A elite está se roendo. A elite odeia o Brasil
por Luiz Carlos Azenha
Lula tem sorte. "Rabo", é o que eles dizem.
O pré-sal foi rabo. A Copa foi rabo. As Olimpíadas? Rabo.
O Brasil? Um horror. É corrupto. Imagine só o que "eles" vão fazer com as verbas das Olimpíadas. Imaginem o que "eles" vão fazer com o dinheiro de nossos impostos.
Cá entre nós, quem é que gosta de esporte?
Quem é que vai se espremer em um estádio sem poder dizer no dia seguinte que teve algum tipo de privilégio?
Privilégio.
Essa é a palavra que define a elite brasileira.
O camarote da Brahma. O lounge exclusivo do aeroporto. A sala VIP.
A separação entre Casa Grande e Senzala é a matriz da brasilidade.
Para os amigos, tudo. Para os inimigos, toda a força da lei.
A cela especial dos diplomados. Os habeas corpus do banqueiro. Os negros que enriquecem e se tornam brancos.
Lula embaralhou bastante as cartas. É um sucesso de público.
Daí o estratagema da elite. Lula sim, o PT não. Lula sim, o Itamaraty é um horror -- dominado por chavistas. Lula é um democrata, Morales um demagogo.
É uma forma de negar o protagonismo histórico de Lula e, portanto, da classe na qual ele se originou.
É uma forma de dizer que Lula é inocente, tão vítima quanto todos nós de seus assessores "esquerdistas".
É a forma antropofágica de nossa elite de engolir Lula, ao mesmo tempo negando tudo o que ele de fato representa.
Por isso, o "rabo" de Lula. A sorte de Lula.
Lembrem-se, o pré-sal não foi resultado da sabedoria da Petrobras.
A Copa do Mundo não foi mérito do Brasil.
As Olimpíadas não foram mérito do Rio de Janeiro.
Não, foi tudo "sorte" do Lula.
Foi um acaso. Foi "rabo".
O BrasIl? É um horror. "Eles" são corruptos. "Eles" elegem gente corrupta. "Eles" não sabem gastar nosso dinheiro.
O Brasil são "eles", aqueles que não tem acesso ao nosso camarote, à nossa Casa Grande, à nossa sala VIP.
Se eles fossem como a gente, seríamos Paris. Ou Nova York.
Infelizmente, somos Brasil.
PS: É por isso que, hoje, quando o Rio ganhou, celebrei com os colegas de "firma". Depois, fomos todos trabalhar.
Fonte: Vi o Mundo
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