O presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba, e o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda |
por Claudio Leal
Em depoimento à CPI dos Grampos, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, afirmou que a Operação Chacal, em 2004, levantou indícios de que o banqueiro Daniel Dantas realizou grampos clandestinos.
Essa suspeita teria sido reforçada por investigações sobre um dossiê fantasioso em torno de contas externas do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, de Paulo Lacerda (à época no comando da Polícia Federal) e do presidente Lula. A revista Veja publicou dados do dossiê, mas não o tomou como verdadeiro. Dantas é suspeito de tê-lo elaborado.
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O diretor da Abin se dispôs a esclarecer dúvidas dos deputados após o depoimento do banqueiro, na semana passada. Preso em 8 de julho pela Operação Satiagraha da PF, o dono do Opportunity é investigado por formação de quadrilha e crimes financeiros.
Relator da CPI, o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA) recuperou um argumento da defesa de Dantas e indagou sobre a tese de que a Satiagraha teria sido feita sob encomenda do diretor da Abin, em resposta à divulgação do dossiê falso.
Lacerda ressaltou que a afirmação de Dantas, no depoimento à CPI, se trata de uma estratégia dos advogados, e rebateu:
- Palmas para os advogados, porque o que estamos fazendo neste momento é discutir o papel dos investigadores e não dos investigados.
A relação da Abin com a PF passou por questionamentos. Lacerda nega a participação de agentes da agência em monitoramentos telefônicos. Segundo afirma, não teve encontros com o delegado Protógenes Queiroz para discutir os rumos da Satiagraha.
- Não houve, isso é um absurdo. Eu tenho muito o que fazer na Abin, uma operação como essa é complexa, isso é até um desrespeito... Um delegado, numa operação nesse nível, precisa ter contato com juiz, com o Ministério Público, e com os policiais. Pergunte aos policiais federais se eu tive contato com ele. Isto é absolutamente leviano - enfatizou o diretor da Abin.
Para Lacerda, o delegado Protógenes é "fechado" em suas investigações e não abriria detalhes da Satiagraha.
- Tive alguns contatos eventuais com o delegado Protógenes, em situações normais, que não levaram absolutamente ao ponto de conversarmos sobre a operação. Se querem saber mais, o delegado tem um estilo, ele é extremamente fechado em suas operações. Enquanto elas estão em andamento, ele não fala nada. Não tive contato com o delegado Queiroz.
Durante o depoimento, ele fez críticas a reportagens da revista Veja, chamando-as de "levianas". Paulo Lacerda contestou o conteúdo de matérias sobre supostos grampos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Terra Magazine
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