quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cabo Anselmo: autópsia de uma traição

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DO SÍTIO VERMELHO

Cabo Anselmo: autópsia de uma traição

por Augusto Buonicore*

À Soledad Barret Viedma

“Era, acima de tudo um idealista” - “podem falar o diabo de seus métodos. Ele contribuiu para frear a insanidade, utilizando, muitas vezes, a lei de Talião. Era uma pessoa fascinante. Um lado profissional duro, utilizando o que estivesse ao seu alcance para fazer a faxina que lhe fora confiada pela história”. Depoimentos do cabo Anselmo sobre o delegado Fleury

Anselmo

Está prestes a ser votado na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça o pedido de indenização de José Anselmo dos Santos, o famigerado cabo Anselmo. A solicitação é um ato de provocação à própria comissão e, principalmente, à consciência democrática do povo brasileiro. Anistiar o “anjo da morte” é, indiretamente, premiar um dos maiores torturadores e assassinos que o Brasil já teve: o delegado Sérgio Paranhos Fleury. Quem ajudou Anselmo com seu pedido de anistia foi, justamente, o delegado Carlos Alberto Augusto, um dos responsáveis pelo massacre dos militantes da Vanguarda Popular Revolucionária e homem ligado intimamente ao chefe da repressão paulista.

Herói ou farsante

No dia 25 de março de 1964 centenas de marinheiros e fuzileiros lotaram a sede do Sindicato dos Metalúrgicos da Guanabara para comemorar o segundo aniversário de sua Associação. Um jovem e simpático marinheiro, presidente da entidade, faria um contundente discurso naquele dia.

O Ministro da Marinha, Almirante Silvio Mota, enviou uma tropa de fuzileiros navais para prender os marinheiros insubordinados. O resultado não poderia ser mais desastroso. Os fuzileiros enviados se recusaram a prender os seus companheiros de farda e aderiram ao protesto. O exército foi mobilizado para por fim a rebelião. Abria-se uma séria crise militar.

Depois de muita negociação, a saída encontrada foi que os marinheiros se entregariam, seriam presos e logo em seguida anistiados. A solução de compromisso com os subalternos irritou a cúpula militar e a indispôs definitivamente contra o governo Jango. Este, afirmavam, estaria compactuando com a “anarquia militar”.

Anselmo se transformaria da noite para o dia numa personalidade nacional. Era assediado por correntes de esquerda, como a POLOP e a AP. Na verdade ele ainda não era cabo e sim marinheiro de primeira classe. Antes de assumir a direção da Associação não havia demonstrado nenhuma propensão política de esquerda. Pelo contrário, possuía boas relações com a alta oficialidade.

Cabo Anselmo quando ainda era líder dos marinheiros em 1964

Na época o líder dos marinheiros já atraia a desconfiança de outros setores, especialmente os mais ligados a Jango. Várias pessoas suspeitavam que ele fosse um agente provocador infiltrado no seio do movimento. No final da década de 1970, o comandante Ivo Acioly Corseuil, que havia sido sub-chefe da Casa Militar da Presidência da República, declarou: “Eu tinha informações seguras de que elementos ligados ao governador da Guanabara, Carlos Lacerda, principal líder da oposição, estavam infiltrados no movimento dos marinheiros”. Afirmou também que um jornalista norte-americano havia-lhe confidenciado que Anselmo era um agente da CIA.

Alguns fatos ocorridos logo após o golpe parece darem vazão às suspeitas contra Anselmo. Era de se esperar que ele, o principal líder do levante dos marinheiros, fosse um dos alvos principais da fúria dos golpistas. Mas, estranhamente, não foi bem isso o que aconteceu.

Apenas em nove de abril – vários dias depois do golpe – Anselmo resolveu se refugiar na embaixada do México para, duas semanas depois, deixar calmamente este refúgio e ser preso. Seus companheiros, agora, esperavam pelo pior. Anselmo, aparentemente, caíra nas mãos dos seus piores inimigos. Que suplícios o aguardavam?

Para surpresa geral, ele apareceu na TV comendo uma maçã, bem disposto e dizendo que estava sendo bem tratado pelos policiais. Não ficou em nenhuma penitenciária e sim numa delegacia. Ali chegou a trabalhar como escrivão e atendia aos telefones da prisão. Decerto ele não era o único preso a usufruir de tal liberalidade, no entanto nenhum outro tinha a sua reputação.

