terça-feira, 29 de abril de 2008

Uma montanha de abutres

Por Emiliano José

O que pretende a mídia com essa cobertura do caso da menina morta? Para quem não é refém desse tipo de espetáculo provoca náuseas. É o eterno retorno. É sempre assim: trata-se de pegar um caso, aquele que cai como uma luva para as pretensões midiáticas, e envolver, capturar o pacato cidadão, a pacata cidadã. E o País, como no final das novelas, pára: só discute aquele assunto. A vítima, em duplo significado, é a menina morta – Isabella Nardoni. Durante esses dias todos ela foi esquartejada pela imprensa – apareceu sob todos os ângulos, como sob todos os ângulos apareceu o casal assassino. Sim, porque a mídia já decidiu, para além de investigações, que o casal a matou.

E o casal pode até ter matado. Mas, que direito tem a mídia de pré-julgar, como o faz rotineiramente? Não teria. Mas se julga no direito de fazê-lo e nada acontece. Ela pode, pode tudo. Ou ao menos pensa e age dessa maneira. Poderíamos, quem sabe, recorrer a Theodor Adorno com sua densa análise sobre a indústria cultural – tudo transformado em mercadoria, inclusive as emoções, os sentimentos, que são construídos e reconstruídos permanentemente pela mídia. Nem o inconsciente, tão presente num tipo de cobertura como essa, pode ser pensado individualmente. Ele é suscitado constantemente, chamado a cada minuto pela mídia, e se manifesta das mais variadas maneiras – o chamado inconsciente coletivo. O que é raiva da multidão? É uma raiva natural? Ou, de alguma forma, essa raiva é chamada à cena?

Poderíamos, também, falar na sociedade do espetáculo, e aí recorreríamos a Guy Debord. Que é tudo isso senão um impressionante espetáculo, que busca no terreno do sórdido, dos sentimentos mais obscuros da alma humana, a sua matéria-prima, usada à saciedade? E a partir do acontecimento, parece que tudo agora coloca-se à disposição da cena, da montagem do espetáculo, da lógica da mídia, sempre pronta, preparada para o espetacular. Todos os atores são colocados em cena, para além de suas vontades, sem que consigam perceber que se preparam constantemente para a cena. A vítima, porque nada pode fazer para impedir a utilização. Os réus – é, a mídia já os decidiu nesse lugar – são atores privilegiados e ocupam espaço no fantástico show global da vida, sem que talvez sequer percebam estarem sendo utilizados para esse espetáculo.

A polícia e o Ministério Público entram no jogo. É visível como tudo muda quanto os microfones são colocados à frente da fonte, das autoridades. Todos se submetem, se orientam de acordo com lógica do espetáculo. Tudo está situado de acordo com as câmeras, com as luzes que ofuscam e condicionam. E a população também. Uma parte dela envolve-se diretamente: vai à porta da delegacia, apedreja, quer sangue, condena os que a mídia decretou como assassinos. Quer linchar. A mídia sabe que estimula esse procedimento. Não é inocente. Outra parte da população opina – para as câmeras, para os repórteres que aparecem daqui e dali, de todo lugar que se tem pra partir. Claro que essa opinião foi construída previamente, foi pacientemente tecida pelos conceitos embutidos na notícia, se é que se pode qualificar de notícia uma cobertura com essa característica. Ou a chamada notícia é isso mesmo? Há lágrimas na multidão, há rostos encolerizados, há desejo de violência. A mídia não pergunta sobre as conseqüências de sua atividade, reitere-se. Ela vende o que lhe interessa.

Foi, na história bíblica, Jesus quem clamou “Pai, eles não sabem o que fazem”, não foi? Creio que foi. Esse clamor não pode partir da mídia. Ela sabe o que faz. Sabe que está mexendo com sentimentos profundos, ancestrais. Está lidando com a vida e a morte. Com a violência que vem do íntimo de uma sociedade envolvida pela banalidade do mal – e agora visitamos Hannah Arendt. Com a violência contra as crianças. Que importa? O que interessa é aquela criança morta – branca, de classe média. “Que pauta!” – gritará logo o chefe de reportagem. “Vamos colocar todo o reportariado em cima da menina morta”. “Vamos fungar no cangote deles!” “E seguiremos até quando sobrar fôlego, e quanto mais demorar para chegar a conclusões mais definitivas, tanto melhor”.

Não, a mídia não tem perguntas sobre o entorno social. Parece, dada a natureza hiperbólica da cobertura sobre a menina morta, que não há outras meninas mortas, e há aos montes, infelizmente. Todo dia. Sem exceção. Meninas e meninos são maltratados, não são cuidados como deveriam pela sociedade, não são cuidados devidamente por suas famílias. Até porque as famílias assim descuidadas estão doentes – aqui no sentido mais amplo, social, psicológico.

É o pai que maltrata a filha, que bate. É o pai que estupra continuamente a filha ou o filho. É o pai que mata. É a mãe que abandona ou que bate ou que mata. Não há nenhum exagero no que digo, infelizmente. O que há é uma subestimação estatística de tudo isso. Uma tentativa da sociedade de considerar esse quadro de violência como algo confinado a quatro paredes, onde a lei não entra. A banalidade do mal. Ainda bem que temos o Estatuto da Criança e do Adolescente, que se constitui numa das legislações mais avançadas relativas à proteção integral à criança e ao adolescente. Lamentavelmente, no entanto, apesar dos avanços, ainda falta muito para que seja cumprido com o devido rigor.

Se os conceitos de indústria cultural ou de sociedade do espetáculo ou de banalidade do mal não nos bastam para entender a cobertura da menina morta, vamos ao cinema. Assistir, então, ao A Montanha dos Sete Abutres, fantástico filme de Billy Wilder. Ali se compreenderá o que é a mídia – não importa a morte de milhares de pessoas, importa o drama, a morte de uma. Charles Tatum, jornalista – o protagonista, vivido por Kirk Douglas, num impecável desempenho – leva essa compreensão às últimas conseqüências, praticamente deixando morrer, com suas táticas de postergação do salvamento, o sujeito preso no buraco de uma caverna. Quem assistir a esse filme, feito há quase 60 anos – exatamente em 1951 –, verá o quanto a imprensa continua a mesma.

Com algumas mudanças, que a roda gira. Afinal, nada será como antes. A mídia hoje está muito mais sofisticada, não só pelos meios, mas por suas mudanças conceituais. Não há mais lugar para crises de arrependimento, como aquela que acomete Tatum depois da morte do homem preso na caverna. Havia espaço para a reflexão ético-moral, nem que a posteriori. Havia, na culpa de Tatum, a idéia de um sentido de missão na mídia.

Hoje tudo se justifica em nome da absoluta mercantilização da notícia. A ética vale para referir-se a políticos, aos outros. O inferno são os outros, para a mídia. Ela é, sempre, o implacável justiceiro, não submetido a regras democráticas e, portanto, incapaz de aceitar que cometa erros. Hoje ela não deixa sequer que os mortos descansem em paz.


