quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Brasil bipolar

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Brasil bipolar

por Luiz Carlos Azenha


José Serra é o candidato da "competência". O projeto marqueteiro dele pretende fatiar o público feito salame e oferecer a cada grupo de eleitores algumas razões para não votar em Dilma e votar em Serra.

Há o voto ideológico. Nesse caso a questão é razoavelmente simples. Dilma é a terrorista, a mentirosa que não é capaz de assumir nem mesmo um encontro com uma subordinada.

Mas, obviamente, isso não basta. É onde entra José Serra, o gerente competente. O tocador de obras (herdando o voto dos malufistas). O político de pulso firme (reprime os grevistas na USP). O governador que em nome de uma boa causa não se exime de responsabilidade e nem tem medo de desagradar alguns (os fumantes).

E, importante também, é dizer o que Serra "não é". Não é incompetente para lidar com a saúde (gripe suína), não é incompetente para lidar com a Educação (ENEM), não é incompetente para lidar com a segurança (novas normas nas delegacias vão reduzir os boletins de ocorrência e, portanto, a criminalidade).

Nisso tudo José Serra conta com o apoio aberto ou velado de grande parte da mídia corporativa brasileira, que ora suprime informações desfavoráveis ao tucano, ora bomba a incompetência do governo Lula e ora simplesmente inventa fatos, boatos e versões.

O grande problema de Serra, nesse momento, não é nada desprezível: a economia.

O IPEA prevê crescimento de 1,2% em 2009, bem acima do que se imaginava anteriormente. O tráfego doméstico de passageiros aéreos teve aumento de quase 30% em setembro em relação ao mês anterior. O dólar em queda garante as viagens da classe média. Cálculos conservadores falam em crescimento de 5% em 2010. As notícias favoráveis ao Brasil na mídia internacional acabam repercutidas aqui dentro.

Ou seja, é provável que a gente vá viver cada vez mais em um país bipolar. Acordaremos atolados na lama da incompetência e da corrupção, à espera de um engenheiro racional e preparado para nos salvar da terrorista. E dormiremos considerando se não é o caso de dar, ainda que indiretamente, um terceiro mandato ao presidente Lula.

PS: A versão marqueteira de Serra dirá que ele sonhava com o Bolsa Família desde os tempos da Mooca.

Fonte: Vi o Mundo

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