sábado, 23 de agosto de 2008

EDUARDO GUIMARÃES E O PIG DO EQUADOR

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por Luiz Carlos Azenha


Um fato, duas versões. Primeiro a de Eduardo Guimarães, que está em Quito, Equador, conforme narrado no Cidadania.com:

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por Eduardo Guimarães


Tive muitas experiências dignas de nota em minhas viagens, mas participar do ato público em apoio à nova constituição do Equador, hoje, na capital do país, foi uma das experiências mais impressionantes, não das viagens que fiz, mas da minha vida.

Não canso de me impressionar com a forma como os povos andinos são decididos, valentes e cada vez mais conscientes de sua cidadania.

As imagens da massa humana que foi às ruas defender o que acha melhor para o seu país, que você verão a seguir, alguns dirão que se devem ao governo ter fretado ônibus para levar todas essas pessoas à manifestação, ou então que obrigou funcionários públicos a comparecer. Dirão isso fazendo ilações, porque não estavam lá.

Seria preciso toda frota de ônibus urbanos de Quito para transportar as centenas de milhares de pessoas que estavam hoje na avenida de los Chyris. E aquela impressionante massa humana não estava apenas na avenida em que foram montados vários palanques ao longo até chegar ao palanque principal, onde o presidente Rafael Correa discursaria; estava nas ruas secundárias, lotando toda região, obrigando quem por ali estivesse a se espremer entre as pessoas para se locomover.

Os artistas populares, muitos cantando em idiomas indígenas, a variedade de classes sociais, desde brancos de classe média alta até índios miseráveis, todos cantando, dançando, rindo e confraternizando em prol de um só projeto de país, emocionou-me como poucas vezes na vida me emocionei.

Confesso que senti inveja. No Brasil, há muito tempo – desde a campanha das diretas – que não vejo coisa igual. Seria impensável, aí, gente de classes sociais tão distintas ir – por meios próprios, sem ser ligada a partidos, sindicatos ou movimentos sociais – se espremer na rua num dia frio e de garoa em prol de alguma coisa que beneficie toda coletividade, o país.

Claro que havia gente do grupo político que apóia o governo, sindicalistas, ativistas sociais etc. Mas posso garantir que eram minoria da minoria. Eram centenas de milhares, talvez mais de um milhão que estavam lá. Era impossível contar.

Quando Rafael Correa chegou, por volta das 13 horas, desfilando em carro aberto até chegar ao palco principal, no fim da avenida, a comoção se instalou. Centenas de milhares cantando o gingle do “sim” à nova constituição ou entoando, repetidas vezes, o bordão “qué valiente es nuestro presidente”, e tendo que ser contidos pela polícia, pois avançaram sobre o carro em que estava o presidente.

Vi manifestações na Bolívia, na Venezuela e até na Argentina, mas penso que nunca vi uma igual a essa.

E o mais emocionante foram os depoimentos de pessoas de classe média, que deram como razão para apoiar o governo Correa e a nova constituição, nada mais, nada menos do que o interesse dos mais desfavorecidos. Confesso de novo: cheguei a ficar com os olhos cheios d’água.

equador.jpg

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Agora a versão do principal jornal do Equador, o El Comercio, para o mesmíssimo evento:

"NOSSOS DIRIGENTES NOS ORGANIZARAM PARA QUE APOIÁSSEMOS O GOVERNO"

"CENTENAS DE PESSOAS SE CONGREGAM EM QUITO PARA APOIAR A CAMPANHA PELO SIM".

Não há fotos do evento no site do principal jornal do Equador. E os milhares do Eduardo Guimarães se transformaram em "centenas".

Depois dizem que não há algo em comum entre Brasil, Equador, Bolívia, Argentina, Venezuela...



Fonte: Vi o Mundo



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