terça-feira, 6 de maio de 2008

Fora de rumo



O sociólogo e ensaísta alemão Robert Kurz fala sobre a atual crise financeira e diz que o trem da humanidade pode descarrilar

por Luiz Antonio Cintra


Quando O Colapso da Modernização foi publicado, no início dos anos 90, o sociólogo e ensaísta alemão Robert Kurz foi chamado de catastrofista por seus críticos. Não era para menos. Sua tese central, ainda hoje presente em artigos e livros, afirma que o capitalismo mundial encontra-se em rota de colisão desde o surgimento da microeletrônica. As novas tecnologias aumentaram de forma exponencial a capacidade produtiva das empresas, argumenta Kurz, na mesma medida em que passaram a demandar cada vez menos mão-de-obra. Um movimento inverso, portanto, ao do fordismo, quando a produção crescente puxava o número de empregos e garantia renda para o consumo, em um ciclo virtuoso do capital.

Os tempos são outros, garante Kurz, e hoje o resultado dessa equação não leva a nada de bom: avançando contra seus limites econômicos e ambientais, o capitalismo evolui rumo a um ‘acidente fatal’, cujos indícios são as sucessivas crises financeiras que têm colocado em alerta as economias centrais. “Se a humanidade não encontrar o freio de emergência, este trem poderá descarrilar”, afirma na entrevista a seguir.

CartaCapital: Os prejuízos dos bancos norte-americanos têm aumentado de modo exponencial. Em semanas, as estimativas saltaram das dezenas de bilhões de dólares para quase um trilhão de dólares. Como o sr. avalia esse cenário?
Robert Kurz:
A atual crise financeira supera de longe todas as que a antecederam desde os anos 80. Antes de tudo, ela não mais se resume a apenas um país ou a uma região do mundo. Como os EUA formam o centro da arquitetura financeira global, entra em ação um efeito dominó que atinge todo o capital mundial. O efeito sobre a economia real é previsível. Há muito tempo os salários reais diminuíram nos EUA. O “milagre do consumo” se alimentava de financiamentos que foram angariados através de ações e hipotecas. Com o estouro da bolha no mercado de imóveis, as conseqüências da recessão não se farão sentir somente por 6 meses ou 9. Caso a economia americana entre em uma estagnação duradoura ou até mesmo numa depressão, não poderá mais absorver o excesso de produção. Com isso ficará também obstruída a via exportadora de mão única pelo Pacífico e a conjuntura mundial será ainda mais prejudicada do que a maioria dos comentaristas hoje em dia acredita.

CC: O sr. usa a expressão ‘capitalismo-cassino’ para qualificar o atual estágio da economia mundial. O sr. acredita que a crise atual abre margem para o fim da era da bolhas financeiras?
RK:
Os bancos centrais têm compensado as crises financeiras até hoje por meio de uma corrida pela redução das taxas de juros. Os mercados foram inundados com liquidez recentemente, como na quebra da “new economy” em 2001. Ben Bernanke, o chefe do Banco Central Americano, também tenta usar a receita simples de seu antecessor Alan Greenspan. Dessa maneira apenas se renovou as bolhas financeiras. Mas ao longo desses anos esse dinheiro “sem substância” levou a um aumento dramático na inflação ao redor do mundo. Depois que o Banco Central norte-americano, em pânico, baixou os juros, a inflação nos EUA subiu para mais do que o dobro da taxa básica de juros; o juro real tornou-se, portanto, negativo. Como o Banco Central Europeu não tem até agora acompanhado a política de redução de juros, há a ameaça de o déficit externo americano deixar de ser financiável e do dólar cair de modo abissal. A velha receita não surte mais efeito. Deste modo inflacionam a economia mundial, o que resultará obrigatoriamente em um colapso.

CC: Os críticos o consideram um catastrofista, por afirmar que o capitalismo encontra-se em uma espécie de beco sem saída que levará inexoravelmente à sua superação, como escreveu Marx. Em sua opinião, o que esses críticos ignoram?
RK:
A terceira Revolução Industrial da Microeletrônica marca uma barreira absoluta intrínseca ao capitalismo. Pela primeira vez na história moderna, o potencial de racionalização é maior do que a expansão de novos mercados. O capital perde assim sua substância de trabalho, o uso de energia humana e abstrata. Essa situação pôde ser disfarçada por um tempo por meio da reciclagem do dinheiro proveniente das bolhas financeiras na economia produtiva. Deste modo simulava-se a acumulação de capital, além de se criar falsos postos de trabalho – como, por exemplo, através da bolha imobiliária nas indústrias de construção ou da conjuntura deficitária nas indústrias exportadoras. Essa substância de trabalho, já na sua origem um simulacro, é no final das contas improdutiva e acaba dissolvida rapidamente quando a economia baseada em bolhas financeiras entre em colapso.

CC: As economias emergentes, principalmente China e Índia e, em menor medida, também o Brasil, são apontadas como uma tábua de salvação para a crise. O sr. concorda com essa avaliação?
RK:
Os chamados países de industrialização recente não podem substituir os EUA como locomotiva na conjuntura mundial. O valor nominal de suas taxas de crescimento parte de um ponto inicial muito baixo. Tanto o PIB quanto o renda per capita desses países são absolutamente muito pequenos para livrar o mundo da crise. Assim, o crescimento chinês é em grande parte dependente da exportação unilateral para os EUA, enquanto o mercado interno fica bem atrás. O poder de compra chinês se fortaleceu apenas parcialmente, sobretudo pela ação de uma bolha imobiliária secundária e o decorrente boom na indústria civil. Não se desenvolveu uma verdadeira classe média. Assim que o deficitário “milagre do consumo” nos EUA se apagar, a China e todo o sudeste asiático enfrentarão uma crise ainda mais profunda que a dos tigres asiáticos na década de 90. O mesmo se aplica aos demais países de industrialização recente.

CC: A sua crítica radical do capitalismo considera que essas economias ditas emergentes correm atrás de uma miragem, quando buscam um padrão de desenvolvimento econômico equivalente ao dos países desenvolvidos. Qual seria a opção para esses países gerarem os milhões de empregos de que necessitam?
RK:
Há muito que o velho modelo de desenvolvimento econômico dos países periféricos ao capitalismo entrou em colapso e acabou sendo abandonado. Em seu lugar criaram-se, ao longo do processo de globalização, zonas de economia exportadora que se inserem em cadeias internacionais de agregação de valor. A profundidade produtiva nestas economias exportadoras pode ser considerada baixa; os componentes mais importantes na produção precisam ser importados na forma de investimentos de grandes empresas ocidentais. Este não é mais um desenvolvimento autônomo, mas sim uma nova forma de dependência. A maioria das pessoas nestes países fica de fora dessa industrialização unilateral voltada para a exportação – que perderá, além do mais, qualquer durabilidade com uma interrupção na deficitária conjuntura global. O moderno modelo mundial de “postos de trabalho” se tornou totalmente obsoleto. O que está a disposição é uma forma de produção e de vida que se funda no “trabalho abstrato” (Marx).

CC: Nos últimos anos, o governo brasileiro tem investido em programas sociais de renda mínima, desvinculados do mundo do trabalho. Para Michael Hardt e Antonio Negri, autores do livro Império, essa seria uma saída razoável. O sr. concorda?
RK:
Com o desaparecimento do capitalismo estatal de inspiração soviética, a esquerda busca por substitutos baratos – todos eles incapazes de alcançar as formas sociais do moderno sistema produtivo. Hardt e Negri dizem-se comunistas, mas a visão deles de uma república burguesa mundial de “multidões” com a garantia de um salário mínimo em forma de dinheiro é precária. Sob as atuais circunstâncias do mercado mundial, cimenta-se e legitima-se, no melhor dos casos, uma miséria generalizada. Já que todas as transferências dependem, no fim das contas, do uso real de capitais, acaba-se rompendo por isso mesmo a capacidade de financiá-lo. A velha ilusão de um “primado da política” ante uma economia capitalista ainda não-superada só pode se desmanchar.

CC: O sr. cunhou a expressão “sujeitos monetários sem dinheiro” para qualificar as massas de desempregados dos países em desenvolvimento. O que podemos esperar do impasse histórico em que essas massas, pela sua avaliação, se encontram?
RK:
A fórmula “sujeitos monetários sem dinheiro” se refere ao dilema das pessoas terem, nos últimos 200 anos, interiorizado as formas capitalistas a ponto de considerá-las como condições de existência quase naturais e ahistóricas. Isto vale também para os pobres e para os desempregados. Por isso ninguém está preparado para o fim de um modo de vida fundado na “santíssima trindade”: a venda da força de trabalho, a produção de mercadorias e a renda monetária. A capacidade de produção de fato é gigante e os estoques estão abarrotados, mas o poder de compra decai. Mesmo nos centros capitalistas há cada vez mais “sujeitos monetários sem dinheiro”, os quais foram sumariamente esquecidos nos últimos anos pelos impulsos simulados da conjuntura deficitária. As reações às evidências regionais de colapso não têm sido até hoje emancipatórias, mas sim bárbaras. A propagação de ideologias irracionais não nos faz esperar por nada de bom.

