora ela é subprefeita do Bonecão…
Fluxo de tráfego é comparável a fluxo de água encanada, com uma diferença: a FONTE do fluxo de água é controlada e centralizada (nível dos reservatórios, bombeamento, direcionamento, válvulas, etc.). A dos carros, é descentralizada e descontrolada, isto é, aumenta de acordo com a vontade de cada um ter um carro e dirigi-lo para onde bem entender. Se a SABESP não controlar o fluxo de água para a distribuição, o líquido (que não tem vontade própria) explode a adutora, certo? Os motoristas não explodem a rua porque não são moléculas burras e ficam parados, esperando a sua vez.
Tá, mas onde eu quero chegar com tanta obviedade? Nisto aqui: se você aumentar a capacidade da adutora da rua (diâmetro), não vai sair mais água pela sua torneira, porque o cano de saída é fino. Só vai gerar mais pressão no sistema, quando ele está cheio. E, se não houver água no reservatório, a torneira ficará seca. Sei, continua óbvio. Tenha paciência, por favor.
Quando você aumenta a bitola da “nova marginal”, os carros vão ter de sair para algum lugar, não? E eles vão para onde? Para as “torneiras de carros”: as ruas, avenidas e rodovias que começam na via expressa. E para essas não há obra possível que as “alargue” mais, senão vamos ter de ir derrubando nossas casas, escritórios e lojas para os carros passarem.
“Sim, mas fazendo a obra, desafoga (pelo menos por um tempo)”. Discutível. Senão, vejamos: cada obra viária para automóveis em SP tem vida útil cada vez menor, por um motivo bem simples e “hidráulico”: a “pressão” aumenta muito rápido! são 1000 carros novos na cidade, POR DIA (útil? deve ser.). Isto significa que são QUATRO QUILÔMETROS de carros na rua POR DIA! Numa conta de padaria, podemos dizer que, quando ficar pronta (em outubro de 2010 – 200 dias úteis), teremos 800 km. de carros NOVOS “rodando” em SP (200.000 carros x 4m/carro); Se são 46 km. de pistas, vezes 6 (faixas), temos espaço disponível de 276 km., (ou 69.000 carros). CQD, vão ficar faltando exatamente 524 km. de pistas, para abrigar os demais 131.000 veículos novos, emplacados somente DURANTE A EXECUÇÃO DA OBRA!!!
E só um detalhe: lembre-se que o sistema viário está à beira do colapso em SP, certo? Então, temos já um conjunto de ruas lotado de carros, onde uma rua a mais, outra a menos, NÃO VAI FAZER DIFERENÇA, porque a montanha de novos veículos que entram em circulação vai entupir tudo mais ainda.
A solução é “regular a válvula do reservatório”, restringir drasticamente a circulação de automóveis na cidade. Só isso resolve.
É tão óbvio isso tudo que eu tive até vergonha de escrever. É tão óbvio que eu até desconfio estar errado, pois o Careca, o Bonecão e o Vampiro não viram. E eles são tão inteligentes…
Fonte: Blog Fel com Limão
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