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do IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Com o tempo se esgotando e profundas diferenças ainda insolúveis, são poucas as chances de a reunião em Copenhague, em dezembro, alcançar um acordo global e significativo sobre as mudanças climáticas.
A reportagem é de John Broder e publicada pelo jornal New York Times e traduzido pelo jornal O Globo, 21-10-2009,
Os Estados Unidos e alguns outros países de grandes emissões já concluíram que é mais útil adotar medidas graduais, mas significativas, do que se apressar para assinar um tratado que será muito fraco para resolver o problema do aquecimento global ou muito oneroso para ser posto em prática. Por isso, os participantes do encontro de Copenhague devem anunciar uma série de medidas interinas e dar prosseguimento à discussão no próximo ano.
— Não há tempo suficiente para fazer tudo — afirmou, na semana passada, Yvo De Boer, o diplomata holandês que chefia as negociações sobre clima nas Nações Unidas.
— Mas eu espero que a reunião vá além de uma mera declaração de princípios. O que eu gostaria de ver seriam os trabalhos de base concluídos para a ratificação de um acordo no ano que vem.
Sobram intenções, falta compromisso
Os negociadores já aceitam como inevitável que os representantes das 192 nações não conseguirão resolver as questões pendentes até o início da conferência, em dezembro.
O abismo que separa os países ricos dos pobres, e mesmo aquele que se interpõe entre as nações desenvolvidas, é grande demais.
Ainda assim, permanecem altas as expectativas de que o encontro tenha um peso significativo, não apenas para o meio ambiente, mas para vários outros temas, como mercado global, segurança, desenvolvimento econômico, produção de energia, compartilhamento de tecnologia e a sobrevivência das vulneráveis nações insulares.
Autoridades estão baixando as expectativas e definindo áreas em que há acordo, como a necessidade de deter e, depois, reduzir o crescimento das emissões de gases-estufa — embora ainda seja tema de acaloradas disputas como fazer isso e quem deve fazer. Os negociadores também debatem como garantir que as promessas feitas serão cumpridas.
Entre os maiores obstáculos para um acordo mais amplo está a inabilidade do Congresso americano de aprovar uma legislação climática e energética que estabeleça metas compulsórias para a redução das emissões de gases do efeito estufa no país. Sem esse compromisso daquele que é historicamente o maior emissor do planeta, dificilmente outras nações apresentarão suas metas.
O chefe das negociações climáticas dos EUA, Todd Stern, já afirmou que não irá além do que o Congresso aprovar.
E altos funcionários do governo e líderes do Congresso sustentam que uma legislação final sobre o clima não estará disponível antes da primeira metade do ano que vem.
Representantes europeus têm pressionado muito para a aprovação de algum acordo nos moldes do Protocolo de Kioto — que os EUA nunca ratificaram. Mas os americanos alegam que é melhor não ter acordo algum do que ter um tratado que não será implementado.
A visão predominante hoje, entre os negociadores, é de que a reunião irá determinar a continuação do debate no ano que vem e, talvez, determinar uma data final para um novo acordo entre julho e dezembro de 2010.
Uma declaração final de Copenhague, no entanto, deve incluir o compromisso de limitar o aumento das temperaturas globais em 2 graus Celsius.
O documento deve acordar também que as nações ricas reduzam suas emissões e que as economias emergentes diminuam o ritmo de crescimento de suas emissões. Mas é difícil que tais metas sejam acompanhadas de números finais.
Os países ricos já concordaram com o princípio de ajudar os pobres a se adaptarem às mudanças. Mas é pouco provável que a reunião defina montantes de dinheiro, fundos e programas para que isso aconteça.
Deve ser feita também a promessa de criação de um sistema internacional para monitorar e verificar a redução das emissões. E, ainda, deve haver o compromisso de que as nações planejem seu crescimento econômico com base em baixas emissões de CO2 e se comprometam a compartilhar com as nações pobres tecnologias para a geração de energias limpas.
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