CC: A precarização do trabalho para as classes médias é inevitável? As novas tecnologias não permitirão ganhos de produtividade e a criação de novas formas de ocupação?
RK:
As novas tecnologias aumentam a capacidade produtiva, mas elas não criam novas formas duradouras de trabalho em larga escala. Era ilusória a esperança de uma sociedade de serviços em uma era de capitalismo da informação e do conhecimento com grande potencial de criação de empregos. A infra-estrutura pública de educação e de saúde se deterioram ou, piorando a situação, acabam privatizadas, transformadas em mercadoria. Há muito que a racionalização e a precarização do trabalho atingiu também os setores mais qualificados do setor administrativo da economia. O “capital humano” da classe média se desvaloriza. Substituindo uma burguesia acadêmica, surge um empresariado miserável e uma nova inteligência barata. Nos EUA e Europa, está em curso um debate intenso e sem saída a respeito do fim da classe média.

CC: De que modo a crise mundial de energia poderá afetar a soberania dos países menos desenvolvidos?
RK:
A explosão dos preços de energia tem duas causas. Por um lado, trata-se de uma conseqüência da alta demanda na conjuntura deficitária global. Por outro, declinam também as reservas e a capacidade de exploração a média prazo. Por causa dos custos crescentes de investimento, o preço da energia não voltará mais, mesmo com um colapso na conjuntura deficitária, aos níveis mais baixos de antigamente. Apesar disso, chega ao fim o boom especulativo para os países produtores de gás e de petróleo, como Rússia, Irã e Venezuela. A dependência unilateral de exportação de energia não pode ser visto como um modelo autônomo de desenvolvimento. Para tanto, falta a base industrial, mesmo para a Rússia, após o fim do capitalismo de estado. Por outro lado, a importação de energia continua a ser um peso constante para a maioria dos países sem reservas significativas. A disputa pela partilha das reservas declinantes de energia fóssil forma uma dimensão “natural” da crise capitalista. Como todos os outros, tampouco este problema pode ser abordado em termos de soberania nacional. Uma nova forma de produção e de vida só pode ser pensada em escala mundial, para além dos conceitos de nação e de estado.

CC: O filósofo francês Paul Virilio considera que vivemos sob o signo da aceleração. Podemos esperar uma ‘era da lentidão’, depois de atingirmos a “aceleração total”?
RK:
Virilio criou uma metáfora precisa para a dinâmica capitalista com a fórmula de uma “estagnação acelerada”. A reflexão crítica do passado entra em “ponto-morto”, a mudança cega e descontrolada das estruturas se acelera. Indivíduos, empresas e instituições se tornam cada vez mais agitados nas suas atividades autistas, com laptops e telefones celulares. Não percebem mais que todos eles estão juntos em um trem de grande velocidade, desgovernado, que acelera cada vez mais. Se a humanidade não encontrar o freio de emergência, este trem poderá descarrilar.

Fonte: Carta Capital
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FUNDOS GASTAM R$ 730 MILHÕES PARA CALAR DANTAS

Fundos acham que Dantas vai ficar quieto

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1113

. O excelente repórter Samuel Possebon publica na Teletime (clique aqui) texto esclarecedor:


Para terem uma participação de 10% cada um na futura estrutura da Oi, Funcef e Petros terão que investir, após vários processos de oferta pública de ações, cerca de R$ 280 milhões e R$ 450 milhões adicionais, respectivamente. Ou seja, os dois fundos ajudarão a capitalizar a reestruturação societária da Oi e a compra da Brasil Telecom. "Para nós, esse é um investimento que agora valerá a pena, ao contrário do investimento que tivemos que fazer depois da privatização", diz Pinheiro. Eles apostam que a BrOi terá um potencial de crescimento maior do que o das duas teles.

Sem falar explicitamente sobre o acordo com o Opportunity, até porque ele envolve termos de não agressão, tanto Pinheiro quanto Lacerda mostram certo constrangimento por terem tido que acertar o fim dos processos judiciais com Daniel Dantas. "Nós não somos a Justiça nem a polícia. O que podíamos levar às autoridades nós levamos, e até hoje não existe uma decisão judicial que nos respalde", disse Lacerda. "Para os fundos era importante acabar logo com as disputas judiciais, que estavam impedindo uma resolução do problema", diz o presidente da Funcef. O Opportunity receberá, após a reestruturação da Oi e compra da Brasil Telecom, cerca de R$ 1,5 bilhão pelas suas ações.

. Quer dizer: os fundos dos funcionários da Caixa Econômica e da Petrobrás vão gastar a ninharia de R$ 730 milhões para calar a boca de Dantas.

. Para ter certeza de que, no futuro, Dantas não vai atrás deles com um processo judicial.

. Certeza ?

. Quer dizer que o pessoal acha que o Dantas, com essa grana toda na mão, vai ficar quieto ?

. E vai dispensar os 1001 advogados que tem ?

. Se for para dormir com medo do Dantas, por que dar um cala-a-boca desse tamanho ?

Leia também:

E se Daniel Dantas for em cana?

Quanto Jereissati e Andrade vão botar DO PRÓPRIO BOLSO?

"BrOi": 52 perguntas que lula deve fazer

Alcatel + BrT: os Fundos e o Citi estão nessa?

Folha ouviu o galo cantar

Dantas embolsa US$ 1 bi e vai derrubar Lula – de novo

“BrOi”: de onde vem a grana? Leitores do Globo protestam

Carta: “BrOi” é o PAC do Dantas

“BrOi”: faltou combinar com o Miro

Procura-se

Fundos fazem acordo com líder do tráfico na favela

BNDES faz dívida para dar $$$ à “BrOi”

Quem vai botar assinatura no acordo da “BrOi”?

“BrOi”: primeiro é preciso abater Demarco

Dantas põe as cartas na mesa. Lula, Citi e Fundos fazem o que Dantas mais quer

PHA quer a “BrOi”

Lula tira Dantas da forca e faz “el gran acuerdo” com FHC

Pegasus, a mãe de todas as BrOi


. Clique aqui para ler outros textos que o Conversa Afiada já publicou sobre a “BrOi”.

. Clique aqui para ver por que o PiG não fala mal de Dantas. Note que a irmã de Dantas financiou uma empresa da filha de Serra.

Fonte: Conversa Afiada


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Wall Street Journal: CORRUPÇÃO NO METRÔ DE SÃO PAULO

Que político levou bola ?

por Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 1112


. O jornal Wall Street Journal de hoje – dia 06 – publica reportagem sobre a investigação de autoridades francesas e suíças sobre a empresa francesa de engenharia pesada Alstom, que teria pago milhões de dólares em propinas para obter contratos na Ásia e na América do Sul.

. Segundo o mais influente jornal de economia dos Estados Unidos, autoridades policiais suíças se encontraram com policiais brasileiros para discutir o pagamento de propinas no valor de US$ 6,8 milhões que a Alstom teria pago para conseguir um contrato de US$ 45 milhões em equipamentos para o metrô de São Paulo.

. Há investigação também, diz o WSJ, sobre pagamentos suspeitos no valor de US$ 200 milhões relacionados com um projeto de uma hidrelétrica no Brasil.

. Mais adiante, o WSJ diz que para conseguir vender ao metrô de São Paulo, a Alstom negociou com um brasileiro “que se dizia intermediário de um político brasileiro não identificado”.

. Este homem ofereceu apoio político ao projeto da Alstom, em troca de uma comissão de 7,5%.

. O Conversa Afiada vai tentar saber o que o metrô de São Paulo tem a dizer sobre isso.

. E o Ministério das Minas, também.


Fonte: Conversa Afiada
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TODOS CONTRA SÃO PAULO II

Todos contra Serquércia

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1111


. De uma conversa afiada com um ministro de Estado:

. O Presidente Lula não pode permitir que sua obra seja destruída por um adversário.

. O maior perigo é o presidente eleito José Serquércia assumir a Presidência em 2010 e jogar o Governo Lula no lixo.

. O Presidente Lula pode ter três candidatos à Presidência.

. E apoiar os três, no primeiro turno.

. O que facilita derrotar Serquércia e, se possível, impedir que ele vá para o segundo turno.

. Pelo PT, no momento, deve sair Dilma Rousseff.

. Pelo PSB, Ciro Gomes.

. Pelo PMDB, Aécio Neves.

. Lula sobe nos três palanques no primeiro turno.

. Todos unidos contra Serquércia e São Paulo. (*)

. No segundo turno, ele põe a coroa na cabeça do mais votado.

. É a fórmula que Lula usou em Pernambuco, em 2006.

. No primeiro turno, ele apoiou Humberto Costa e Eduardo Campos.

. No segundo, Eduardo Campos e ganhou a eleição.

(*) O problema é que, com o cala-a-boca da “BrOi”, Daniel Dantas vai botar US$ 1,3 bilhão no bolso. E usar esse dinheiro, como sempre, para ajudar Serquércia. US$ 1,3 bilhão é muita grana. Dá para escrever pilhas de dossiês contra Aécio e Ciro. E vazar outros tantos dossiês da Casa Civil, para sepultar a candidatura de Roseana Sarney, quero dizer, Dilma Rousseff.

Leia também:

Todos contra São Paulo: como em 1930

Gilmar Mendes é candidato a Presidente

PT de Minas se livra de PT de São Paulo

Serra e FHC, os gênios da política

Fonte: Conversa Afiada
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segunda-feira, 5 de maio de 2008

SENADO MUDA FUSO HORÁRIO BRASILEIRO PARA ATENDER À GLOBO

Por Agência Petroleira de Notícias

O Senado aprovou um novo fuso horário na região Norte, dias depois de entrar em vigor a Portaria 1.220/07, determinando que as emissoras de TV devem adaptar suas transmissões aos diferentes fusos horários vigentes no país, em função da classificação indicativa dos programas. Esta classificação obriga as emissoras a informar a partir de que idade uma programação é recomendável. A Portaria 1.220/07 tem por objetivo atender ao Estatuto da Criança e do Adolescente, evitando a apresentação de programas inadequados para determinadas faixas etárias.

