terça-feira, 12 de agosto de 2008

Geórgia: De Stalin à Ossétia e à Abcásia

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Josef Stalin criava conflitos étnicos nas repúblicas da União Soviética a fim de centralizar o poder, pontua Maierovitch

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por Wálter Fanganiello Maierovitch
Especial para Terra Magazine

Josef Stalin nasceu na Geórgia, na cidade de Gori. Em 25 de fevereiro de 1921, depois de 30 dias de guerra, o exército russo ocupou a Geórgia.

Estava dado o pontapé inicial para o projeto de Stalin, apresentado a Lenin em 1920 (um ano antes da invasão da Geórgia).

O projeto de Stalin consistia na constituição de um estado-federado, onde a Rússia teria o papel de manter a aglutinação e comandar a federação.

Do projeto original, a federação seria composta por Rússia, Ucrânia, Bielorússia e a região "Transcaucasiana". Essa "federação do Cáucaso" a compreender a Geórgia, Armênia, Cazaquistão, Ubequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão, Quirguistão.

A implantação do projeto ocorreu entre 1921 e 1936. Sua ampliação deu-se em 1939, com as chamadas "três jóias do Báltico", ou seja, Estônia, Lituânia e Letônia.

Para Stalin, era fundamental, para a manutenção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a existência, dentro das repúblicas, de conflitos étnicos.

Os conflitos étnicos é que dariam legitimação para Moscou - sede do poder central -, intervir, inclusive com uso da força armada.

Foi assim - graças a Stalin -, que na Geórgia incluiu-se a Ossétia do Sul e a Abcásia (no final de semana entrou em conflito com a Geórgia). Os conflitos ocorreriam por ação dessas duas etnias, que nunca suportaram os georgianos.

No fundo, Stalin usou a máxima do imperador Otaviano Augusto, artífice do Império Romano, ou seja, dividir para imperar.

PANO RÁPIDO. O separatismo hoje, numa região com mais de 100 etnias, é conseqüência do projeto de Stalin, um georgiano de nascimento.

Um detalhe, apenas, a Geórgia, agora, não quer a independência da Ossétia do Sul e da Abcásia. O grande erro do seu presidente, Mksail Saakashvili, segundo apontam os especialistas europeus, é ter mandado invadir a Ossétia, pensando que Putin, em viagem à China para assistir os Jogos Olímpicos, fosse ficar de braços-cruzados.

Cerca de 90% dos habitantes da Ossétia do Sul adquiriram a nacionalidade russa e rejeitaram a da Geórgia. Com isso, a Rússia diz estar interferindo no conflito em defesa dos seus co-nacionais.

Wálter Fanganiello Maierovitch é colunista da revista CartaCapital e presidente do Instituto Giovanni Falcone (www.ibgf.org.br).

Fonte: Terra Magazine

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