Brincadeira tem hora
por Felipe Marra Mendonça
Um artigo da repórter Jessica Vascellaro no Wall Street Journal de segunda-feira 12 (http://online.wsj.com/article/SB20001424052970203803904574431151489408372.html) suscitou uma discussão interessante e salutar em vários sites e blogs pela internet. O argumento central da jornalista fica explícito no começo do texto, “o e-mail teve um longo período como o rei das comunicações. Mas o reinado acabou”. Vascellaro argumentou que seu lugar tem sido tomado por serviços como o Twitter e o Facebook, que segundo ela estão sempre ligados e, portanto, “criam novas maneiras de se comunicar que são muito mais rápidas que o -e-mail e muito mais divertidas”.
O primeiro ponto a ser feito aqui é que Vascellaro não teria sequer conseguido acesso às tão divertidas redes sociais se não tivesse uma conta de e-mail. Um endereço, mesmo que descartável, é condição para conseguir acesso a esses serviços. Isso, argumentaria a conectada repórter, é só uma questão burocrática. “Para que esperar por uma resposta a um -e-mail se é possível ter uma imediatamente com os serviços de mensagens instantâneas? Graças ao Facebook, algumas perguntas podem ser respondidas sem nem mesmo terem sido feitas. Não é preciso perguntar para uma amiga se ela saiu do trabalho caso ela tenha atualizado seu status no site e revelado isso para o mundo.”
Vascellaro se esquece que ainda existem pessoas que preferem não compartilhar com repórteres do Wall Street Journal ou os demais milhares de usuários de redes sociais o que elas estão fazendo, aonde estão ou o que acabaram de comer ou até mesmo regurgitar. São pessoas que talvez prefiram responder a perguntas pertinentes, na hora que julgar mais conveniente e escrever algo razoavelmente coerente.
Ou seja, preferem o ato da comunicação, não da reação espasmódica característica às redes sociais. É esse tempo para pensar que ainda faz parte do atrativo das trocas de e-mail. Pode não ser um meio perfeito, mas é a evolução do ato de colocar a caneta no papel. Além disso, não é possível anexar arquivos às mensagens do Twitter ou ter a segurança de que importantes arquivos corporativos serão escondidos de olhos alheios no Orkut. Não existe quem consiga “tuitar” uma carta formal em 140 caracteres. E a permanência das mensagens de e-mail, é muito importante em certas situações.
A conclusão fundamental é que toda tecnologia existe porque seus usuários a adotaram e a utilizam cotidianamente. Ainda existem pessoas que utilizam o fax, assim como usuários que preferem o Facebook sobre todas as outras formas de comunicação. Entre as duas pontas, o reinado do -e-mail definitivamente ainda não acabou.
Fonte: Carta Capital
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