A mudança de fuso horário vai conflitar com os hábitos culturais daquelas populações. A lei ainda precisa ser sancionada pelo presidente da República. Mas se o presidente Lula concordar, os estados da Região Norte adotariam o horário de Brasília.

A notícia foi comentada em matéria publicada no Observatório do Direito à Comunicação (www.direitoacomunicacao.org.br), de 11 de abril. Trocando em miúdos, significa que a proteção à criança e ao adolescente vem a reboque dos interesses mercadológicos da família Marinho. Vem a reboque do interesse público, pois em nenhum momento a população foi chamada a debater essa questão.

De acordo com a matéria veiculada, "a tentativa de alteração do fuso horário brasileiro sem debate público não é nova, mas com a última onda de pressão sobre os parlamentares, e com a postura submissa destes em relação ao principal grupo de comunicação do país, o que parecia impossível tornou-se uma possibilidade real. Na noite de hoje, 11/4, quatro dias após a entrada em vigor da regra do horário local para a programação de TV, o Senado Federal aprovou em plenário o Projeto de Lei do senador Tião Viana (PT-AC) que altera o fuso horário nessas regiões".

Para quem ainda se surpreende com a submissão dos poderes públicos aos interesses mercadológicos, em detrimento da cidadania, o artigo prossegue destacando que, depois dessa vitória, a ofensiva da Globo aumentou: a empresa de comunicação deverá fazer novas investidas, no sentido de tentar derrubar a classificação indicativa. Durante a semana, fará novas pressões sobre os congressistas, pela revogação da Portaria 1.220/07.

De qualquer forma, a guerra ainda não está perdida. É o que conclui o articulista do Observatório do Direito à Comunicação, onde o leitor interessado nesse debate poderá obter informações mais detalhadas. Está não será uma briga fácil, "mesmo para quem já se acostumou a dar as cartas na política brasileira", diz o artigo. (www.apn.org.br)

Fonte: Fazendo Media


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O pão e o circo

Por Adriana Facina

A cuíca chora
Pois há roubo na balança
Quando o povo entra na dança
Chora mais do que criança

O pandeiro gargalha
Com o fogo de palha
Que o vento balança
E o povo inocente
Sambando nem sente
O vazio na pança
Fica lá no terreiro
Pois para o herdeiro
Ele fez poupança
E a cuíca chora
Pois há roubo na balança

O surdo se espalha
Marcando metralha
E nem dá confiança
Pro povo espremido
Que é sempre ferido
Com a ponta da lança
Depois da debanda
Alguém ainda manda
Ele pagar fiança
E a cuíca chora
Pois há roubo na balança

A viola vadia
Tem a filosofia
Que o moço não alcança
E o povo enganado
Não está conformado
Mas tem confiança
De ver um milagre
Sair do vinagre
É a sua esperança
E a cuíca chora
Pois há roubo na balança

(letra de Quando o povo entra na dança,
de Beto Sem Braço e Carlito Cavalcanti)


A atual conjuntura está marcada por uma crise econômica já em curso, cuja face mais perversa é a alta do preço dos alimentos. Em grande medida, essa elevação geral dos preços dos gêneros alimentícios é causada por especulação financeira, já que os alimentos como feijão, milho, trigo, entre outros, tornaram-se commodities negociadas em bolsas e permeadas pela lógica da financeirização da economia. O fato de nenhum ser humano conseguir sobreviver sem alimentos não interfere nesse processo, o que demonstra que, para a economia de mercado, o lucro precede sempre a vida.

Edward Palmer Thompson, historiador marxista britânico e um dos mais importantes pensadores da segunda metade do século XX, realizou uma série de estudos sobre revoltas populares que caracterizaram o processo de constituição do capitalismo na Inglaterra, país que foi pioneiro na consolidação da economia de mercado. Os motins do pão, por exemplo, se desenrolavam como uma negociação entre a plebe sublevada e os comerciantes do pão a partir de valores em conflito. De um lado, com base na idéia de que o lucro e o direito à propriedade privada não poderiam prevalecer sobre a vida humana, os revoltosos exigiam um preço justo para o pão, principal alimento popular na época (e de certo modo ainda hoje), delineando o que Thompson designava uma economia moral. De outro, os defensores do direito irrestrito de lucrar como motor do progresso econômico, ainda que isso custasse a fome do povo. Era a economia de mercado despontando como novidade histórica.

Outro estudioso desse mesmo processo de implementação do capitalismo, o antropólogo austríaco Karl Polanyi, afirma que a constituição da economia de mercado é um processo tão violento que exige uma transformação radical na sociedade, no sentido de torná-la uma sociedade de mercado, na qual mesmo a terra e o trabalho humano são transmutados em mercadorias. A grande transformação coloca sob ameaça a existência da vida humana, pois condena a maior parte da humanidade a depender do mercado para obter seu sustento básico, e também a própria natureza, mercantilizada e utilizada de modo predatório em nome do desenvolvimento econômico.

Na sua atual fase, o capitalismo acentuou esse processo ao colocar a produção de alimentos sob a batuta do agronegócio. Os princípios do agronegócio são incompatíveis com a produção em larga escala de alimentos baratos. Primeiramente, porque essas grandes empresas são pautadas por uma lógica intricada cujo objetivo é sobrevalorizar os preços das mercadorias produzidas, envolvendo, por exemplo, a utilização de transgênicos e agrotóxicos massiçamente. Segundo, em todo o mundo, mesmo nos EUA, o agronegócio depende de largos subsídios estatais e protecionismos, sustentados com dinheiro provenientes dos impostos pagos pela população. Terceiro, o impacto ambiental é muito superior ao da agricultura familiar, fazendo com que as previsões a longo prazo apontem para um esgotamento desse modelo e, conseqüentemente para uma busca pelo lucro imediato e predatório. Por fim, como conseqüência disso, o uso da terra vai se destinar à produção que dê mais retorno imediato, e que no presente momento são os grãos que em boa parte vão se destinar ao consumo animal (na forma de ração) e, sobretudo, os agrocombustíveis.

No mundo real, isso se reflete nos preços dos alimentos nos mercados, em gente comendo menos e numa catastrófica fome mundial já anunciada pela ONU. Significativamente, o maior aumento foi o do preço do pão. Motivos para motins como os descritos por Thompson na Inglaterra do século XVIII não faltam, já que, sob a perspectiva de uma economia moral, podemos dizer que nos encontramos diante de um grave crime contra a vida humana.

Talvez por isso mesmo, em meio a tudo isso, um relativo silêncio midiático sobre a crise, assunto colocado meio que de escanteio para dar lugar a um grande circo armado em torno da morte da menina Isabela. Na capa da Veja, a condenação sem mais na manchete em letras garrafais: Foram Eles. A população revoltada, clamando por uma justiça que não encontra em sua própria e cotidiana vida, dando contornos de classe ao caso em afirmações como: “se eles fossem pobres já estariam presos”. Pedras, gritos, grafites, quanta energia de inconformismo direcionada ao escabroso assassinato que traz à tona tabus da nossa sociedade como o infanticídio, enquanto crianças são assassinadas de modo violento pelo estado nas favelas e periferias, ou mesmo condenadas a um futuro sem esperança, o que não deixa de ser um assassinato, lento, mas não menos violento.

Num filme francês chamado O Ódio, que trata da situação da juventude dos multiétnicos e explosivos subúrbios parisienses, um dos personagens conta uma história interessante. Ele fala de um homem que salta do alto de um prédio e, antes de chegar ao inevitável encontro fatal com o solo, durante a queda, a cada andar repete para si mesmo: “até aqui está tudo bem”. Em tempos de barriga vazia, onde falta o pão, o circo providenciado pela mídia permite o extravasamento da revolta, do sentimento de injustiça, ao mesmo tempo em que, suavizando a relevância e a gravidade da crise, nos autoriza a dizer que, até aqui, vai tudo bem.

Adriana Facina é antropóloga, professora do Departamento de História da UFF, membro do Observatório da Indústria Cultural e autora dos livros Santos e canalhas: uma análise antropológica da obra de Nelson Rodrigues (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2004) e Literatura e sociedade (Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004).

Fonte: Fazendo Media


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O dia em que o morro descer e não for carnaval

(Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro)

O dia em que o morro descer e não for carnaval
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
(é a guerra civil)

No dia em que o morro descer e não for carnaval
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral
e cada uma ala da escola será uma quadrilha
a evolução já vai ser de guerrilha
e a alegoria um tremendo arsenal
o tema do enredo vai ser a cidade partida
no dia em que o couro comer na avenida
se o morro descer e não for carnaval

O povo virá de cortiço, alagado e favela
mostrando a miséria sobre a passarela
sem a fantasia que sai no jornal
vai ser uma única escola, uma só bateria
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
que desfile assim não vai ter nada igual

Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga
nem autoridade que compre essa briga
ninguém sabe a força desse pessoal
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria
senão todo mundo vai sambar no dia
em que o morro descer e não for carnaval


RIO DE JANEIRO, JUNHO DE 2007 - MORRO DO ALEMÃO


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EVIDÊNCIAS E CONSEQÜÊNCIAS DO 11/9 NOS EUA

EVIDÊNCIAS E CONSEQÜÊNCIAS DO 11/9 NOS EUA

Por Marcelo Salles - salles@fazendomedia.com

"Evidências do Real" (Susan Willis) - Boitempo EditorialSusan Willis

Boitempo Editorial

128 páginas

R$ 32,00

Muito já foi publicado a respeito do significado e das conseqüências do ataque de 11 setembro de 2001 às torres gêmeas, em Nova York. Desde Noam Chomsky até os mais diversos colunistas de jornais e revistas do mundo inteiro, todos abordaram as dimensões políticas e militares do episódio. Assim como também analisaram as perspectivas das relações internacionais e até investigaram o trauma psicológico que se abateu sobre o povo estadunidense. Mas até a publicação de “Evidências do Real” (Boitempo) ninguém havia trazido para primeiro plano o impacto cultural daquele acontecimento, pelo menos não com a maestria de Susan Willis.