Por Emiliano José
Fonte: Revista Carta Capital
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Jornal Nacional omite pesquisa CNT/Sensus

JN omite CNT/Sensus

Por Eduardo Guimarães

Imagino que ninguém, em seu juízo perfeito, discordará da premissa de que jornalismo existe para informar. Portanto, você, leitor, seja de que ideologia for, tenha a opinião política que tiver, certamente me apoiará na afirmativa de que não cabe a qualquer meio de comunicação escolher o que seu público deve ou não saber.
Se você que me lê, independentemente de concordar comigo, discordar de mim ou não ter opinião formada apóia a premissa que escrevi no parágrafo anterior, seguramente concordará se eu disser que é uma aberração que a edição do Jornal Nacional do primeiro dia desta semana tenha omitido uma notícia que esteve o dia inteiro em destaque em todos os portais de internet - inclusive no G1, da Globo - e em todos os outros telejornais da noite.
A notícia à qual me refiro, como você já deve ter percebido, é a de que a pesquisa de opinião CNT/Sensus detectou que a aprovação popular ao governo Lula e ao titular desse governo acaba de bater novo recorde, e de que a maioria dos brasileiros apóia um terceiro mandato para o presidente da República.
O responsável por essa "belezinha" de jornalismo tem nome: Ali Kamel. Ao menos é assim que esse indivíduo aparece nos créditos que voam pela telinha ao fim de cada edição do Jornal Nacional.
A decisão de um órgão de imprensa de privar seu público de tão importante informação só porque um de seus manda-chuvas não gosta dela, caro leitor concordante, discordante ou indeciso, parece ter alguma lógica para você?
Para mim não tem. Qualquer um que tenha acesso à internet ou que conheça alguém que tem acesso à internet ou que assistiu a algum telejornal na noite da sonegação informativa do JN ficou sabendo não só o que o telejornal omitiu, mas também de sua omissão.
Do lado de fora dos círculos de apoiadores ou detratores convictos do governo Lula, as pessoas têm mentes mais aptas a julgar fatos políticos com isenção, pois não são apaixonadas por nenhum dos lados. O que será, então, que esse tipo de cidadão achou de Ali Kamel surrupiar-lhe a informação?
Mas se fosse só isso, não seria nada. O ensandecido Ali Kamel achou também que seria uma boa oportunidade para reafirmar que o jornalismo da Globo continuará tentando desmoralizar supostos candidatos à sucessão de Lula que, na visão desse maluco - e de outros como ele -, ameaçam o projeto de José Serra de se eleger presidente em 2010 e, assim, mandou suas marionetes atacarem o irmão de Ciro Gomes e, claro, a mesma Dilma Rousseff que a CNT/Sensus mostrou que, ao invés de "encolher", cresceu.
E depois Globo, Folha, Veja e Estadão não entendem por que perderam o poder que tinham de influenciar politicamente a sociedade.

Fonte: Blog Cidadania.com

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O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil (III)

Por Antônio Mello

A Rede Globo consegue mudar até o fuso horário do Brasil.

O Brasil inteiro dormia e acordava inocente da necessidade premente de o Acre, o Pará e mais algumas dezenas de municípios do Amazonas mudarem seu fuso horário. Mas foi só as emissoras de TV (à frente a hegemônica Rede Globo) terem que adequar sua programação aos fusos horários do país, respeitando a classificação indicativa, para que a necessidade de uma mudança geral acontecesse.

Veja bem, esse fuso horário foi adotado em 1913, mas só agora, quase cem anos depois, após ameaças da Rede Globo de apenas transmitir em VT os jogos de futebol para aqueles estados da região Norte, descobre-se que ele prejudica atividades econômicas, tem mau hálito e chulé.

O presidente Lula sancionou na última quinta-feira o projeto de lei do senador petista Tião Viana, lá do Acre, que diminui em uma hora o fuso daquela região, em relação a Brasília. Com isso, descobrimos que há quase cem anos eles são prejudicados, pois agora o novo fuso lhes vai proporcionar economia de energia, integração de transportes e facilitará as transações econômicas com os demais estados. Parece piada.

O Altino Machado, nosso blogueiro acreano, postou uma foto da capital, Rio Branco, no novo horário em que as crianças sairão para as escolas e os trabalhadores para o trabalho. Clique aqui para vê-la. É um breu. Mesmo assim o presidente assinou o projeto que entrará em vigor daqui a 60 dias, para alegria da Globo.

Por isso reproduzo a seguir trechos de uma postagem de junho do ano passado:

As Organizações Globo têm um peso descomunal no Brasil. Esse peso descomunal deve ser discutido no Congresso. É necessário que se criem mecanismos regulatórios para garantir a liberdade de expressão. E a liberdade só pode existir se for plural, se não houver uma instância - como as Organizações Globo - com o poder de influenciar mais de 70% da população. Mecanismos que proibissem – como acontece em outros países, inclusive os EUA - a concentração de veículos de comunicação nas mãos de um só grupo, numa mesma cidade ou estado. Aqui no Rio, por exemplo, as Organizações Globo têm a TV Globo (RGTV), os jornais mais vendidos - O Globo e Extra -, estações de rádio - Globo, CBN... - além da revista Época, do portal de notícias etc., etc.

(...)... Até quando se vai permitir a concentração de poder que as Organizações Globo têm no país? Isso não faz bem para a informação livre, muito menos para a democracia. Ao contrário: não permite uma e ameaça a outra.

Fonte: Blog do Mello

Leia e assista também:

» 'Além do Cidadão Kane': Assista na íntegra o vídeo proibido pela Rede Globo

» Baixe o vídeo proibido pela Globo para seu computador

» Vídeo: Brizola detona Globo em 50 segundos

» Vale a pena ver de novo: Cid Moreira lê direito de resposta de Brizola no Jornal Nacional

» Requião diz que Rede Globo é insaciável e denuncia chantagem da mídia

» Demitido, repórter da TV Globo acusa emissora e Ali Kamel de manipularem cobertura política

» Aniversário do Rio: O Globo chora lágrimas de crocodilo pela cidade


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FHC entregou o petróleo aos ban...queiros

Por Antônio Mello

Mais uma dos arquivos do jornalista Aloysio Biondi. Este artigo foi publicado na revista Caros Amigos, em março de 2000. E mostra a indignação do jornalista com o entreguismo do governo tucano de FHC.