É o próprio Anselmo que nos conta com foi sua passagem pela prisão: “fiz conhecimento com todos os investigadores e policiais. Havia quase que uma convivência naquele ambiente. Me deixavam ir ao pátio (...) sem nenhuma vigilância e a própria chave da cela ficava nas minhas mãos. Entrava e saia na hora que queria”. Uma noite, afirmou ele, disse ao carcereiro que “ia dar uma saída para encontrar uma mulher e que voltaria antes da cinco horas (...) Eu sabia que ele estava em dificuldades econômicas e dei-lhe algum dinheiro. Sai tranquilamente, pela porta da frente”. Saiu e não mais voltou. Era 1º de abril de 1966.

Em dezembro deste mesmo ano foi ao Uruguai e manteve contato com Brizola e militares exilados. No ano seguinte foi a Cuba para participar da primeira conferência da Organização Latino Americana de Solidariedade (OLAS). Ali deu declarações à imprensa mundial se colocando como uma liderança da revolução em curso no Brasil.
No mês de outubro de 1970, depois de fazer um curso de guerrilha, voltou ao país. Estava agora integrado à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Ao chegar foi conduzido ao comandante Carlos Lamarca, líder da organização. Este era um dos poucos que conhecia a sua verdadeira identidade. A maioria dos membros da VPR só tinha ouvido falar no cabo que havia dirigido o levante da marinha em 1964. Seu nome era ainda respeitado entre os militantes da esquerda armada.

Lamarca não concordou com a proposta de cooptá-lo para o núcleo dirigente da organização, pois havia ficado tempo demais longe do país. Se o seu objetivo era destroçar as organizações armadas, a decisão do comandante guerrilheiro foi um verdadeiro banho de água fria em suas pretensões.

Começa o massacre

Anselmo foi enviado para São Paulo indo residir com o ex-marinheiro Edgard de Aquino Duarte. Este havia abandonado a militância clandestina e mantinha sua antiga amizade com Anselmo. O principal dirigente da VPR no Estado era Yoshitane Fujimore. Providencialmente, no dia 5 de dezembro de 1970, Yoshitane e o ex-marinheiro Edson Quaresma foram metralhados pela polícia política. Essas mortes abriram o caminho de Anselmo para a direção regional e nacional da organização. Um posto estratégico para missão que deveria cumprir.

Logo em seguida, a VPR seqüestrou o embaixador da Suíça. Em troca exigiu a libertação de 70 presos políticos e distribuição de passagens gratuitas nos trens no Rio de Janeiro, além de divulgação de um manifesto. As negociações com a ditadura foram difíceis e duraram vários dias. A lista de nomes foi alterada inúmeras vezes. Diante do impasse, Anselmo passou a defender a execução do embaixador. Graças à intervenção de Lamarca o ato não foi consumado. A morte do embaixador repercutiria muito mal na opinião pública internacional e brasileira.

Este, por sinal, foi um dos últimos atos de Lamarca como comandante da VPR. Ele defendia um recuso nas ações armadas urbanas e concentrar esforços na montagem da guerrilha rural. Em fevereiro de 1971, Lamarca e outros companheiros abandonaram a VPR e se integraram ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Um novo obstáculo era eliminado do caminho de Anselmo. Durante a luta interna escreveu o documento “Quem samba fica, quem não samba vai embora”. O texto dirigia-se contra aqueles que defendiam recuar da luta armada nas cidades. Estas atitudes não parecem típicas de um homem que estava começando se arrepender de sua opção política. Esta foi a justificativa que ele deu para a sua traição.

Em maio de 1971, outro dirigente da VPR, Aluísio Palhano, foi preso e brutalmente torturado pelo delegado Fleury. Depois foi entregue ao Centro de Informação do Exército onde, possivelmente, foi assassinado. Quaresma e Palhano eram amigos de Anselmo e haviam treinado com ele em Cuba.

Aqui a história se complica. Anselmo, em momentos diferentes, dá versões conflitantes sobre a sua mudança de posição: de guerrilheiro a alcagüete da polícia. Num depoimento ele diz que, após a morte do Fujimori, Quaresma e Palhano, decidiu espontaneamente entregar-se ao delegado Fleury. Levado ao DOPS paulista, aceitou, sem nenhuma coação, a condição de informante e depois infiltrado nas organizações revolucionárias. Foi o que ele disse ao jornalista Marco Aurélio Barbosa em 1979.
Existe também uma outra versão. No dia 29 de maio ele fora entregar um embrulho a capitã do time de basquete feminino. No saguão do hotel, a vista de todos, fez questão de declarar: “Entregue isso ao companheiro Fidel. Ele saberá quem o enviou”. Um ato surrealista numa situação em que os dirigentes da VPR estavam sendo sistematicamente presos e mortos. Era óbvio que a delegação cubana devia ser vigiada permanentemente pelos órgãos de repressão. Em razão disso Anselmo e Edgar, seu companheiro de moradia, foram presos. Edgar passaria por diversas prisões até, finalmente, ingressar na lista dos desaparecidos políticos.