Em 127 páginas ela disseca as evidências daquele 11/9 na realidade subjetiva do povo estadunidense. Para tanto, observa desde o papel central exercido pelos meios de comunicação de massa ao uso de bandeirinhas dos EUA como demonstração de apoio ao governo Bush.

O livro é dividido em seis capítulos, além da introdução. Na abertura, é a máxima de Mao Tsé Tung quem indica o teor da obra: “O ensinamento de Mao está correto: em sua forma mais radical, uma revolução possui caráter cultural”, assinala o escritor Slavoj Zizek.

Se o líder comunista chinês versava sobre a luta contra o capitalismo, a professora Susan Willis desloca a centralidade da cultura e nos ensina que o peso subjetivo do 11 de setembro foi manipulado com exímia habilidade pelos neoconservadores de Washington. Em lugar de uma revolução anti-capitalista, tivemos um aprofundamento do capitalismo. Ao invés da revolução cultural preconizada por Mao, o que se viu foi uma involução cultural que sabotou qualquer possibilidade de resistência organizada em solo estadunidense. O país foi atacado em seu interior – territorial e mental.

Daí o feliz trocadilho do segundo capítulo, intitulado “Antraz are US”. Isto é: “Antraz somos nós” ou “Antraz são os EUA”. A autora mostra como o pânico do pó branco foi muito maior do que a real ameaça, enquanto ameaças reais não são vistas como tal. “Nem todos nós recebemos uma ameaça de antraz pelo correio, mas colhemos diariamente os frutos da combustão do carvão sob a forma de chuva ácida e gases provenientes do efeito estufa. O veneno também é um fato da vida industrial, vai dos solventes petroquímicos que absorvemos através da pele até o chumbo que inalamos e ingerimos. Substâncias tóxicas industriais contaminam o ar, a água e o solo”, afirma.

Claro está que numa sociedade pautada pelo espetáculo, tudo o que escapa ao circo parece não existir enquanto objeto merecedor de atenção. Como escreveu Guy Debord no livro “A sociedade do espetáculo”, vivemos tempos em que a própria mercadoria é espetacularizada tão visceralmente que sua utilidade vem sendo progressivamente substituída pelo fetichismo. O prazer se realiza no consumo e não no usufruto do objeto adquirido. “O espetáculo é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social. Não apenas a relação com a mercadoria é visível, mas não se consegue ver nada além dela: o mundo que se vê é o seu mundo” (página 30).

Um dos casos estudados por Susan Willis é o dos atiradores, que também causaram pânico na população, em grande parte devido à irresponsabilidade dos meios de comunicação de massa, para alegria dos que lucram com o desespero alheio. “O atirador sinaliza o avanço militar sobre a vida cotidiana e a transformação de nossas cidades em campos de batalha”, interpreta a professora. Aqui se encaixa com perfeição uma declaração de Bush durante o início do segundo genocídio ianque no Iraque: “I’m a war president”.

O presidente da guerra, isto posto pelo próprio em meio a risadas, é a chave para a compreensão do retrocesso cultural a que foram submetidos os Estados Unidos. Enquanto soldados destruíam parques arqueológicos e obras de arte datadas de milhares de anos, o imbecil chantageava a França com a mudança do nome das batatas fritas. “Se não se juntarem a nós, as ‘french fries’ vão passar a se chamar ‘freedom fries’”. A cultura da arrogância, da mediocridade, do “manda quem pode, obedece quem tem juízo” encontrou campo fértil nos EUA pós-11/9. Nunca tantos idiotas prosperaram tanto em tão pouco tempo.

No penúltimo capítulo, intitulado “O maior show da Terra”, a autora retoma a crítica à mídia de massa, que cuida de anestesiar pela imposição do terror. “Três anos após os ataques o sentimento de medo é estimulado pelos meios de comunicação, nos quais abundam o sensacionalismo, as mensagens dúbias e uma quantidade considerável do que poderíamos considerar evidentes mentiras (...) A CIA, o FBI e a NSA constituem uma babel de desinformação”. A proposta desse sistema é muito clara, inclusive com relação às válvulas de escape – até elas mantidas sob o controle da espiral do lucro acima da vida: “Como terapia contra o estresse, vamos às compras. Contra a ansiedade, comemos”.

Susan Willis passa a analisar o impacto do Ato Patriota, conjunto de leis aprovado apenas 45 dias após os ataques de 11 de setembro, que aumenta a regulamentação, o controle e a fiscalização das atividades cotidianas dos cidadãos norte-americanos, exacerbando o poder de policiamento do governo. Vale ressaltar a observação do cineasta Michael Moore, em seu documentário Fahrenheit 11/9: a maioria dos parlamentares que votaram pela aprovação do Ato Patriota não leu seu texto.

Não chega a surpreender que uma cultura ancorada na espetacularização imediatista produza políticos desta monta. Mas sempre assusta saber que sua ignorância causará impactos em todos os cantos do mundo, sobretudo quando se trata de aprovar bilhões de dólares para a maior máquina de matar da História, também conhecida como Exército dos EUA. E talvez seja este o grande mérito de Willis em “Evidências do Real”: retirar a cultura de seu suposto campo subjetivo e apresentá-la como algo palpável, tangível e, portanto, passível de ser utilizada como ferramenta para transformação da realidade.

Fonte: Fazendo Media


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Dez índios são feridos a tiros na Raposa Serra do Sol

da Redação Revista Fórum

Dez índios foram feridos a tiros hoje, por volta das 10h, quando construíam casas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Um deles, atingido por tiros na cabeça, está em estado grave. Os disparos teriam sido feitos por seguranças ligados a um dos arrozeiros que ocupam a área. As informações são do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Os agressores teriam chegado de moto e caminhonete ao local. Eles dispararam para impedir que os indígenas construíssem suas malocas. Os índios foram levados para Boa Vista. A terra indígena, homologada em 2005, é formada por uma área contínua de 1,7 milhão de hectares na fronteira do Brasil com a Venezuela. Em março, homens da Polícia Federal desembarcaram no local para fazer a retirada de não-índios, pequenos proprietários rurais, alguns comerciantes e um grupo de produtores de arroz. Houve resistência, confrontos e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou suspender a operação de desocupação.

Confira a nota do Cimi

“Conselho Indígena de Roraima

Carta nº. 355/08 – CIR Boa Vista – RR, 05 de maio de 2008.

Às autoridades,

Prezados Senhores,

Vimos a informar que na manhã de hoje (05/05/2008) às 10:00, foram baleados 10(dez) indígenas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol em Roraima, por disparos de arma de fogo efetuados por jagunços do arrozeiro Paulo César Quartiero.

Os indígenas são: ALCIDES, JEREMIAS, LENE, GLENIO, TIAGO, ERIVALDO, XAVIER, CLEBER e mais dois. O último indígena está em estado bastante grave, atingido por tiros na cabeça, ouvido e nas costas.

As comunidades indígenas da TI Raposa Serra do Sol estavam construindo suas casas em sua terra, quando uma caminhonete e 05 (cinco) motoqueiros, vindo da Fazenda Deposito, de ocupação do arrozeiro Paulo César, chegaram logo atirando por todos os lados no sentido de impedir que os indígenas construíssem suas malocas.

Um dos pistoleiros foi identificado como “Roberto”. Logo que efetuaram suas armas de fogo fugiram. Os indígenas estão sendo encaminhados a Boa Vista juntamente com a Policia Federal.

Inúmeras vezes o CIR e as comunidades indígenas têm denunciado que os arrozeiros invasores tem impedido o livre transito dos indígenas e levado pistoleiros para suas fazendas e nada tem sido feito. Os conflitos ora ocorrido na TI Raposa Serra do Sol, razão da disputa sobre a terra, vem confirmar a necessidade de punir o arrozeiro Paulo César Quartiero, mandante dos atos de violência e retirá-lo imediatamente de nossas terras.

As comunidades indígenas estão bastante revoltadas com tudo que tem ocorrido dentro de sua casa, onde são humilhadas, os bens destruídos e ainda seus membros ameaçados e baleados.

O Conselho Indigena de Roraima – CIR, diante das violações dos direitos humanos dos povos indígenas na TI Raposa Serra do Sol, vem solicitar providencias URGENTES e IMEDIATAS.

Atenciosamente,

Terencio Manduca

Vice-Coordenador do CIR"

Redação Fórum


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I Fórum Nossa São Paulo!



