segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Brasil tem segunda pior distribuição de renda, diz Ipea

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Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, cerca de 1% dos brasileiros mais ricos detém uma renda equivalente à renda dos 50% mais pobres. País está na frente só de Serra Loa no ranking da desigualdade social. Alagoas é o Estado com mais pobres.

Brasil tem segunda pior distribuição de renda, diz Ipea


por Marco Aurélio Weissheimer, da Agência Carta Maior

Cerca de 1% dos brasileiros mais ricos (1,7 milhão de pessoas) detém uma renda equivalente à renda dos 50% mais pobres (86,5 milhões). Esse dado ilustra bem a situação da desigualdade social no Brasil, que, apesar de alguns avanços nos últimos anos, continua ostentando o nada honroso título de uma das nações mais desiguais e injustas socialmente do planeta.

Segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (1°), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento, o Brasil perde apenas para Serra Leoa, na África, no item distribuição de renda, em uma lista de 130 países. A pesquisa utilizou o índice Gini para medir a distribuição de renda, que varia de zero a um, sendo um o máximo da desigualdade. O Brasil ficou com 0,60 e Serra Leoa com 0,62. O índice brasileiro é cerca de duas vezes e meio pior que o verificado em alguns países desenvolvidos, como a Áustria (0,23) e a Suécia (0,25).

Conforme o Radar Social elaborado pelo Ipea, para avançar no combate à desigualdade, o Brasil precisa alcançar um nível sustentado de crescimento econômico e um modelo de desenvolvimento que viabilize a inserção da população no mercado de trabalho, aliado a um conjunto de políticas públicas para atacar o atual nível de desigualdade. Que políticas seriam estas? O Ipea apresentou algumas sugestões: aceleração da reforma agrária, ampliação da rede de proteção social, da Previdência, da assistência social, programas de transferência de renda, elevação dos padrões de educação e combate à discriminação racial e de gênero. De modo mais geral, defende uma política econômica e um modelo de desenvolvimento que combine crescimento com geração de emprego e renda.

Ao apresentar o relatório, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que ele fará com o que o governo receba mais cobranças sobre o que está sendo efetivamente feito na área social. "O objetivo do trabalho é justamente esse", garantiu Bernardo, "permitir uma melhor avaliação da nossa realidade, permitir avaliar as nossas políticas e dar um instrumento para a sociedade de maneira geral para que possa ajudar o governo, inclusive criticamente, para melhorarmos".

Entre Alagoas e Santa Catarina

O Radar Social constatou alguns avanços como a redução do número de pobres no país, apontando como causas desta redução a estabilização econômica, a ampliação de políticas sociais e o aumento do valor real do salário mínimo. Segundo o relatório, em que pese o ainda elevado número de pobres no país, é possível afirmar que ele diminuiu, ao menos no período entre 1993 e 1996. O Brasil possui hoje cerca de 53,9 milhões de pobres (31,7%), cerca de um terço da população do país. Alagoas é o estado com o maior índice de brasileiros vivendo nesta situação (62,3%). No outro extremo está Santa Catarina, com apenas 12,1% da população sendo considerada pobre.

O estudo considerou como pobres as pessoas que vivem com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo (R$ 120,00 em 2003). E como muito pobres ou indigentes as pessoas com renda de até um quarto do salário mínimo de 2003 (R$ 60,00). Cerca de 21,9 milhões de brasileiros sobrevivem nestas condições. O estudo do Ipea também comprovou que a pobreza é maior entre a população negra. Em 2003, cerca de 44,1% dos negros viviam com uma renda inferior a meio salário mínimo em 2003. Entre os brancos, esse percentual foi de 20,5%.

Fonte: Carta Maior

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