O assunto é atual, pois trata da descoberta, à época, dos campos de Marlim e Roncador, exatamente como estão sendo descobertas novas reservas de petróleo agora. Só que o governo FHC, segundo Biondi, entregou de mão beijada um dinheiro que poderia vir integralmente para o país a “espertos” empresários:

(...)... o povo brasileiro, com as reservas de petróleo, e mais ainda, com os campos fantásticos descobertos pela Petrobrás, tirou a Mega-Mega Sena. Virou trilionário. Mas não sabe disso. O povo não sabe, o Congresso não sabe. Por isso, o governo FHC prepara-se para nova rodada de leilões destinados a entregar o petróleo brasileiro a multinacionais. Ou, mesmo, já vem entregando indecentemente o petróleo descoberto peta Petrobrás, que pertence efetivamente a cada cidadão brasileiro, a meia dúzia de empresários nacionais e banqueiros nacionais e estrangeiros. Exemplo? O fantástico campo de Marlim, com sua produção de 400.000 barris/dia, por exemplo, foi “repartido” agora com meia dúzia de sócios que se juntaram em uma empresa de fundo de quintal para... fornecer parte do dinheiro necessário para duplicar a produção. Essa operação já seria um assalto contra a sociedade brasileira, mesmo que os “sócios” realmente desembolsassem a cifra de 1,5 bilhão de reais para financiar sua parte no projeto de exploração de Marlim. Nem isso existe. A empresoca de fundo de quintal tem um capital bruto de 200 milhões de reais e foi formada – como narrado em nosso livrinho O Brasil Privatizado – apenas... para tomar 1,2 bilhão de reais emprestados no exterior, que obviamente a própria Petrobrás poderia obter. Um negócio da China, um assalto, uma mina de ouro, capaz de faturar centenas de bilhões de reais, entregue por 200 tostõezinhos fajutos. [Leia o artigo completo aqui, e aproveite para conhecer o site que preserva o trabalho do Biondi, que morreu em 2000]

Fonte: Blog do Mello

Leia também:

» Aloysio Biondi e a manipulação da mídia a favor de FHC

» Retrato do governo FHC, por ele próprio

» Quebra do Banespa foi cascata de FHC, Malan, Loyola, Franco e Serra


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"GEOPOLÍTICA INTERNA" - O Brasil mudou de lugar

Nas últimas décadas, e a passo acelerado nos últimos anos, “o Brasil mudou de lugar”, ou de plataforma. No cenário político nacional, porém, há um "turvamento" das vistas que se recusa a enxergar isso.

Um dos problemas mais graves da política brasileira é que há uma espécie de “turvamento” das vistas no que se refere às relações entre as questões nacionais e as internacionais. Acontece que nas últimas décadas, e a passo acelerado nos últimos anos, “o Brasil mudou de lugar”, ou de plataforma.
Tomemos a educação como exemplo, para não falar sempre (e só) de economia. É certo que há um rombo no que se refere à qualidade do ensino, em termos macro-sociais, e ao tema conexo da folha de pagamento dos professores, sobretudo os do ensino fundamental e médio. Mas num movimento que começou (é verdade, companheiros e companheiras) nos governos de Fernando Henrique Cardos e adquiriu momento (no sentido da física) nos de Lula, o ensino fundamental e médio foi sendo universalizado, a tal ponto que se pode predizer (com cautela, é claro) que, quando minhas netas, que hoje têm sete e cinco anos, atingirem a idade adulta, os EJAS – o ensino no fundo para pessoas cuja aprendizagem formal está defasada em relação à expectativa média para a idade – serão algo residual.

Falemos da saúde. Com todas as mazelas, o SUS, como conceito e como realização média, é avançadíssimo, não só em relação aos países pobres, como também em relação a países ricos e mais organizados do que o Brasil. A situação da saúde pública nos Estados Unidos, por exemplo, para os mais pobres, é calamitosa. Para os remediados, é desorganizada e caríssima.

Na economia, a saída de 20 milhões de pessoas em cinco anos da franja de miséria em cinco anos mais ou menos é um passo espetacular, até no sentido de que essa pressão que vem debaixo é o que de melhor há no sentido de pressionar o Estado brasileiro e a sociedade nossa naquilo que ambos têm de mais desigual. A maioria das instituições do Estado brasileiro não foram feitas historicamente para pensar no conjunto da população, a não ser no sentido de contê-la, de mantê-la “no seu lugar”. Houve exceções – que até a própria esquerda teve historicamente dificuldade em aceitar e deglutir – quando se instituiu o salário mínimo e a Consolidação das Leis do Trabalho, pó exemplo. Mas o fato é que as instituições brasileiras foram no mais das vezes pensadas para prolongar a desigualdade, não para diminuí-la. E a nossa sociedade foi instituída e planejada para viver dela, em todos os sentidos: econômico, político, social e cultural. Pois bem, isso está mudando.

Os “menos” iguais hoje são menos desiguais do que antes; e os “mais” iguais hoje se sentem “menos mais iguais”. Podem puxar as estatísticas de plantão, mas o clima cultural que essa afluência nova dentro da sociedade brasileira sugere é conspícuo. Pode até ser que, num segundo momento, consolidada a afluência desses 20 milhões a um patamar mais amplo de consumo, uma parte deles se volte para políticas conservadoras que fechem os caminhos para os que ainda não saíram da vala comum da miséria. Mas isso é apenas uma possibilidade. Até porque duvido que alguém, nas oposições, tanto à esquerda quanto à direita, esteja pensando nisso como preocupação. A preocupação maior é ainda a de negar que isso tenha acontecido, ou de negar a sua pertinência ou ainda sua importância.

No cenário internacional densamente conflituado, o Brasil ocupa posição de proa. Isto não quer dizer que o Brasil tenha resolvido seus problemas, nem que tenha entrado para algum clube de sócios “privé”, como é do gosto de nossa “élite”. Isso significa que dentro de seus limites e balizas, o Brasil está “avançando”. O mundo se encontra multi-polarizado: o novo jogo de cena entre Estados Unidos e China, a transformação desta em potência capitalista com um neo-imperialismo avant-la-lettre na África, em que ela exporta capitais, trabalhadores e investe em infra-estrutura; a continuação velada ou aberta da guerra fria entre a OTAN e a Rússia; a tentativa de cooptação das sociedades comunistas esboroadas no leste pela União Européia; o novo gigantismo patente do mercado asiático; o atolamento político no Oriente Médio, no Iraque e no Afeganistão; as guerras herdeiras da ordem e das desordens coloniais na África; entre tudo isso, o Brasil e a América Latina são os cenários mais promissores de transformação política e social, onde um levantamento de povos – em regimes democráticos – provoca um desequilíbrio das oligarquias e um novo potencial de equilíbrio político mais aberto e humano do que nunca.

A China é a nova potência mundial, sem dúvida, mas a custo de uma exploração do trabalho de fazer corar um capitão de indústria do século XIX. Na América Latina e no Brasil está acontecendo o contrário: a exploração, sem desaparecer, “por supuesto”, recua, e os pobres tornaram-se, pelo menos de momento, afluentes política, econômica e culturalmente.

A se confirmar a descoberta deste novo campo petrolífero, o Brasil vai se tornar uma potência de médio porte. Isso, ao contrário de sufocar a Venezuela, pode significar uma diminuição da pressão dos Estados Unidos sobre ela, o que será bom para a política bolivariana do governo de Hugo Chávez, sobretudo se o eleito em novembro for Barack Obama ou mesmo se ele compuser um governo chefiado por Hillary Clinton. Os Estados Unidos vêm tentando impor a ALCA a prestações, ou a retalho, negociando tratados, sobretudo, na linha da costa do Pacífico. A única resistência ou alternativa de peso a essa política envolve a presença do Brasil.