Atividades:*

Dia 15/05/2008

9:00
Debate - São Paulo vai parar? A crise de mobilidade na cidade
Diversos atores sociais envolvidos com mobilidade urbana: a pedestre Asuncion Blanco, a ciclista Renata Falzoni; Jackson Schneider, da Anfavea; Isao Hosogi (Jorginho), do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano; Wagner Gomes, do Sindicato dos Metroviários; Jorge Miguel dos Santos, do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo de São Paulo e Região (Transfretur); Alexandre Moraes, da Secretaria Municipal dos Transportes; Jóse Luiz Portella, da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo; Roberto Salvador Scaringella, presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET); Eduardo Jorge, secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente; Natalício Bezerra Silva, do sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo; Gilberto dos Santos, do sindicato dos Trabalhadores Motociclistas da Cidade de São Paulo e Renato Laurenti, portador de deficiência.

Moderação: jornalista Milton Jung

14:00
Propostas para melhorar o transporte público, o trânsito e os índices de poluição na cidade
14h às 15h - Apresentação Mobilidade Urbana - Paris

15h às 16h30 - Propostas emergenciais para melhorar o transporte público, o trânsito e os índices de poluição na cidade

16h30 às 18h30 - Propostas de médio e longo prazo para melhorar o transporte público, o trânsito e os índices de poluição na cidade

9:00
Abertura - Roda de conversa: "Sociedade Civil e Democracia Participativa"
Abertura - Saudação inicial
Danilo Miranda, diretor regional do SescSP; Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e integrante da organização Atletas pela Cidadania; Padre Jaime Crowe, da Sociedade Santos Mártires e do Fórum Social Zona Sul

Roda de conversa - "Sociedade Civil e Democracia Participativa"
Mário Sérgio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP; Cláudio Lembro, ex-governador de São Paulo Claudio Lembo; Cida Bento, especialista em igualdade racial e coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e da Desigualdade (CEERT); Raquel Rolnik , arquiteta e urbanista; Frei Betto, escritor e religioso dominicano; Eduardo Ferreira, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Atividade artística e cultural - A confirmar


Dia 16/05/2008

9:00
Encontro de organizações sociais latinoamericanas por cidades justas e sustentáveis (enfoque América Latina)
Expositores convidados: Expositores convidados: Carlos Córdoba, Bogotá (Colômbia), do Movimento Bogotá Como Vamos
Pedro Zapata, Cidade do México (México), do Concejo Nacional Del Água en México
Lake Sagaris, Santiago (Chile), de Mapas Verdes

14:30
Encontro de organizações sociais latinoamericanas por cidades justas e sustentáveis (enfoque Brasil)
Participantes: representantes da sociedade civil de cidades brasileiras
Dia 17/05/2008

9:00
Apresentação de propostas para uma cidade justa e sustentável - Parte 1
Participantes: Grupos de Trabalho (GTs) do Movimento e público presente. GTs fazem a apresentação das propostas sistematizadas por 30 minutos e o público poderá fazer perguntas e obter esclarecimentos por mais 30 minutos.
1) Democracia Participativa
2) Transparência Orçamentária
3) Indicadores da cidade
4) Trabalho e Renda

14:30
Apresentação de propostas para uma cidade justa e sustentável - Parte 2
Participantes: Grupos de Trabalho (GTs) do Movimento e público presente. GTs fazem a apresentação das propostas sistematizadas por 30 minutos e o público poderá fazer perguntas e obter esclarecimentos por mais 30 minutos.
5) Educação
6) Cultura
7) Esporte
8) Segurança Cidadã

Dia 18/05/2008

9:00
Apresentação de propostas para uma cidade justa e sustentável - Parte 3
Participantes: Grupos de Trabalho (GTs) do Movimento e público presente. GTs fazem a apresentação das propostas sistematizadas por 30 minutos e o público poderá fazer perguntas e obter esclarecimentos por mais 30 minutos.
9) Saúde
10) Habitação
11) Meio Ambiente
12) Urbanismo

13:00
Encerramento


Plenárias Finais de 15 a 18 de maio

Veja a programação
Faça sua inscrição - vagas limitadas!

Abertura - Roda de conversa: "Sociedade Civil e Democracia Participativa"
com Mário Sérgio Cortella, Cláudio Lembo, Frei Betto,
Raquel Rolnik, Cida Bento e Eduardo Ferreira


Participe do I Fórum Nossa São Paulo - Propostas para uma Cidade Justa e Sustentável. O objetivo do Fórum é estimular a formulação e a apresentação de propostas para os principais desafios sociais, econômicos, políticos, ambientais e urbanos de São Paulo.

Para participar, é só realizar encontros em grupos (na escola, no trabalho, no bairro, no condomínio...) e debater soluções para transformar a cidade.

Os encontros preparatórios e as propostas devem ser registrados neste portal para que constem da programação geral do Fórum.

Registro de propostas até 7 de maio

Plenárias finais do Fórum - 15 a 18 de maio


Saiba mais sobre o Fórum e como participar

Faça sua inscrição para as plenárias finais de 15 a 18 de maio

Veja a programação das plenárias finais de 15 a 18 de maio

Material de mobilização para o Fórum - baixe aqui



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Quando a defesa de privilégios raciais une direita, centro e esquerda e sai na Globo

por Dennis de Oliveira

Você imaginaria uma manifestação pública que unisse intelectuais tucanos, jornalistas de extrema-esquerda, um articulista de extrema-direita, um músico que protagonizou um movimento de rebeldia estética, uma liderança política que se afirma marxista, lideranças empresariais? Uma manifestação que vai contra uma política que proporciona a inclusão de um segmento social historicamente excluído? Uma manifestação que elogia medidas recentemente tomadas na emergência do neoconservadorismo nos Estados Unidos? E tudo com ampla cobertura do Jornal Nacional?
Pode acreditar que isto aconteceu. Foi o manifesto entregue no Supremo Tribunal Federal assinado por lideranças (?) e intelectuais (?) solicitando que a corte declare inconstitucional a adoção das cotas nas universidades com a alegação de que isto fere o tratamento igual, independente de raça, credo, etc. previsto na Constituição.
O que une esta aliança tão ideologicamente heterogênea? Os seus membros não são vítimas do racismo que impera sobre a população negra. São pessoas que não sofreram e não sofrem com os mecanismos de exclusão racial e querem ditar como esta população negra deve lutar pelos seus direitos. Será que este mesmo grupo aceitaria que os povos de matriz africana também decidissem como os judeus deveriam ser reparados após o Holocausto nazista? Será que também é contra as políticas de ação afirmativa implantadas no final do século XIX e início do século XX que beneficiaram os imigrantes europeus (provavelmente muitos destes são descendentes destes imigrantes e beneficiários diretos destas políticas de ação afirmativa)?.
A argumentação do manifesto é absurda. Parte do pressuposto de que políticas de ação afirmativa “racializam” a questão social, como se esta já não fosse racializada historicamente no país. A questão de que o problema da população negra é social e não racial não responde a seguinte pergunta: por que os negros são pobres? Porque o critério de ascensão social no país é racializado. Assim, não são as políticas de ação afirmativa que irão “racializar” as relações sociais, elas já são racializadas e ignorar isto é manter as assimetrias e desigualdade de oportunidades com marcas raciais no país.
Outro argumento no manifesto é que as políticas racializadas são excludentes. Cita o apartheid e as classificações étnicas feitas na época da colonização. O argumento é matreiro: compara uma reivindicação voltada para superação das desigualdades raciais com medidas tomadas por poderes racistas para a manutenção e ampliação das hierarquias raciais. Tem um fundo cristão neste argumento. Pedem para que a população negra, diante da violência que sofre do sistema, aja como Jesus Cristo: diante do tapa recebido, ofereça outra face.
Mas a lógica reacionária se mostra quando o texto do manifesto considera “um avanço” as declarações de inconstitucionalidade feitas pela Suprema Corte dos EUA das ações afirmativas naquele país. Não informam, os manifestantes, que esta ação da Suprema Corte ocorre dentro de um retrocesso conservador nos últimos anos nos EUA que tem como conseqüência o aprofundamento das desigualdades sociais naquele país, a concentração de renda e a emergência de uma extrema-direita cujas políticas são danosas para todos os povos. Não me surpreende que Reinaldo Azevedo defenda isto. Mas será que José Arbex, Ferreira Gullar, César Benjamin e outros endossam isto ou a paixão anti-cotas os faz aliar-se a idéias e pessoas conservadoras deste tipo?
E, finalmente, qual é a alternativa apresentada pelos signatários? Esperar uma melhora no ensino público para que as condições sejam iguais? Talvez ignorem os estudos feitos pelo economista Ricardo Henriques, do Ipea(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) de que a manutenção do atual grau de evolução dos indicadores sociais da população negra fará o conjunto deste segmento social atingir o atual estágio em que se encontra a população branca em 32 ANOS!!! Traduzindo: se a população branca ficasse parada nos atuais indicadores sociais e a população negra continuasse o ritmo atual de melhoria das suas condições sociais, em 32 ANOS TERÍAMOS A PRETENSA EQÜIDADE SOCIAL!!! Seria interessante estes intelectuais irem pedir à população negra para que aguardem uns 30 anos para conseguir a sua cidadania (só 30 anos, isto não é nada!).
O debate anti-racista no Brasil incomoda pelo seguinte motivo: combater o racismo implica, necessariamente, em redistribuir riquezas e isto significa perda de privilégios para alguns. Enquanto o combate ao racismo fica no aspecto etéreo, sem foco, como mera denúncia, a solidariedade é enorme. Não é politicamente correto assumir-se como racista, principalmente para quem se diz “intelectual” e “de esquerda”. Mas incomoda – e muito – quando o movimento negro supera a fase da denúncia e passa a exigir a eqüidade num país em que o bem estar é um privilégio e a socialização dele implica em perder privilégios. Em casos como este, fronteiras ideológicas se esvaem e esta aliança – que parece impossível de acontecer – não soa tanto estranha. E muitas figuras que, pelas suas posições político-ideológicas jamais teriam visibilidade na Globo, tiveram seus minutos de fama no Jornal Nacional.

