terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tecnologia - Brincadeira tem hora

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Quem decreta o fim do e-mail por achar 'divertido' falar por redes sociais esquece que há vida além do Twitter.


Brincadeira tem hora

por Felipe Marra Mendonça


Um artigo da repórter Jessica Vascellaro no Wall Street Journal de segunda-feira 12 (http://online.wsj.com/article/SB20001424052970203803904574431151489408372.html) suscitou uma discussão interessante e salutar em vários sites e blogs pela internet. O argumento central da jornalista fica explícito no começo do texto, “o e-mail teve um longo período como o rei das comunicações. Mas o reinado acabou”. Vascellaro argumentou que seu lugar tem sido tomado por serviços como o Twitter e o Facebook, que segundo ela estão sempre ligados e, portanto, “criam novas maneiras de se comunicar que são muito mais rápidas que o -e-mail e muito mais divertidas”.

O primeiro ponto a ser feito aqui é que Vascellaro não teria sequer conseguido acesso às tão divertidas redes sociais se não tivesse uma conta de e-mail. Um endereço, mesmo que descartável, é condição para conseguir acesso a esses serviços. Isso, argumentaria a conectada repórter, é só uma questão burocrática. “Para que esperar por uma resposta a um -e-mail se é possível ter uma imediatamente com os serviços de mensagens instantâneas? Graças ao Facebook, algumas perguntas podem ser respondidas sem nem mesmo terem sido feitas. Não é preciso perguntar para uma amiga se ela saiu do trabalho caso ela tenha atualizado seu status no site e revelado isso para o mundo.”

Vascellaro se esquece que ainda existem pessoas que preferem não compartilhar com repórteres do Wall Street Journal ou os demais milhares de usuários de redes sociais o que elas estão fazendo, aonde estão ou o que acabaram de comer ou até mesmo regurgitar. São pessoas que talvez prefiram responder a perguntas pertinentes, na hora que julgar mais conveniente e escrever algo razoavelmente coerente.

Ou seja, preferem o ato da comunicação, não da reação espasmódica característica às redes sociais. É esse tempo para pensar que ainda faz parte do atrativo das trocas de e-mail. Pode não ser um meio perfeito, mas é a evolução do ato de colocar a caneta no papel. Além disso, não é possível anexar arquivos às mensagens do Twitter ou ter a segurança de que importantes arquivos corporativos serão escondidos de olhos alheios no Orkut. Não existe quem consiga “tuitar” uma carta formal em 140 caracteres. E a permanência das mensagens de e-mail, é muito importante em certas situações.

A conclusão fundamental é que toda tecnologia existe porque seus usuários a adotaram e a utilizam cotidianamente. Ainda existem pessoas que utilizam o fax, assim como usuários que preferem o Facebook sobre todas as outras formas de comunicação. Entre as duas pontas, o reinado do -e-mail definitivamente ainda não acabou.

Fonte: Carta Capital

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