Por tudo isso pode-se imaginar o desastre de proporções continentais que será a volta da coligação PSDB – DEM, aliás, PFL, ao Palácio do Planalto em 2010. Esse lado da nossa oposição perdeu completamente sua inserção internacional, ou, se a tem, é com o que há de pior, como quando, ao realizar sua convenção, o finado (ou transgenicamente transformado?) PFL teve Aznar como convidado de destaque (quem sabe da próxima vez vem Berlusconi?). Pautado por comentaristas da nossa grande imprensa, cuja visão, além de reacionária, é de todo anacrônica, esse lado da oposição simplesmente não consegue mais “ver” o mundo, tanto quanto aqueles jornalistas também não o “vêem”. Falam de um mundo da carochinha, um “primeiro mundo” que não existe mais. Falam de um mundo de “países sérios”, onde, é óbvio, o Brasil não entra, sem se darem conta de que estão cuspindo para cima. Defendem um ideário, baseado ainda no Consenso de Washington, que tentam dourar com pílulas sociais recém descobertas, cujo invólucro feito às pressas não consegue disfarçar as receitas fanadas que defendiam há poucos anos nem o amargo desprezo que sentem por que o povão, parece, não os escuta.

A oposição à esquerda também não consegue mais “ver” o Brasil nesse “novo mundo”, em que tudo, até o futuro, está em rediscussão. No plano ideológico aferra-se a um universo doutrinário do passado, que perdeu o pé diante dos fracassos dos países ex-comunistas e também diante dos fracassos das recentes receitas neo-liberais. Na prática, tornam-se caudatárias das proposições moralistas, ex-udenistas, de uma direita que não tem moral para falar mal de ninguém.

E o governo? Avança na área social, é certo, mas imobiliza-se no Banco Central, essa nova Bastilha das (anti-)virtudes econômicas. Numa paródia cruel da célebre frase atribuída à infeliz Rainha Maria Antônia, parecem recomendar às massas em busca de melhor vida, de melhor consumo, de melhor tudo, que não podem não comer brioches nem mesmo queijadinhas, porque isso vai arrasar a economia nacional; que comam pão dormido mesmo. Também não “vêem” o Brasil, também não “vêem” o mundo.

Mas como sabemos, é mais fácil um rico entrar no céu do que mudar a visão de mundo de alguém, a menos que esse alguém esteja disposto a aprender, ou que passe por grandes hecatombes. Mas não percamos a esperança: o Brasil hoje é uma catástrofe positiva, em meio à contínua hecatombe do esboroamento de um sistema econômico e político mundial que não consegue mais ter controle sobre as contínuas crises que provoca. Esse sistema não vai mudar tão cedo nem de uma hora para outra, mas pelas fendas que deixa aparecer vislumbra-se, quem sabe, um outro mundo possível. Uma dessas fendas é o Brasil, com a América Latina.

Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.

Fonte: Agência Carta Maior


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O racismo separatista

por Emir Sader

Uma das novas modalidades que o racismo assume hoje em dia é o separatismo, forma de tentar delimitar os territórios da raça branca, apropriando-se privadamente de riquezas que pertencem à nação e ao seu povo. Nós já conhecíamos essas tentativas na forma de bairros ricos que procuram constituir-se como prefeituras próprias, para que os impostos que são obrigados a pagar por uma parte —a parte que não podem sonegar— das suas imensas riquezas, fiquem ali, aumentando os benefícios dos seus bairros entrincheirados, dentro dos quais procuram isolar e defender —com segurança privada, é claro— suas formas privilegiadas de vida.

Um fenômeno que inicialmente caracterizou cidades como Los Angeles e Miami, que agrupam em territórios comuns ou próximos setores muito ricos da população e outros muito pobres —com freqüência imigrantes—, foi se alastrando pela América Latina, conforme os estilos de vida miamescos e californianos das burguesias e classes médias altas do continente foram se espalhando. São reiteradas as tentativas, por exemplo, de bairros da Barra da Tijuca (que já foi caracterizada como “A Miami da América do Sul”) para conseguir aprovar, por meio de referendos, a separação das suas zonas residenciais da cidade do Rio de Janeiro.

Fracassaram sistematicamente, seja porque domingos de sol dificultam o quorum necessário para que a consulta tenha validade legal, seja porque os bairros pobres que estão em volta votam massivamente contra essas tentativas elitistas. Não há dúvida de que os moradores de bairros como Chacao, em Caracas, e outros redutos privilegiados de cidades latino-americanas alimentam sempre esse sonho racista e separatista.

É uma postura típica do desenvolvimento desigual das nossas sociedades. Os preconceitos do sul do Brasil com respeito ao nordeste, da cidade de Buenos Aires com respeito aos “cabecitas negras” e “descamisados”, entre tantos outros, também se reproduz na Europa, e o exemplo recente disso é o enorme crescimento da Liga do Norte, partido neofascista italiano. Trata-se de uma nova expressão do preconceito do norte – tendo o progresso de cidades como Milão e outras da região – contra o sul da Itália, que é exatamente de onde vêm os trabalhadores que criam as riquezas dessa região – igual que nos casos citados do Brasil e da Argentina. É um preconceito de raça e de classe.

É o mesmo que hoje afeta gravemente a Bolívia. As províncias da chamada Meia-Lua, com seu epicentro em Santa Cruza de la Sierra, tiveram derrotados seus governos, da ditadura de Hugo Banzer a todos os governos neoliberais que vieram depois e que concentraram como nunca a riqueza na Bolívia, acentuaram sua apropriação privada e sua desnacionalização. A queda de seu derradeiro governo, o de Sánchez de Losada – refugiado nos EUA, com demanda de extradição para a Bolívia para responder pelos assassinatos de centenas de bolivianos, na tentativa desesperada de continuar protegendo os interesses das elites de Santa Cruz e das províncias do leste do país – representou uma grande vitória do povo boliviano que, pela primeira vez em sua vida, elegeu um indígena como presidente do país. Um país no qual 62% da população se reivindica como indígena e que somente agora conseguiu eleger um presidente que defende os interesses da maioria do país.

Mas a minoria continua dispondo de grande parte das riquezas do país e foi afetada pela nacionalização das riquezas naturais. Eles, que faziam com que a Bolívia pobre vendesse o gás a preço “solidário” para a Argentina e o Brasil, muito mais desenvolvidos, agora querem ficar com a grande fatia dos impostos que o governo de Evo Morales recuperou para o país, com a nacionalização. Querem, além disso, impedir que a reforma agrária se estenda por todo o país, buscando reservar para si o direito de dispor da concentração de terras em suas províncias, para continuar exportando soja transgênica e acumulando riquezas para eles e não para o país e o povo boliviano.

Convocaram um referendo que tentava legalizar seu separatismo racista. Racista, porque sua imprensa monopólica não esconde seus preconceitos contra os indígenas, contra Evo Morales, não deixa de contrapor sua raça branca à da grande maioria do povo boliviano, que há séculos discriminam, oprimem, humilham. Mantiveram uma consulta que teve negado qualquer valor legal por parte da Justiça boliviana, que tem sido condenada por todo tipo de organismo internacional, pelos governos da região, pelas forças democráticas.