________________________
Dennis de Oliveira é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, jornalista e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, presidente do Celacc e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro (Neinb/USP).
E-mail: dennisoliveira@uol.com.br

Fonte: Revista Fórum

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domingo, 4 de maio de 2008

Lia de Itamaracá não conta no PIB

O indicador que deveria medir a riqueza nacional ignora as relações culturais e afetivas estabelecidas num espetáculo artístico. Também não considera trabalho a criação dos filhos. Omissões como estas levam cada vez mais gente a indagar: para que serve um índice que só enxerga relações mercantis?

por Marcos Aurélio Souza

O Produto Interno Bruto brasileiro cresceu mais de 5% em 2007 e este foi motivo para celebrações vindas de todos os lados. Tal avanço econômico, somado a números bastante positivos no mercado de trabalho e investimentos em capital fixo, que aumentam a capacidade produtiva do país, também suscita certa onda de comemorações entusiasmadas ou comedidas. Contudo, o discurso comum só se torna possível porque enxerga crescimento econômico como equivalente ao aumento da riqueza da sociedade.

De fato, os números da economia brasileira para o ano passado aparentam ser encantadores. Entretanto, encantadora de verdade foi a presença de Lia de Itamaracá nas dependências do Sesc Pompéia, em São Paulo, um dia após a divulgação dos números da economia brasileira pelo IBGE. Uma mulher enorme, com cabelos longos, trançados orgulhosamente em estilo afro. Nossa mama África, nobremente vestida sob um longo vestido colorido; rainha majestosa, senhora de sua raça, um pouco - muito de seu povo e de sua cultura.

Nessa noite, ninguém parecia estar muito interessado com o “fantástico” resultado do PIB. Apenas esperavam Lia ocupar o palco, entoando as cirandas repletas da alma de sua gente. Entrou com andar calmo, nem muito lento, mas também sem arrastar chinela. Deu seu primeiro boa noite, com sorriso do tamanho de sua arte. Sendo a primeira resposta do público, que a essa altura já havia se levantado e tomado o salão da choperia, sonoramente tímida, ela repetiu a saudação alongando-a e elevando o volume da voz: boooa noooite, São Paulo! Dessa vez, a platéia correspondeu à altura e os primeiros batuques de ciranda puderam começar.

A força da música de Lia é inquestionável. O que se tem colocado cada vez mais em questão é validade da utilização do PIB como método de avaliação de progresso social ou baliza para se chegar à soma das riquezas geradas no país durante todo o ano. Aliás, estas definições freqüentemente utilizadas por governos, empresários, banqueiros etc., não são neutras. Deixam ocultas, sob um véu de vibração sóbria, típica dos economistas, as anomalias causadas por um tipo de crescimento que não respeita os limites dos recursos naturais, é agressivo à diversidade e acentua grandemente as exclusões sociais. De acordo com relatório da Organização do Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o PIB é um ícone de controvérsia estatística, porque “mede renda, mas não igualdade, mede crescimento, mas não destruição e ignora valores tais como coesão social e o meio ambiente” [1]

Ao tomar o PIB como paradigma, ficamos órfãos de indicadores que apontem os caminhos para evitar a autodestruição ou que mostrem o prazer, a satisfação e o bem estar

Em outras palavras, pode-se dizer que o Produto Interno Bruto capta as dimensões típicas das relações mercantis, que são, portanto, passíveis de monetarização. O valor que pode ser gerado ao se proporcionar à sociedade amplo acesso a bens culturais como o espetáculo de Lia de Itamaracá, não pode ser calculado para efeito do PIB, a não ser pelos ingressos vendidos. Mas a coisa vai além. Durante todo o espetáculo, Lia estimula o público a priorizar a educação, tomando a si mesma como exemplo; ela trabalha como merendeira no município de Itamaracá e dedica parte do seu tempo ao sobrinho, inclusive levando-o à escola. Certamente, Lia faz isso de coração, pensando no futuro da criança. Infelizmente, no PIB não se encontrou uma forma de calcular este tipo de determinação. Para ela ter esse trabalho contabilizado nas contas nacionais, fazendo a mesmíssima coisa, sem tirar nem pôr, como se diz no popular, teria de encontrar um emprego como babá. Segundo os autores do livro ’Novos Indicadores de Riqueza’, nos países desenvolvidos, o trabalho doméstico sem remuneração, executado com o suor diuturno de multidões de mulheres, ocupa o sexo feminino tanto quanto o trabalho remunerado. Isto leva os pesquisadores a inferirem que o PIB nessas nações simplesmente dobraria, caso tais horas de trabalho fossem monetarizadas [2]

As cirandas, maracatus e cocos do repertório de Lia fazem as pessoas se darem as mãos para formarem círculos e dançarem ao ritmo dos metais, ganzás, tarol e alfaia, tornando-se mais felizes e quentes. Mas, é o balanço da produção e do consumo sem limites, muito bem representados pelo PIB, que tem levado o planeta à ferveção. Lei básica da termodinâmica: tudo aquilo que se agita, eleva o grau de sua temperatura. O aumento do calor na terra, em função das mudanças climáticas provocadas pela forma como a sociedade resolveu se organizar economicamente e como decidiu medir seus resultados, nos colocou diante daquilo que Nicholas Stern, economista a trabalho do governo britânico, com pouquíssimas propensões a extremismos ecológicos, chegou a classificar de “único desafio aos economistas: a maior falha de mercado jamais vista” (leia em Stern Review Report ). O PIB mensura muitas coisas. Contabiliza positivamente a destruição de florestas e não desconta de seus resultados fatores de risco à civilização, como a emissão de CO2. Por exemplo, uma guerra eleva enormemente os números do PIB, pois os gastos com armamentos adicionam valor. Ao tomá-lo como paradigma, ficamos órfãos de indicadores que apontem os caminhos para evitar a autodestruição ou que mostrem o prazer, a satisfação e o bem estar emanados num show como de Lia de Itamaracá.

Incapaz de prestar conta dos reais avanços ou retrações sociais e de considerar os impactos ambientais provocados pela ação econômica em seus cálculos, a ditadura do PIB [3] vem sofrendo críticas crescentes. [4] . Os indicadores constituem ou são parte “daquilo que organiza nossas molduras cognitivas, nossa visão do mundo, nossos valores, nossos julgamentos. A predominância concreta de alguns deles não é, portanto, neutra” [5] . Se o PIB é construído sobre valores socialmente aceitos, é necessário reinventá-lo à luz das novas necessidades da sociedade. Talvez substituindo-o ou ampliando sua capacidade de abordar as novas complexidades sociais e econômicas do presente. Se assim ocorrer, possivelmente conceberemos um instrumento de medição de riqueza coerente com aquilo que o verdadeiro desenvolvimento humano pode nos oferecer de mais belo, valorizando bem mais a qualidade do nosso crescimento, ao invés da mera quantidade. Se isso for assegurado, Lia certamente encontrará na delicadeza de seu canto mais um sentido para manifestar-se. Toda as vezes que estiver no palco, contribuirá no cômputo geral de nossa medida de felicidade e bem estar.


[1] Organização do Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

[2] Gadrey, Jean & Jane-catrice, Florence Jany-catrice. Os Novos Indicadores de Riqueza. São Paulo. Senac. 2006. 48.

[3] Veiga, José Eli. "Nada Justifica o Apego ao PIB"; Valor Econômico, 22/10/2006.

[4] Parte da explicação é oferecida no já citado trabalho Novos Indicadores de Riqueza

[5] Op. Cit., p. 24.

Fonte: Le Monde Diplomatique


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sábado, 3 de maio de 2008

Os nosso espelhos


Eduardo Galeano

por Emir Sader


Os nosso espelhos

Uma vez ao mês, mais ou menos, ele – o nosso melhor escritor – nos brinda com uma crônica que fala de tudo e de todos, em poucas palavras e linhas. Diz tudo, com a contundência, a erudição e o fervor moral de quem desvenda as leis ocultas do nosso tempo e as torna legíveis aos olhos de todos. Como se estivesse atendendo ao pedido desesperado de Brecht, quando falava da maior das dificuldades para dizer a verdade: não era a de descobri-la, a de separar as essenciais das inócuas, mas a de fazê-la chegar a quem mais precisa delas, as maiores vitimas das mentiras do nosso tempo.

Para isso, escolher uma linguagem compreensível, buscar exemplos do cotidiano, falar do que importa para uma vida melhor, denunciar o inaceitável e levantar esperanças donde só se pode ver miséria, desencanto e morte. Para que a verdade seja reconhecível para quem vive embrulhado por inverdades, principalmente pelas mentiras do silêncio sobre o que é fundamental, invisível aos olhos e corações, como tarefa cotidiana da imprensa mercantil.

Cada tanto tempo ele nos regala com livros. Alguma vez me perguntaram que livro eu recomendaria a alguém que fosse ler um único livro e eu respondi: O mundo de cabeça para baixo. Agora tenho que acrescentar: no século passado. Neste recém nascido, eu diria: Espelhos – Uma história quase universal.