Pouco tempo depois Anselmo já estava de volta às ruas e tinha um apartamento – montado pelo DOPS. Este era uma verdadeira arapuca para os revolucionários que se encontravam com Anselmo. Em julho um grupo a Ação Libertadora Nacional (ALN) havia sido emboscado pela polícia após terem tido uma reunião com ele. José Raimundo da Costa, dirigente da VPR, foi preso e assassinado sob torturas em 5 de agosto de 1971. Ainda neste mês desapareceram Paulo de Tarso Celestino e sua companheira Eleni Guariba. O primeiro pertencia à ALN e a segunda à VPR. Todos havia tido encontros recentes com Anselmo.

Dormindo com o inimigo

A militante Inês Etienni Romeu conseguiu enviar uma mensagem ao Chile, onde se encontrava parte da direção da VPR, com as informações sobre Anselmo recebidas na prisão. Alertava que ele havia sido preso e, possivelmente, estaria colaborando com a repressão. Esta mesma advertência foi feita pela direção da ANL. A cúpula da VPR já estava muito dividida e alguns achavam que esta seria mais uma manobra usada na luta interna.

Declarou Anselmo: “Chegamos a um momento em que os “cabeças” (...) haviam saído para o Chile (...) Fiz a proposta: olha eu vou para o Chile e entro em contato com Onofre Pinto. Lá vou ter informação do que vem por aí. O Fleury concordou e a operação foi feita”. Em outubro, Anselmo apareceu no Chile. Já sob suspeição, ele foi defendido por Onofre Pinto, líder da VPR, que buscou colocar uma pá de cal no caso e chegou mesmo a enviá-lo de volta ao país para preparar uma base guerrilheira no nordeste. Para ali seriam enviados novos militantes que faziam curso em Cuba. Preparava, assim, o último ato da tragédia.

Ao voltar ao Brasil encontrou-se com Fleury na fronteira com o Brasil. Ali mesmo passou todos os planos da VPR. Tempos depois afirmou Anselmo: “Abriu-se uma das páginas finais do movimento guerrilheiro no Brasil. Eu estava no comando. Fleury podia acompanhar passo a passo uma das últimas tentativas de exacerbação da violência guerrilheira”.

Com Anselmo havia um outro agente infiltrado que era conhecido pelos guerrilheiros como César. Na verdade César era o policial Carlos Alberto Augusto, mais tarde promovido a delegado. O pessoal da VPR foi voltando do treinamento em Cuba e se integrando à região. Entre seus membros estavam a paraguaia Soledad Barret Viedma, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, Evaldo Luís Ferreira de Souza e a tcheca Pauline Reichstul. Soledad era companheira de Anselmo e passaram a viver juntos em Recife.

Em setembro de 1972 chegou ao Chile o dirigente histórico do PCdoB, Diógenes Arruda Câmara. Ele estivera preso e havia sido barbaramente torturado. Trazia consigo diversos relatórios sobre a prisão de Anselmo, confirmando o que já se suspeitava. Arruda insistiu em falar pessoalmente com Onofre Pinto. Depois de uma reunião tensa, o líder da VPR resolveu determinar o julgamento de Anselmo.
Onofre mandou a decisão – através de mensagem codificada - para o comando da VPR no nordeste. Infelizmente coube ao próprio Anselmo ajudar decifrá-la. Antes que o grupo pudesse julgá-lo por traição, os órgãos de repressão entraram em ação para proteger seu agente. A partir daí todos os militantes da VPR foram presos e chacinados.

Soledad e Pauline foram presas em janeiro de 1973 numa butique no bairro de Boa Viagem. As duas, especialmente Pauline, foram barbaramente espancadas às vistas de todos e levadas presas. Quando de sua morte Soledad estava grávida de quatro meses. O crápula Anselmo não vacilara entregar à morte sua mulher e seu filho.
No dia seguinte ao massacre dos militantes da VPR, os jornais publicavam a versão oficial: “Equipes especiais dos órgãos de segurança, em diligência efetuada na chácara São Bento, no município de Paulista, encontraram um centro de treinamento de guerrilhas da VPR, que realizava um congresso no local. Foi dada ordem de prisão aos terroristas (...) e a reação foi violenta. Na ocasião alguns terroristas foram mortos e outros gravemente feridos. Estes não resistindo à prisão vieram a falecer”.

Soledad Barret Viedma, vítima de Anselmo

Escreveu Élio Gaspari: “A última operação de Anselmo (...) resultou numa das maiores e mais cruéis chacinas da ditadura. Um combinado de oficiais do GTE e do DOPS paulista matou, no Recife, seis quadros da VPR. Capturados em pelo menos quatro lugares diferentes, apareceram numa pobre chácara da periferia. Lá, segundo a versão oficial, deu-se um tiroteio (...). Os mortos da VPR teriam disparado dezoito tiros, sem acertar um só. Receberam 26, catorze na cabeça”. Este episódio entrou para história como o “massacre da chácara São Bento”.

