por Luiz Carlos Azenha
Assim como eu não tenho tempo, presumo que você também não tenha para ler tudo o que sai no jornal sobre a economia americana. A situação vai de mal a pior. Tivemos a falência da Bear Stearns. Depois, do banco californiano IndyMac. Noticiei o antes e o depois aqui.
Uma breve explicação para quem não entendeu a origem do problema: os bancos americanos ofereceram financiamentos à vontade para comprar a casa própria nos Estados Unidos. Gente que nunca teve crédito pôde comprar. A situação econômica deteriorou. As pessoas deixaram de pagar. Seria um problema localizado envolvendo quem emprestou dinheiro e quem recebeu empréstimo e não pôde pagar, certo? Porém, esses empréstimos haviam sido securitizados no mercado financeiro. É como se o credor tivesse repassado a dívida adiante em promissórias. Ou seja, a dívida de uma dona-de-casa de Tucson, no Arizona, na verdade foi parar na mão de um investidor em Wall Street.
Assim, a crise das hipotecas nos Estados Unidos contaminou o sistema financeiro. Algumas instituições mais, outras menos. Três instituições correm risco agora: a Lehman Brothers, Fannie Mae e Freddie Mac. As duas últimas equivalem à Caixa Econômica Federal no Brasil. Tudo indica que serão nacionalizadas pelo Tesouro americano.
Nota de hoje do site do New York Times, assinada por Jenny Anderson:
"Com as ações da Fannie Mae e Freddie Mac despencando, as do mercado financeiro apanham. Nenhuma como as da Lehman Brothers, o banco de investimento cujas ações perderam mais de 10% em 11 dias do último trimestre. Nos últimos 12 meses as ações da Freddie perderam 95% do valor. As da Lehman 76%. O index da Standad & Poor, 42%. Para efeito de comparação, a Merrill Lynch perdeu 68% e o Citigroup 64%.
A conexão entre Lehman, Fannie e Freddie é clara, diz Richard X. Boce, analista da Ladenburg Thalmann. "Os negócios da Lehman são mais amplos que os da Fannie e Freddie, mas a ligação é que todas faziam a mesma coisa - empacotar hipotecas e vendê-las", ele diz.
Além disso, o banco de investimento e as entidades patrocinadas pelo governo tinham hipotecas em suas carteiras e com as perdas isso força as companhias a buscar capital no mercado, que se mostra relutante.
As perdas do mercado imobiliário causam problema em Wall Street. A Merrill Lynch já perdeu 45 bilhões de dólares e o Citigroup 40 bilhões em bens. Os dois estavam carregados de hipotecas e os acionistas e empregados agora pagam o preço.
Mas a Lehamn permanece no centro da tempestade por causa de ser menor e de sua exposição às hipotecas -- cerca de 61 bilhões de dólares em hipotecas e outros papéis -- e parece relutante em tomar medidas drásticas. O Citigroup vendeu um banco na Alemanha, enquanto a Merrill vendeu uma carteira de 31 bilhões de dólares relacionada às hipotecas por 22 centavos o dólar, além de sua participação na Bloomberg".
É isso mesmo o que você leu. A Merrill Lynch deu 78% de desconto para se livrar das hipotecas!
Fonte: Vi o Mundo
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