É uma tentativa que, não por acidente, é apoiada pelo governo dos EUA e sua embaixada em La Paz, abertamente envolvida em tentativas de espionagem e financiamento do separatismo racista. Esse bloco de forças do separatismo racista tem que ser derrotado, para que o povo da Bolívia possa seguir adiante, construindo a mais avançada Constituição do continente — de corte plurinacional, pluriétnico, pluricultural. Para que os povos originários do continente possam afirmar sua soberania, para que os recursos naturais da Bolívia sejam explorados a favor do seu povo, para que a terra produza sadiamente os alimentos que a Bolívia precisa, para que o governo democrático e soberano de Evo Morales continue transformando a Bolívia em um país livre, à imagem e semelhança do seu povo.

Fonte: Blog do Emir Sader
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Notícias da Palestina

por Georges Bourdoukan

Grupo pró-Israel quer assumir a Wikipedia para manipular a História


UM grupo de pressão pró-Israel prepara-se para se infiltrar na enciclopédia on line Wikipedia para reescrever a História Palestina.

O grupo já vem agindo há algum tempo, mas como não tem conseguido mascarar a verdade, prepara-se para assumir o controle das estruturas administrativas da Wikipedia,a fim de assegurar que suas mentiras sejam publicadas sem que se possa refutá-las.

Esse grupo tem sua base nos Estados Unidos e faz parte do “Comitê pela Precisão da Informação sobre o Oriente Médio( CAMERA –sigla em inglês).

Clique
AQUI para ler o artigo em espanhol

Três exemplos de democracia, de acordo com a mídia ocidental

1-África do Sul era considerada a única democracia africana. Isto, durante o regime do
Aparheid.

2-Estados Unidos eram considerados a maior democracia do mundo. Isto durante a segregação Racial.

3-Israel é considerado a única democracia do Oriente Médio.Apesar de segregar os semitas palestinos, apesar de construir o muro do Apartheid e apesar de possuir o maior campo de concentração do mundo.

A “transferência compulsória” palestina nos anos 40

por Daniel Lopes

“Há um caso horrível, mas exemplar: como confirmou na edição de 29 de outubro de 2003 o diário israelense Ha'aretz, baseado na confissão dos próprios perpetradores (a imprensa israelense costuma ser muito mais crítica de seus governos do que o são os jornais ocidentais para com os mesmos), em 12 de agosto de 1949 um comando militar israelense raptou, na localidade de Nigev (hoje, no norte da Faixa de Gaza), uma garota palestina de doze anos de idade. Durante os dias seguintes, ela seria torturada e violentada por vinte e dois soldados e, finalmente, morta. Pois a corte instalada para fazer justiça aplicou uma sentença duríssima a um dos vinte e dois criminosos: dois anos de prisão”.
Clique
AQUI Para ler a íntegra do artigo publicado no site da Revista Caros Amigos

Mais quatro crianças assassinadas por Israel

Israel não perde o hábito. Assassinou hoje mais quatro crianças palestinas quando tomavam café da manhã em sua casa. Sua mãe também foi assassinada. Logo em seguida, assassinaram mais dois palestinos que iam ao trabalho.

As crianças assassinadas, sua mãe e os dois cidadãos foram vítimas de ataque aéreo.

Os assassinatos foram a resposta de Israel ao ex-presidente Jimmy Carter que, apesar de não poder entrar em Gaza, encontrou-se com os dirigentes do Hamas que se manifestaram pela centésima vez favoráveis ao cessar fogo.

Na semana passada Israel já havia assassinado uma menina de 14 anos.

E os pilantras da mídia ocidental divulgam que o Hamas é que não quer a paz.

Haja corrupção

Depois de um presidente que renuncia para não ser condenado por assédio sexual e estupro;

Depois de um primeiro ministro que responde a inúmeros processos de corrupção;

Agora já há um condenado por roubo de centenas milhares de dólares. Trata-se do ex-ministro Shlomo Benizri, e atual deputado eleito pelo partido Shas.

Para quem não acompanha a política israelense, o partido Shas possui 12 cadeiras no parlamento israelita e é um dos principais sustentáculos do governo de Ehud Olmert no poder.

O Partido Shas é um partido religioso, de extrema direita, de fazer inveja aos atuais nazi-sionistas que infestam o país.

Fonte: Blog do Bourdoukan

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TELES "ACABARAM DE GANHAR O MONOPÓLIO DA BANDA LARGA EM TODO O PAÍS"

por Gustavo Gindre - Observatório do Direito à Comunicação - 09.04.2008


No dia 7 de abril foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto Presidencial 6424 que determina uma mudança nos contratos de concessão com as operadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC): Telefonica, Oi e Brasil Telecom.

Os contratos, assinados em 2005, obrigavam que as empresas instalassem Postos de Serviço Telefônico (PSTs) em cada cidade brasileira. Menos de três anos depois, chegou-se à conclusão que aquelas obrigações estavam erradas e o próprio governo sugeriu a mudança, sem contudo, assumir publicamente o equívoco cometido em 2005.

Pelas novas regras, acordadas com as operadoras, estas deixam de estar obrigadas a instalar os PSTs (exceto no caso de cooperativas rurais), mas passam a ter que colocar seus backhauls em todas as sedes municipais brasileiras.

Se a banda larga pudesse ser comparada com árvores, os backbones que as operadoras possuem seriam os troncos, o backhaul os galhos e cada cidade brasileira uma folha. Sem o backhaul, não é possível levar a seiva que vem do tronco para cada folha. Ou seja, o backhaul interliga o backbone da operadora às cidades. No Brasil, mais de 2000 municípios não têm backhaul e, portanto, não podem se conectar à banda larga.

A proposta do governo é digna de mérito, porque, no século XXI, é muito mais importante garantir a universalização da banda larga do que do telefone fixo. Contudo, este adendo aos contratos de 2005 ainda apresenta problemas. São pelo menos dois.

As velocidades mínimas exigidas para cada backhaul são muito baixas. Por exemplo, uma imaginária cidade com 70.000 habitantes teria, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em torno de 20.000 residências, mas contaria com um backhaul de apenas 64 Mbps. Ou seja, se apenas 1.000 casas tiverem dinheiro para contratar o serviço de banda larga oferecido pela tele, ainda haveriam 19.000 excluídas e a velocidade máxima disponível para cada residência conectada à suposta banda larga seria de apenas 64 Kbps, ou igual àquela obtida por uma linha telefônica comum.

E não há a obrigação para que a operadora faça unbundling em seu backhaul. Por detrás desse palavrório técnico, tal obrigação significa que a operadora teria que vender parte da capacidade instalada do seu backhaul a qualquer provedor interessado em competir com a própria tele. E a preços não discriminatórios, regulados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Essa seria a única forma de estimular a concorrência. Do jeito como ficou, o Decreto permite que os backhauls sejam usados exclusivamente pelos próprios serviços de banda larga das operadoras (BrTurbo, Velox e Speedy), matando qualquer possibilidade de concorrência local.

