por Luiz Carlos Azenha
A idéia não é minha. É da ex-ministra Marina Silva, manifestada em um artigo que publiquei aqui.
Não sei -- e, pelo visto, não saberemos em breve -- qual o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a reserva Raposa/Serra do Sol.
Infelizmente não pude acompanhar o voto do ministro relator, Ayres Britto. E o fato de que ele votou pela constitucionalidade da demarcação não significa que será acompanhado pelos outros 10 juízes.
Estou correndo atrás dos democratas aqui em Denver, no Colorado. A convenção tem sido uma celebração da diversidade.
Porém, não me esqueço da frase da ministra Marina, segundo a qual o Brasil tem a obrigação de ser melhor do que os Estados Unidos.
O fato de que os americanos eliminaram os indígenas para fazer a ocupação de seu território não significa que o Brasil tenha que seguir o mesmo paradigma.
Um país do século 21 não pode querer fazer de Roraima uma nova São Paulo. Os bandeirantes tiveram seu papel histórico no Brasil do passado.
O Brasil do futuro depende muito mais da preservação e exploração de sua biodiversidade do que da exploração devastadora de seus recursos em escala industrial.
Os índios representam nossa origem, nossa riqueza e nosso futuro, como um país pluriétnico que coloca o bem-estar de sua população acima do desenvolvimento a qualquer custo.
Sei que tudo isso pode soar utópico e que o mundo nem sempre é como a gente deseja.
Em minha modesta opinião o Brasil deve servir de modelo para que a gente tenha o prazer de dizer, inclusive aos americanos: "Façam como nós".
Se e quando os arrozeiros se mudarem para o lavrado de Roraima o país descobrirá, surpreso, que aquele estado não se tornou "inviável".
Descobrirá que os arrozeiros, através de seus porta-vozes na mídia, conseguiram distorcer, deturpar e fantasiar um debate, escondendo interesses pessoais sob o manto da defesa de interesses nacionais.
O que torna Roraima inviável é um governo [estadual] sem projeto e sem rumo e uma classe política que, ao invés de considerar os indígenas um ativo para promover o estado, preferiu olhá-los como "empecilho". Uma classe política do século 19 governando no século 21.
Fonte: Vi o Mundo
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