Ele se chama Eduardo Galeano, vive em Montevidéu, mas habita o mundo e os nossos corações. É o mais subversivo dos seres humanos, por isso o Brasil é o único pais dos que eu conheço, que não publica suas crônicas regularmente na chamada grande imprensa. Não querem dar tiro nos seus próprios pés – ou no próprio bolso, permitir comparações com os ventríloquos dos poderosos que eles publicam diariamente. Fazem bem. Censuram por razões compreensíveis, tornam mais saborosos ainda os textos do Galeano.

Espelhos:

Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos nos recordam.
Quando nos vemos, nós os vemos.
Quando nos vamos, eles se vão?

Essa a abertura. Na última capa:

Este livro foi escrito para que não se vão.
Nestas páginas se unem o passado e o presente.
Renascem os mortos, os anônimos têm nome:
os homens que levantaram os palácios e os templos de seus senhores;
as mulheres, ignoradas pelos que ignoram o que temem;
o sul e o oriente do mundo, desprezados pelos que desprezam o que ignoram;
os muitos mundos que contêm e esconde;
os pensadores e os sentidores;
os curiosos, condenados por perguntar,
e os rebeldes e os perdedores e os loucos lindos que foram e são o sal da terra.

Não digo mais nada, não cito mais nada, me entristeci quando terminei a leitura dos quase 600 relatos, aí me alegrei quando recomecei. Só lhes digo: leiam, leiam todos os seus relatos. Mas sobretudo leiam a história de Rosa María, a primeira negra alfabetizada no Brasil, como nasceu, como viveu e como desapareceu. Nos enfeitiçamos com ela e com os espelhos em que reconhecemos o mundo que criamos e recriamos todas as horas, mas em que fingimos não nos reconhecermos.

Espelhos de nós mesmos. Obrigado, Galeano.

Fonte: Blog do Emir Sader


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OS CASOS BIZARROS EM TORNO DO REVERENDO MOON (I)


"Reverendo" Moon

por Luiz Carlos Azenha

"O pregador da direita que odeia a América", por Robert Parry*, do Consortium News, em 2 de maio de 2008

Um das vantagens que a direita americana obteve ao investir dezenas de bilhões de dólares na mídia - dos programas de comentários em rádios à TV à cabo, da imprensa escrita à internet - é a capacidade de definir o que é e o que não é um "escândalo", um fator poderoso para determinar a vitória em eleições nacionais.

Por comparação, os progressistas americanos desvalorizam seus próprios investimentos na mídia. A disparidade leva ao espetáculo de ver os candidatos presidenciais democratas se submetendo às perguntas da [emissora de notícias conservadora] Fox News, enquanto ninguém espera que um líder republicano seja interrogado, por exemplo, pelo [site progressista] DailyKos.

Em outro nível, esse desequilíbrio da mídia promoveu os discursos do reverendo Jeremiah Wright à categoria de grande notícia, efetivamente alterando o curso da campanha de 2008, ao associar Barack Obama com as duras críticas do pastor - às vezes exageradas - ao governo dos Estados Unidos. No entanto, não é notícia que uma figura religiosa anti-americana investiu bilhões de dólares para financiar o movimento conservador dos Estados Unidos e colocou gordos pacotes de dinheiro no bolso de proeminentes republicanos, inclusive membros da própria família do presidente George W. Bush.

Enquanto o senador Obama tem de explicar o que ele sabia - e quando - sobre os discursos raivosos de Wright, a família Bush flutua sobre a sua associação financeira e política com o reverendo Sun Myung Moon, um teocrata sul-coreano que denunciou os Estados Unidos como a "colheita de satã" e comparou mulheres americanas a "prostitutas."

Em seus sermões, Moon foi muito além do "Deus condene a América" - o que Wright fez - e prometeu varrer a democracia americana e o individualismo enquanto constrói seu mundo de um estado só.

Quando o plano de Moon de "engolir toda a América" estiver completo, o reverendo disse a seguidores em um sermão que "alguns indivíduos vão reclamar. No entanto, eles serão digeridos."

Mas o ódio de Moon pela América não é considerado notícia, em parte porque Moon financiou o [jornal conservador] Washington Times desde 1982 ao custo de mais de 3 bilhões de dólares, de acordo com um ex-funcionário, George Archibald.

Moon também gastou muitos milhões de dólares para pagar conferências de conservadores e para salvar figuras-chave da direita quando elas enfrentaram dificuldades financeiras, inclusive o guru da mala direta dos republicanos, Richard Viguerie, e o falecido Jerry Falwell.

Além disso, Moon pagou grandes quantias ao ex-presidente George H. W. Bush por discursos - alguns milhões de dólares - e apresentou o irmão de George W. Bush, Neil, em eventos recentes da Federação Universal da Paz, patrocinada por Moon.

Em 2004, republicanos agradecidos deram a Moon o direito de usar uma sala de escritório num prédio do Senado para que ele fosse coroado "Rei da Paz" em uma cerimônia que seguidores anunciaram como prova de que o governo dos Estados Unidos havia se rendido ao novo Messias.

Ainda assim, apesar de Moon ter acumulado influência injetando grandes somas de dinheiro misterioso no processo político dos Estados Unidos - inclusive para a família Bush - ele conseguiu evitar o intenso escrutínio que se aplica ao reverendo Wright, que até recentemente era um pregador pouco conhecido no bairro do South Side, em Chicago.

Enquanto os trechos de sermões de Wright, postados no You Tube, se tornaram atração diária em programas da TV americana, a influência de Moon na direita e a boa vontade dele com a família Bush são não-notícias. Isso apesar de Moon ser acusado de representar um nexo entre o crime internacional e a elite política dos Estados Unidos.

Quando se discute Moon ele geralmente é apresentado simplesmente como o líder doido do culto da Igreja da Unificação que, de alguma forma, transformou a venda de flores por parte dos seguidores dele em uma vasta fortuna global.

O que quase nunca se fala é das antigas relações dele com o crime organizado e o contrabando internacional de drogas, inclusive com as gangues japoneses da Yakuza e traficantes de cocaína sul americanos. Mesmo testemunhos de primeira mão sobre a lavagem de dinheiro praticada por Moon, como os de sua ex-nora Nansook Hong, não atraem a mídia americana.

Quem é Moon?

Moon nasceu em 6 de janeiro de 1920, em uma região rural do noroeste da Coréia, a península montanhosa então ocupada pelo Japão, uma ocupação tão brutal que continuou durante os primeiros 25 anos da vida dele. Forças aliadas liberaram a península em 1945 e então dividiram a Coréia em duas partes, o sul ocupado pelos Estados Unidos e o norte por tropas soviéticas.

No período pós-guerra, Moon, que havia sido criado dentro de uma seita cristã, mudou-se para o sul da Coréia e se juntou a um grupo místico chamado de Israel Suo-won. O grupo pregava a iminente chegada de um Messias coreano e praticava um estranho rito sexual chamado "pikarume", no qual os ministros purificavam as mulheres através de relações sexuais, a chamada "benção do útero."

Enquanto desenvolvia a sua própria teologia, Moon voltou para o Norte, governado pelos comunistas, onde logo enfrentou problemas legais. Ele foi preso duas vezes pelas autoridades locais, aparentemente sob acusações morais ligadas aos ritos sexuais com mulheres jovens. Os seguidores de Moon, no entanto, tentam retratá-lo como vítima da repressão comunista, dizendo que ele não foi preso por questões sexuais, mas por espionagem.

Qualquer que seja a história real sobre a detenção dele na Coréia do Norte, a sorte de Moon logo mudou. Em 14 de outubro de 1950, com a guerra em andamento na península, tropas das Nações Unidas invadiram a prisão onde ele estava, libertando Moon e outros presos. De acordo com o que diz a Igreja da Unificação, Moon foi a pé para o Sul, carregando nas costas um prisioneiro ferido, Pak Chung Hwa.

Por anos, autoridades da igreja publicaram uma foto que seria de Pak nas costas de Moon, atravessando um rio. Mas boa parte disso parece ser propaganda. Várias fontes da igreja admitiram que a foto era falsa, que Moon não era o homem que aparecia nela e que ele não estava no lugar em que a imagem foi feita.

A jornada de Moon em direção ao Sul terminou no porto de Pusan, onde ele retomou o trabalho missionário. Mais tarde ele se mudou para Seul, a capital da Coréia do Sul, onde ele fundou sua própria igreja em maio de 1954. Ele a batizou de T'ong-il Kyo, ou Associação do Espírito Santo para a Unificação da Cristandade do Mundo. Ficou conhecida como Igreja da Unificação.

No centro da teologia de Moon estava uma nova versão de uma história do Velho Testamento sobre a queda do homem. Em vez da mordida na maçã proibida, Eva copulou com Satã e depois transmitiu o pecado ao fazer sexo com Adão.

Milhares de anos depois, Deus mandou Jesus restaurar o homem à pureza original, ensina Moon. Mas Jesus fracassou ao ser traído pelos judeus e morreu antes de ser pai de uma criança pura.

O sexo, portanto, permaneceu no centro da teologia de Moon, com a necessidade do Messias de purificar a raça humana através da reversão da contaminação causada pela sedução de Eva pelo Satã.

Moon ensinou que o fracasso de Jesus de começar o processo de purificação levou Deus a mandar um segundo Messias, ou seja, o próprio Moon. Ele via sua tarefa como a de começar o processo de purificação e assim estabelecer o Reino de Deus na Terra.

