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por Luiz Carlos Azenha
Surpreendente encontrar uma afirmação destas na mídia americana. Mas, sob o título "Dê Adeus à Mão Invisível", é isso o que diz Steven Pearlstein no Washington Post de hoje.
"Não faz muitos anos gente respeitável concordava qual a direção que o mundo ia tomar. O comunismo tinha sido derrotado pelo capitalismo e uma espécie particular de capitalismo - o tipo empreendedor, de mercado, encontrado nos Estados Unidos e Reino Unido - tinha provado ser superior ao mais corporativo e estatista praticado no Japão e na Europa Ocidental", diz o articulista.
Agora, afirma, o consenso acabou. "The current era of free-market capitalism seems to be giving way to something else", diz o articulista. Ele acha que o colapso das negociações comerciais em Genebra é o marco desta mudança.
Diz que não adianta culpar os protecionistas. "A culpa é da comunidade de negócios que continua a apoiar políticos republicanos que se negam a aumentar impostos para levantar o dinheiro necessário à rede de proteção dos trabalhadores americanos que uma economia de livre mercado não criou e não vai criar", diz ele.
Ele aponta três setores em que a "mão invisível" fracassou: no sistema de saúde, nos mercados de energia e nos setores financeiro e imobiliário. Ou seja, praticamente em tudo o que diz respeito aos seres humanos, diria eu.
Nesse contexto, é curioso que uma das propostas do candidato republicano John McCain para reduzir o preço da gasolina seja autorizar a perfuração de petróleo em alto mar - que, de acordo com os economistas, terá um impacto apenas marginal na produção mas trará grandes riscos para o meio ambiente.
A maioria dos eleitores parece acreditar que esta seja uma saída e McCain embarcou na proposta para horror dos ecologistas e vibração das petroleiras. A Exxon Mobil acaba de obter o maior lucro de uma empresa americana em um trimestre - 11,6 bilhões de dólares. Se fosse um país a Exxon estaria em décimo oitavo lugar em PIB do mundo, com 138 bilhões de dólares.
A anotar, ainda, a festa que acompanhou o desembarque, na Índia, do negociador comercial daquele país, apontado como o homem que jogou duro e não cedeu diante das pressões dos Estados Unidos e da Europa. Presumo que o chanceler Celso Amorim, que durante as negociações recebeu a ordem do presidente Lula para "flexibilizar", não tenha tido a mesma recepção. Os tempos são mesmo outros.
Fonte: Vi o Mundo
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