Mas, principalmente, a falta do unbundling dificulta em muito o surgimento de experiências de redes comunitárias, organizadas pelas prefeituras e/ou pela sociedade civil, usando tecnologias sem fio, e que levam a Internet gratuíta à prédios públicos (como bibliotecas e telecentros), mas também às próprias casas, o que já fazem Sud Minucci (SP) e Duas Barras (RJ).

Em resumo, ainda que amplie o alcance da banda larga, o Decreto Presidencial 6424 está longe de garantir a tão sonhada inclusão digital de nossa população e tem como efeito colateral o aprofundamento do monopólio regional exercido por cada tele em sua área de concessão.

O acordo subterrâneo

A mudança dos contratos de concessão teve que contar com a concordância das teles. Caso contrário, ficaria valendo a obrigação inicial dos PSTs. Para convencer as teles, um estudo da Anatel comprovou que o custo de instalação dos backhauls nos municípios que ainda não o possuem seria o mesmo da instalação dos PSTs. Seria trocar seis por meia dúzia, sem onerar o caixa destas empresas. E é óbvio que as teles perceberam, também, que a futura prestação de serviços de banda larga lhes trará muito mais receita do que a administração de postos telefônicos.

Tudo certo, eis que surge um novo elemento. Além da troca dos PSTs pelos backhauls, o governo negociou um segundo acordo com as teles, que prevê a instalação de conexão de 1 Mbps em cada uma das 56 mil escolas públicas urbanas brasileiras, sem custos para os governos (federal, estaduais e municipais) pelo menos até 2025 (quando vencem os atuais contratos de concessão). Até 2010 todas essas escolas deverão estar com a conexão funcionando.


Se as teles brigaram tanto para ter certeza que a obrigação dos backhauls não lhes custaria nada a mais do que a antiga obrigação dos PSTs, se não queriam desembolsar nada além do que fora previsto inicialmente, por que aceitaram tão prontamente este novo acordo, que foi anunciado no dia 8 de abril pelo presidente Lula? Nada as obrigava a este novo acordo. Por que concordaram? Puro patriotismo?

Coincidência ou não, ao mesmo tempo em que começaram as negociações em torno deste segundo acordo, saía de cena o debate no interior do governo sobre o “backbone estatal”. Essa proposta consistia em dois movimentos. Primeiro, unificar a gestão dos cerca de 40 mil Km de fibra óptica que o governo federal já possui, seja através das estatais ou da massa falida da Eletronet. Em segundo lugar, construir sua própria rede de backhaul, levando a conexão deste backbone estatal a cada município brasileiro. Com isso, o governo estaria em condições de ofertar às cidades (prefeituras e/ou sociedade civil) a possibilidade de construirem redes locais que posteriormente seriam conectadas à infra-estrutura do governo federal. Sem fins lucrativos, este backbone estatal poderia cobrar das cidades apenas o necessário para se manter e crescer (o que é bem menos do que cobram atualmente as teles). De inicío, já seria possível prever que as prefeituras e governos estaduais poderiam usar os serviços de telefonia por IP desta rede, deixando de ser usuárias das operadoras privadas. Uma economia de muitos milhões para os cofres públicos. Mas, também seria possível construir redes comunitárias, que levassem Internet banda larga, telefonia por IP, webrádio, IPTV e muito mais para todas as comunidades hoje excluídas das estratégias de mercado das teles. Uma ligação local, feita de um telefone conectado a esta rede comunitária para outro igualmente conectado, teria preço igual a zero!

Mas, o acordo subterrâneo com as teles foi além. Não bastava apenas garantir que o governo abriria mão de usar sua própria infra-estrutura para fazer inclusão digital. As teles também ganharam o direito de explorar sozinhas a rede que irão construir para chegarem até as escolas. Essa rede passará na porta de milhares de residências e obviamente as teles a usarão para vender seus serviços de banda larga. A proposta do governo não obriga a que as teles tenham que partilhar essa rede com os provedores locais (o tal unbundling).

Com backhauls e redes de “última milha” para uso exclusivo, as teles acabaram de ganhar o monopólio da banda larga em todo o país.

Se tudo isso for mais do que uma simples coincidência, quando o presidente da República inaugurar a primeira escola conectada em banda larga através deste segundo acordo com as operadoras, o que pouca gente saberá é que esse evento festivo também será o funeral de uma idéia muito mais inclusiva. Por esta linha de raciocínio, o governo negociou a instalação da banda larga nas escolas em troca do abandono da idéia de um backbone estatal e da morte dos pequenos provedores locais.

Para as teles, as 56 mil escolas conectadas até que saíram barato...

** Gustavo Gindre é pesquisador em políticas de comunicação, membro eleito do Comitê Gestor da Internet no Brasil e membro do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Fonte: Vi o Mundo


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BRASIL DEVE EXPLICAR COMO PRETENDE PRODUZIR BIOCOMBUSTÍVEIS E ALIMENTOS AO MESMO TEMPO

por Luiz Carlos Azenha

WASHINGTON - Desde que Fidel Castro fez a previsão - correta, por sinal - de que a produção de biocombustíveis poderia afetar a produção e o preço dos alimentos o governo brasileiro está na defensiva. Volta e meia o presidente Lula joga a culpa no milho de etanol produzido nos Estados Unidos ou diz que no Brasil é diferente. Mas é tudo discurseira. Seria interessante se o Brasil mostrasse, de forma didática, como é que pode ampliar a produção de biocombustíveis e alimentos ao mesmo tempo, sem provocar a completa devastação do cerrado e da Amazônia.

Meu testemunho anedótico: é raro ver um pé de comida na estrada que liga Bauru a Botucatu, no interior de São Paulo. É cana, eucalipto, cana, eucalipto e cana. Aliás, já se vê eucalitpo crescendo às margens da Castelo Branco. Fico com a clara impressão de que essas culturas e a da soja vão avançar descontroladamente e que o governo brasileiro só vai se dar conta do estrago quando a porta do cofre estiver arrombada. Ou seja, primeiro vamos destruir tudo, poluir todos os rios, expulsar todos os pequenos agricultores do campo e depois vamos dar um jeito - como, aliás, tem sido a história do capitalismo brasileiro.

O Brasil vai, sim, se transformar na bomba de combustível do mundo. A que custo? Será que mais uma vez o dinheiro vai acabar na mão dos intermediários - a British Petroleum, por exemplo, acaba de anunciar um grande investimento no país - e nós, brasileiros, herdaremos a terra arrasada?

Fonte: Vi o Mundo


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O BRASIL DO SÉCULO 21 E O CAPITALISMO DE EXTORSÃO

por Luiz Carlos Azenha

WASHINGTON - Entendo muito pouco de política. Não tenho fontes no Planalto, nem na planície. Não tenho delegados federais de bolso, nem me penduro no skype com parlamentares. Será que existe algum deputado ou senador que saiba o que é o skype? Confesso que não sei exatamente o que move o governo Lula, além de uma política de transferência de renda que está ajudando a enriquecer todos aqueles que o desprezam como um "acidente de percurso" pós-FHC e pré-Serra. Sem transferência de renda não teria havido mercado interno e sem mercado interno estaríamos todos suando frio com a retração dos importadores de matéria prima brasileira.