O objetivo final seria a criação de uma teocracia mundial governada por Moon e seus seguidores e limpa da influência do Satã. Poder político e religioso andam juntos, ensina Moon. "Não podemos separar o campo político do campo religioso", disse.

Mas na Coréia do Sul ele descobriu que o governo continuava a ser obstáculo para seus planos religiosos. Quando concentrou seu trabalho religioso em jovens estudantes universitárias, especialmente em escolas cristãs exclusivas para mulheres, Moon enfrentou novos problemas legais.

O governo da Coréia do Sul prendeu Moon em 1995 alegadamente por conduzir ritos sexuais de "purificação", de acordo com relatórios dos serviços de inteligência dos Estados Unidos que agora se tornaram públicos. Ele foi libertado três meses depois quando nenhuma das jovens testemunhou por medo de humilhação pública, de acordo com um sumário do FBI sem data divulgado por ordem da Justiça depois de um pedido feito através do Freedom of Information Act.

"Durante os próximos dois anos, na mídia da Coréia do Sul o reverendo Moon foi motivo de humor escandaloso", diz o relatório do FBI.

Seis Marias

Autoridades da igreja negam que Moon tenha participado de ritos sexuais. Mas as acusações voltaram a receber atenção, em 1993, com a publicação, no Japão, do "A Tragédia das Seis Marias", um livro escrito por um discípulo de Moon, Pak Chung Hwa, aquele que o reverendo teria supostamente carregado até a Coréia do Sul.

De acordo com o livro de Pak, Moon ensinava que Jesus faria a limpeza da humanidade praticando sexo com seis mulheres casadas, que por sua vez fariam sexo com outros homens, passando assim a purificação para outras mulheres, até que todos teriam o sangue puro.

Pak alegou que Moon assumiu como seu dever pessoal, de segundo Messias, fazer sexo com as "seis Marias." Mas Pak acusou Moon de abusar da prática transformando as "Seis Marias" em uma espécie de clube rotativo de sexo. Pak disse que a primeira esposa de Moon pediu divórcio depois de flagrá-lo em um ritual sexual.

Ao todo, Pak calculou que houve ao menos 60 "Marias", muitas das quais acabaram destituídas depois que Moon as descartou.

De acordo com testemunho de uma das "Marias", de nome Yu Shin Hee, ela encontrou Moon no início dos anos 50 e se tornou uma seguidora junto com o marido. Devota da igreja, foi abandonada pelo marido e ficou com cinco filhos, que colocou num orfanato quando concordou em se tornar uma das "Seis Marias" de Moon.

Mas Yu Shin Hee diz que Moon se cansou dela depois da primeira "troca de sangue", uma frase usada para descrever as relações sexuais. Ainda assim, ela foi requisitada a fazer sexo com outros homens. Sete anos depois, sem dinheiro, tentou retomar os filhos, que a rejeitaram.

Quando Moon engravidou outra mulher, mandou-a para o Japão, onde nasceu um menino, de acordo com o livro de Pak. Moon admitiu que era o pai da criança, que morreu em um acidente de trem aos 13 anos de idade. Mas, de acordo com Pak, Moon se negou a admitir a paternidade de outras crianças ilegítimas que teve com fiéis.

"Ao avançar os seus ensinamentos, ele violou mães, filhas e irmãs", Pak escreveu. (Depois da publicação de "A Tragédia das Seis Marias", a Igreja da Unificação denunciou as acusações como falsas. Sob intensa pressão, Pak Chung Hwa concordou em se desmentir. Mas o que ele conta no livro confere com relatórios de serviços de inteligência e entrevistas com ex-integrantes da igreja feitas na mesma época).

As histórias de encontros sexuais de Moon foram corroboradas pela nora Nansook Hong, que rompeu com a chamada Verdadeira Família de Moon em 1995, alegando que sofreu abusos nas mãos do filho mais velho do reverendo, Hyo Jin Moon, durante o casamento que durou 14 anos.

Nansook Hong, em seu livro "Na Sombra dos Moons", de 1998, disse que membros da família, inclusive Moon, admitiam que ele tinha tido sexo "providencial" com mulheres em seu papel de Messias. Nansook Hong disse que descobriu sobre os affairs de Moon quando o marido dela, Hyo Jin, passou a justificar suas aventuras como mandadas por Deus, da mesma forma que o pai.

"Fui diretamente à senhora Moon com as alegações de Hyo Jin", Nansook Hong escreveu. "Ela ficou furiosa e chorou. Ela disse que tinha esperança de que a dor terminaria com ela, que não seria passada à próxima geração".

"Ninguém conhece a dor causada por um marido infiel como a Verdadeira Mãe, ela me assegurou. Eu fiquei chocada. Todos tínhamos ouvido os rumores sobre os affairs de Sun Myung Moon e as crianças que ele teve fora do casamento, mas lá estava a Verdadeira Mãe confirmando a veracidade das histórias."

"Eu disse a ela que Hyo Jin havia me dito que dormia com outras mulheres por inspiração de Deus, assim como o pai. 'Não, o Pai é o Messias, não Hyo Jin. O que o Pai fez foi planejado por Deus.'"

Mais tarde, em uma discussão sobre sexo fora do casamento, Moon disse a Nansook Hong pessoalmente que "o que aconteceu no passado foi 'providencial'", ela escreveu no livro.

Quanto aos rituais de purificação, Nansook Hong disse que os rumores acompanharam a igreja por décadas, apesar dos desmentidos oficiais.

"Nos primeiros dias da Igreja da Unificação, membros se encontravam numa pequena casa com dois quartos", Nansook Hong escreveu. "Era conhecida como a Casa das Três Portas. Havia rumores de que na primeira porta se tirava o paletó, na segunda as roupas e na terceira as roupas de baixo, em preparação para o sexo."

Quanto ao livro de Chung Hwa Pak, "ATragédia das Seis Marias", Nansook Hong disse que Moon conseguiu persuadir o autor a voltar à igreja e a desmentir o que havia escrito. "Sempre me perguntei qual foi o preço", Hong escreveu.

Madeleine Pretorious, uma integrante da Igreja da Unificação da África do Sul, também trabalhou em proximidade com o filho temperamental de Moon, Hyo Jin, e soube através dele que as histórias negadas sobre os ritos sexuais de Moon com fiéis eram verdadeiras.

"Quando Hyo Jin descobriu sobre os rituais de purificação do pai perdeu a impetuosidade", Pretorious me disse em uma entrevista depois que ela deixou a igreja, na metade dos anos 90.

No final de 1994, durante conversações com Hyo Jin na suíte do hotel New Yorker, "ele me confidenciou muitas coisas", Pretorious disse. Ela também havia descoberto que o reverendo Moon tinha tido um filho fora do casamento no início dos anos 70. Ele arranjou para que a criança fosse criada por um antigo aliado, Bo Hi Pak, Pretorious contou.

O menino - já um jovem - havia procurado Hyo Jin porque queria ser reconhecido como meio-irmão. Pretorious disse que confirmou o caso mais tarde com outros integrantes da igreja.

Robert Parry foi repórter da Associated Press e da Newsweek e é autor de três livros sobre a família Bush

Fonte: Vi o Mundo


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POR QUE NÃO TEM TIROTEIO ENTRE POLÍCIA E BANDIDO EM SP?

Marcola divide a receita com a Polícia de São Paulo

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1105


Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

. O Conversa Afiada há muito tempo sustenta que não há tiroteio entre a Polícia e os criminosos em São Paulo, porque a Polícia de São Paulo é sócia dos criminosos.

. E especialmente do PCC, que tem o virtual monopólio do crime em São Paulo, com a conivência da Polícia.

. O Conversa Afiada também sustenta que o PCC só acaba quando a Polícia Federal entrar no assunto.

. O presidente eleito, José Serquércia não está nem aí.

. Isso não é problema dele.

. O problema dele agora é o Farol de Alexandria, que disse que apóia Alckmin – clique aqui para ler.

. Ué, mas o Serquércia não era o gênio da política ?

. A Eliane Cantanhêde não disse que ele é “o mais consistente” dos candidatos a Presidente da República ?

. Clique aqui para ler “Serra e FHC, os gênios da política” - .

. Para voltar à joint-venture crime-polícia, em São Paulo.

. O Estadão publicou esta semana que dois policiais civis de São Paulo tomaram uma grana do cunhado do Marcola, líder do PCC.

. (A propósito: para ajudar o Serquércia, o jn não fala em “PCC”. É “crime organizado”, “conjunto que desafia a lei”, “grupo que age na ilegalidade” etc e tal. É como se o PCC não existisse ...)

. E que o secretario-adjunto da segurança, Lauro Malheiros Neto, em pleno Governo do Serquércia, aliviou os policiais.

. O secretário-adjunto da Secretaria de Segurança deu por telefone a ordem para re-integrar os policiais corruptos.

. Clique aqui para ler - .

. Hoje, o mesmo Estadão informa que “policiais roubaram carga de R$ 1 mi” – “ex-mulher de investigador diz que R$ 100 mil foram repassados para secretário-adjunto, que nega a acusação”.

. Quem é o secretário-adjunto ?

. Secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública, vejam só: o mesmíssimo Lauro Malheiros Neto.

. Quer dizer: toma-se grana do PCC e rouba-se carga, assim, numa boa, dentro da adjunta Secretaria de Segurança.

. E, depois, o PiG reclama que a Polícia do Rio participa de tiroteios para assumir o controle de áreas antes dominadas pelo tráfico.

. Em São Paulo não tem tiroteio: tem grana.

Fonte: Conversa Afiada
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