quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O espanto de Eduardo Guimarães

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por Luiz Carlos Azenha

Tive o prazer de conhecer pessoalmente o Eduardo Guimarães. Finalmente. Há algumas semanas eu e a jornalista Conceição Lemes nos encontramos com ele em um restaurante da praça Vilaboim, em São Paulo.

O Eduardo começou sua atividade jornalística mandando cartas para a redação da Folha de S. Paulo. Depois passou a distribuir seus textos em listas na internet. Finalmente, criou o blog Cidadania.com. O Cidadania acaba de atingir 1 milhão de acessos. O Eduardo criou o Movimento dos Sem Mídia e tornou-se amigo de um amigo meu, o ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva, com quem agora se encontra regularmente.

O Eduardo é eleitor do Lula e, na minha definição, a velhinha de Taubaté da Folha de S. Paulo. Não tem filiação partidária, não tem emprego público nem recebe verbas do governo. Rala muito como vendedor de autopeças, viajando pela América Latina. Uso o Eduardo como exemplo dos novos tempos da internet. Um leitor que raciocina e se expressa com a clareza que falta a muitos dos nossos comentaristas.

Recentemente dois estudos foram publicados a respeito da economia brasileira. Um pelo IPEA, outro pela FGV. Ambos demonstram a redução da pobreza e o aumento da classe média brasileiras.

O Eduardo Guimarães ficou furioso pelo fato de que, na opinião dele, a mídia brasileira não deu o devido destaque aos estudos.

Se serve de consolo ao Eduardo, volto a contar uma história que já contei neste espaço. Já é de domínio público, não estou contando novidade. Período eleitoral de 2006. Eu, na época, era repórter da TV Globo de São Paulo. Marco Aurélio era editor de Economia do Jornal Nacional. Um dia ele comenta com colegas, na redação: "Mandaram tirar o pé das matérias de economia". Como assim, quisemos saber? O chefe dele, no Rio de Janeiro, transmitiu orientação no sentido de não produzir mais reportagens que pudessem ter impacto positivo. Ele até deu um exemplo sobre as estatísticas do setor da construção, que indicavam forte crescimento.

Note, caro Eduardo, que não eram reportagens eleitoreiras. Se feitas, apenas apresentariam à opinião pública a verdade factual. Mas essa verdade factual não combinava com o Brasil dos chefes do Marco Aurélio. O Brasil dos chefes do Marco Aurélio era aquele das CPIs do mensalão, dos Correios e do fim do mundo - as três CPIs que disputaram os holofotes em Brasília.

As CPIs mereciam ser noticiadas? Com certeza. Eu mesmo investiguei caixa dois do PT em Goiás e o assunto foi parar na CPI dos Correios, que sentou em cima do assunto depois que o acusado revelou que havia dado contribuições de campanha "por fora" para quase todos os partidos. Mas e os números da economia? "Mandaram tirar o pé", disse o Marco Aurélio.

Entendeu agora como funciona a lógica? Não se esqueça, caro Eduardo, de que estamos em período eleitoral. Não sei se está acontecendo, mas se estiver a lógica é a mesma: algumas notícias são "mais notícias" do que outras.

Ouça esse comentário, por exemplo. Defendo - em causa própria - o direito que todos têm de falar e escrever besteira.

Notou o contorcionismo intelectual? Qual o objetivo? Dizer que não existe relação entre governo e a economia brasileira. Isso é o que "entregam" como Jornalismo no Brasil.

Fonte: Vi o Mundo

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