Acho, por puro achismo, que um governo é um ente vivo, que se debate em contradições internas e se refaz de acordo com a conjuntura, as alianças políticas, os interesses mais mesquinhos de seus integrantes e também os mais nobres. Vai ver que foi por pura coincidência, mas lidei com os seguintes assuntos relativos a Brasília nos últimos dias:

-- o ministro Fernando Haddad foi homenageado na Bahia em um fórum promovido por João Doria Junior, o dândi do Cansei, um encontro para discutir Educação abarrotado de empresários mas, significativamente, short de educadores;

-- o senador Tião Vianna foi o atravessador escolhido para assinar o projeto que acomodou a rotina de centenas de milhares de brasileiros às necessidades das emissoras de TV, num episódio que merecia um Dias Gomes mas passou batido, já que apenas enfatizou o desprezo do Sul Maravilha pelo Norte;

-- o Brasil enfrentou no gogó uma onda de críticas internacionais aos biocombustíveis, sem qualquer tentativa séria de demonstrar que pode produzir alimentos e álcool de cana sem devastar o cerrado, poluir ainda mais os rios e acelerar a destruição da Amazônia. Tudo isso está acontecendo enquanto você lê, mas faz de conta que não acontece, já que não aparece no Jornal Nacional, a não ser quando a Globo precisa extrair mais algum favor governamental, além de controlar o Ministério das Comunicações;

-- o governo federal entregou o monopólio da banda larga às empresas de telefonia e deixou um setor essencial da infra-estrutura do século 21 nas mãos de empresas que, com razão, colocarão seus interesses acima dos da comunidade, já que os representantes eleitos pela comunidade simplesmente abdicaram, ou quase, do dever de representá-la;

-- o governo federal promoveu uma fusão obscura no setor da telefonia, com dinheiro público, à revelia do Congresso e do contribuinte, com o objetivo aparente de promover uma conta de chegada entre interesses diversos e sob a capa da defesa de interesses nacionais.

É óbvio que muitas outras coisas se passaram no Brasil nas últimas semanas, além da morte da Isabella e do sumiço do padre. Fomos devidamente distraídos de outras questões essenciais, como a expansão do deserto verde, dos congestionamentos em São Paulo e da dengue no Rio de Janeiro. Tudo isso sob o olhar complacente, quando não cúmplice, tanto de governos quanto da mídia que se diz guardiã do interesse público e nacional - enquanto busca oportunidades de negócio nas esferas municipal, estadual, federal, continental e universal.

Isso aí no Brasil está com cara de republicanos versus democratas, que discutem o pastor de Barack Obama, a lobista amiga de John McCain e o lapso de memória de Hillary Clinton, enquanto o Tesouro transfere a renda nacional para financiar três guerras - uma em nome de Wall Street e duas outras, menos importantes, no Iraque e no Afeganistão.

Eles aqui estão na fase do capitalismo de estado, enquanto nós ainda não saímos do capitalismo de extorsão.

Pode se esgoelar à vontade nos comentários. Eles vão continuar enriquecendo. Com o seu dinheiro.

Fonte: Vi o Mundo


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NÃO EXISTE IRONIA POR ESCRITO

por Luiz Carlos Azenha

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Um fiel leitor deste site, jornalista, não entendeu direito o concurso que lancei recentemente com perguntas hipotéticas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Aprendi desde os tempos do Jornal da Cidade de Bauru que não existe ironia por escrito.

Por isso, explico.

Foi assunto do site, nos últimos dias, o fato de que a Secretaria de Educação do governo paulista vai reservar, este ano, seis horas semanais dos alunos da terceira série do segundo grau para "atualidades" - que caem tanto no ENEM quanto no vestibular. O curso terá como base o Guia do Estudante, da Editora Abril. Para efeito de esclarecimento, pedi à Secretaria que nos informe sobre como foi feita a escolha do Guia, quantos exemplares foram comprados, qual o tempo de duração do contrato e qual é o custo do material.

Um dos comentaristas do site informou, então, sobre a existência de um guia baseado em informações da revista Época e "com consultoria dos professores do Cursinho da Poli". Uma leitora, aliás, já me informou que não existe relação entre o cursinho e a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Com certeza o cursinho pretendia tirar proveito, no nome, da excelência da faculdade de engenharia da USP.

O guia está nas bancas, custa R$ 9,90, é da Editora Globo e, que seja de meu conhecimento, não é adotado em escolas públicas.

Portanto, estamos falando de dois "produtos": um - o Guia do Estudante da Abril - é oficialmente adotado e, portanto, sancionado pelas autoridades governamentais do estado de São Paulo; o outro - da Editora Globo - é oferecido em bancas.

O que me chamou a atenção no guia da Editora Globo é que, em minha modesta opinião, por expressar opiniões onde deveria haver fatos, corre o sério risco de induzir estudantes ao erro no ENEM e em vestibulares.

Deixo com vocês alguns exemplos, aqueles que mais me chamaram a atenção.

AMERICA_DO_SUL.jpg

SOBRE A CRISE DIPLOMÁTICA NA AMÉRICA DO SUL, O GUIA FAZ INTERPRETAÇÃO DE SONHO

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DE NOVO, SOBRE CHÁVEZ, DÁ UMA INFORMAÇÃO INCORRETA: ELE QUERIA "CONCORRER" INDEFINIDAMENTE

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SOBRE O BOLSA-FAMÍLIA E O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, O GUIA CITA "OS ESPECIALISTAS" SEM IDENTIFICÁ-LOS

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EXEMPLO DE SUCESSO: PARA QUEM? A PRESIDENTE DO CHILE SE ELEGEU FAZENDO CRÍTICAS E PROMETENDO REFORMAR O SISTEMA.

REFORMA_TRIBUTARIA.jpg

REFORMA TRIBUTÁRIA: SIMPLIFICAÇÃO GROSSEIRA DE UMA QUESTÃO COMPLEXA

O nosso ENEM hipotético é, pois, uma brincadeira envolvendo o mundo de acordo com a Editora Globo, no qual o governo baixa imposto e, se alguém reclamar, "prende e arrebenta" - como dizia o saudoso ex-presidente e general João Figueiredo.

Fonte: Vi o Mundo


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AMBIENTALISTA DIZ QUE COM ESSE SISTEMA ECONÔMICO O MUNDO ESTÁ A CAMINHO DO ABISMO

Por Luiz Carlos Azenha

WASHINGTON - Podem acrescentar o "ismo" que vocês quiserem. Na Venezuela dizem que é o socialismo do século 21. No Paraguai há tons de "cristianismo comunitário". Idéias díspares que pipocam aqui e ali, a busca de uma saída, a constatação de que do jeito que está não dá. É óbvio que reproduzir o sistema econômico existente - em que a "liberdade individual" foi promovida com o objetivo de tornar uma criança de seis anos uma consumidora integral - não tem futuro. Nem o sistema, nem a criança. Aliás, no Brasil o cãozinho de estimação é um consumidor voraz e mesmo que ele não peça o dono às vezes gasta mais com ele do que com a "criadagem".