Depois da chacina no Recife, Anselmo passou para clandestinidade. Desta vez para proteger-se daqueles companheiros que havia traído. Nos porões do regime militar prestou serviço como analista de documentos e de interrogatórios de militantes presos. Deu palestras em vários estados para agentes dos órgãos de segurança. Fez operação plástica, mudou de identidade e passou a ser protegido por elementos vinculados à repressão política. Segundo o próprio Anselmo a sua ação teria acarretado o assassinato de mais de 100 pessoas.

Conclusão

Como era de se esperar, a esdrúxula solicitação da anistia para Anselmo fez renascer a velha polêmica sobre o momento no qual ele teria se vendido aos órgãos de repressão. Uns afirmam que ele era uma agente infiltrado desde antes do golpe militar. Outros acreditam que a traição só teria ocorrido após sua prisão em 1971.

Os antigos - e honrados - líderes da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais tendem a condenar a primeira tese, pois ela levaria a considerar o seu movimento como uma grande provocação contra Jango, incentivado pela CIA. Ou seja, a AMFB teria servido aos interesses dos golpistas e não teria representado os legítimos ''interesses da classe'' dos marinheiros.

Não creio que esta relação deva ser automática. A criação da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros foi um dos resultados do alto grau de politização que vivia a sociedade brasileira durante o governo Jango. Traduzia, também, o descontentamento das baixas patentes em relação a sua situação de sub-cidadania. Os marinheiros não podiam votar nem ser votado, não podiam casar, não podiam andar sem farda e viviam sob um regime muito autoritário dentro dos navios e quartéis. Portanto, a entidade refletia os interesses legítimos daqueles homens e não foi obra de nenhuma conspiração quer de direita quer de esquerda.

O fato de Anselmo ser um infiltrado não retira da Associação os méritos de ter organizado os marinheiros e os integrados à frente democrática e popular que se formava no período. Não macula, de forma alguma, a imagem das dezenas de ex-marinheiros que tombaram na luta contra a ditadura. Estes já se integraram ao panteão dos heróis do nosso povo.

Aqueles que negam a sua passagem abrupta em 1971, acham que a tese anterior acaba minimizando as responsabilidades do próprio Anselmo. Fica parecendo que, antes de 1971, ele era um revolucionário sincero e dedicado, que também foi prejudicado pela ditadura militar. Ele, assim, teria sido mais uma das vítimas daqueles ''anos turbulentos''. (A própria ''traição'' foi fruto da existência de uma ditadura).
De fato, é difícil ser categórico na afirmação de qualquer uma dessas teses. Isto mudaria de figura se alguma informação liberada dos arquivos dos EUA (ou por alguém ligado aos golpistas brasileiros) confirmasse que ele já era realmente um agente em 1964. Não tenho esperanças que isso venha a ocorrer tão cedo.

Por enquanto compartilho da opinião de Uriano Mota: “Indivíduos, por certo, ao longo da vida, mudam de opinião. Indivíduos, é claro, sob extremo sofrimento, entregam e delatam e levam outros à morte (...) Mas, indivíduos não passam com tamanha alegria, satisfação e competência para um papel exemplar de infiltração em menos de uma semana”. De fato, existem coisas bastante estranhas nas histórias contadas pelo cabo Anselmo.

Bibliografia

Veja a biografia de Soledad escrita pelo seu irmão e a música em sua homenagem feita pelo compositor uruguaio Daniel Viglietti:

http://memoriaviva5.blogspot.com/2008/05/soledad-barrett-viedma.html

Borba, Marco Aurélio – Cabo Anselmo: a luta armada ferida por dentro, Ed. Global, 1981
Campos, Fernando Soares – Cabo Anselmo e os neo-golpistas, La Insígnia, julho, 2007
Gaspari, Elio – Ditadura Escancarada, Companhia das Letras
Gorender, Jacob – Combate nas Trevas, ed. Atica
Mota, Uriano – Cabo Anselmo, 34 anos, La Insígnia, julho de 2007
Ribeiro, Octavio – Por que eu traí: confissão de Cabo Anselmo, Ed. Global, 1984
Rodrigues, Flávio Luís – Vozes do Mar, Ed. Cortez.
Souza, Percival – Eu, Cabo Anselmo, Ed. Globo, 1999.

*Augusto Buonicore, Historiador, mestre em ciência política pela Unicamp

Fonte: Vi o Mundo

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