domingo, 4 de outubro de 2009

Fenômeno: já querem cortar a CLT pelas Olimpíadas

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por Leonardo Sakamoto

Eu tinha certeza! Nem bem as comemorações pela escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 começavam na praia de Copacabana e arautos do capitalismo salve-se-quem-puder foram à mídia para dizer que o Brasil não conseguirá realizar as obras necessárias com as leis atuais. Na opinião deles, para ter sucesso na “remodelação” urbana, será imprescindível uma reforma trabalhista que torne mais barata a mão-de-obra (tradução: direitos trabalhistas, tchau, tchau) e mudanças urgentes nas leis ambientais para agilizar projetos que podem causar impacto ao meio (tradução: aprovação a toque de caixa, sem intromissão do governo, para a alegria de investidores que querem ver áreas de preservação convertidas em construções).

A cara-de-pau é tamanha que eles nem mais escondem que querem usar as Olimpíadas como justificativa para derrubar dois “entraves” ao “progresso”: o povo e sua qualidade de vida. Afinal, o lucro em primeiro lugar.

Acho sensacional que o Brasil sedie os Jogos. Mas é claro que muita gente vai tentar fazer deles justificativa para tudo e, pior, usá-lo para enriquecimento ilícito. Óbvio que temos desafios importantes como nação, como garantir educação a todos, saúde de qualidade, uma reforma agrária, universalizar direitos. Mas não é fugindo de determinados desafios que vamos conseguir vencer nossos problemas. Da corrupção generalizada aos modelos errados de desenvolvimento, a construção de 2016 será um bom momento para encará-los de frente e mostrar que somos sérios. Um bom começo é deixar as carpideiras do capital falando sozinhas, sem dar peso às suas fúteis palavras.

A guerra de discursos usando as Olimpíadas já começou e vai durar sete anos. Temos que ficar atentos e ir à luta para garantir que a ladainha dos que querem “liberdade total” tendo como justificativa o desenvolvimento não continue sendo entoada. Nossa maior conquista será a de que podemos construir um evento que deixe um legado de dignidade à população e não seja um instrumento de sua exploração.

Fonte: blog do Sakamoto

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