É só extrapolar o que vivemos hoje nas grandes cidades brasileiras para o mundo como um todo. É só pensar no "direito" de cada chinês e indiano a ter um automóvel cada. É só casar esse objetivo com a escassez de energia. É só constatar do que é capaz o capitalismo desvairado: o Reino Unido exporta 20 toneladas de água engarrafada por ano para a Austrália e importa outras 20 toneladas. Fonte: New York Times. Quanto custa em termos de energia essa viagem maluca da água "comoditizada", como diz a Amyra?

Gus Speth, um ambientalista americano que é professor de Yale e criou dois grupos importantes de defesa do meio ambiente - o Natural Resources Defense Council e o World Resources Institute - escreveu o livro "The Bridge at the Edge of the World" em que basicamente diz que não tem jeito.

Ele escreve: "Metade das florestas tropicais e temperadas sumiram. Cerca de metade das wetlands também. Estima-se que 90% dos peixes predadores grandes sumiram. Vinte por cento dos corais também. As espécies estão desaparecendo em um ritmo mil vezes mais rápido que o normal. Químicos tóxicos persistentes podem ser encontrados às dúzias em cada um de nós."

Não li o livro, ainda. As resenhas dizem que ele propõe uma "mudança transformadora do próprio sistema." Speth afirma que o pragmatismo e o incrementalismo dos ecologistas não leva a lugar algum. Talvez ele tenha visto uma edição recente da National Geographic. Na capa, o perigo do aquecimento solar. Na contracapa, um anúncio do gigante SUV da Chevrolet que foi escolhido "carro verde do ano", uma banheira que queima 5 litros de gasolina por quilômetro na cidade mas, se o dono achar uma bomba, pode ser abastecido com o álcool de milho.

O triste é notar que no Brasil, da extrema-direita à extrema-esquerda, com raríssimas exceções, essas idéias não fazem parte do discurso político. Não são articuladas. O desenvolvimentismo com dinheiro do BNDES é o que temos de mais avançado. É nossa idéia de "progresso". Progresso rumo a quê?

Fonte: Vi o Mundo
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GILMAR MENDES JÁ SE COMPORTA COMO UM TARTUFO

Mendes: por que ele não deixou essa ação também na pilha ?

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1100


. O Ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo e candidato a Presidente da República demonstrou rapidamente que o principal ingrediente para ser o candidato da coligação PSDB, PFL e Orestes Quércia: é um Tartufo perfeito !

. O fecho de ouro de sua atuação como Ministro do Supremo – quando deixou de relatar 10 mil ações – foi arquivar ações do Ministério Público contra os Ministros do Farol de Alexandria Pedro Malan, José Serra e Pedro Parente.

. O Ministério Público não gostou dos R$ 3 bilhões do Proer para aplicar no Banco Econômico e o Bamerindus.

. Foi o último ato de Mendes antes de assumir a Presidência (do STF).

. Mendes foi sub-chefe de assuntos jurídicos da Casa Civil e Advogado Geral da União, no Governo FHC.

. Portanto, era colega dos que julgou ...

. Por que o Ministro Mendes não percebeu um certo conflito de interesse e deixou essa na pilha das outras decisões que não tomou ?

. Leia o que o Conversa Afiada já publicou sobre Mendes e sua escalada para ser candidato a Presidente (da República):


GILMAR MENDES É CANDIDATO A PRESIDENTE

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1097

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

. O Conversa Afiada confessa que cometeu lamentável equívoco.

. O novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Gilmar Mendes, não é candidato a Ministro da Justiça de José Serra.

. Clique aqui para ler sobre essa desastrada previsão.

. Gilmar Mendes é candidato a Presidente da República.

. Ao tomar posse – e na subseqüente e inútil entrevista coletiva – Mendes falou mal das Medidas Provisórios e do MST – assuntos que lhe dizem respeito tanto quanto o formato do “Aprendiz 5”, de Roberto Justus ...

. Colonistas do PiG informaram neste fim de semana que Gilmar Mendes gostaria muito de ter votado a devolução dos atletas cubanos que vieram ao Pan Americano.

. Gilmar Mendes não falou dos 10 mil processos que não relatou e deixou de herança para Ellen Gracie, que reassume uma cadeira no Supremo (segundo Mauricio Dias na Carta Capital desta semana - clique aqui).

. Não falou da lentidão da Justiça.

. Da corrupção na Justiça.

. Da opção preferencial da Justiça, especialmente o Supremo, pelos ricos.

. Gilmar Mendes tem uma agenda de candidato a Presidente.

. Desde Francisco Rezek, que foi presidente do TSE e de lá saiu Ministro do Presidente Collor, o Supremo se transformou em trampolim.

. E, como a primeira impressão é a que fica, Gilmar Mendes já demonstrou, com uma semana no cargo, que pensa mais alto.

. Diante do vazio de quadros políticos na corrente conservadora – ou em qualquer corrente –, por que não Gilmar Mendes ?

. Ele não é paulista – o que já um atributo.

. Não é do PSDB – o que é outro atributo, porque o PSDB de São Paulo jogou o PSDB no colo da direita, ou seja, do PFL.

. Ele não é do PT.

. E o PT, como se sabe, não manda nem no PT de Belo Horizonte ...

. E Gilmar Mendes tem o apoio incondicional do PiG.

. Mendes é um Marco Aurélio de Mello mellorado !

. Clique aqui para ler.


Leia também:

PT de Minas se livra de São Paulo

Outra obra dos tucanos: terra treme em SP

Serra e FHC, os gênios da política

Serra, o profeta do caos

Folha elege Serra que tem menos chance que o Vesgo

Fonte: Conversa Afiada
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O BNDES PODE SER BOBO, MAS O MERCADO NÃO É

O mercado fez as perguntas que Coutinho não fez

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1099




Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.



. As ações da “BrOi” despencaram no primeiro dia depois da fusão do século.

. Os colonistas da “BrOi” estão desolados – clique aqui para ir à colona “Mercado Aberto”, de Guilherme Barros, na Folha (da Tarde *).

. O “mercado aberto” (sic) reproduz as explicações super-convincentes de Luiz Eduardo Falco, o super-presidente da “BrOi”: “há consenso geral (sic) de que a operação foi muito boa para todo mundo” (especialmente para Daniel Dantas, QUA !, QUA !, QUA !).

. (Como se sabe, Ricardo K, presidente da Brasil Telecom, que, aos 45 minutos do segundo tempo, fez um negócio da China com a Alcatel – clique aqui para ler – foi devidamente defenestrado.)

. Por que será que as ações da Telemar e da Brasil Telecom desabaram ?

. Simples.

. De onde Carlos Jereissati e Sérgio Andrade vão tirar dinheiro para comprar a Brasil Telecom, a parte dos sócios na Telemar, e pagar o cala-a-boca de Daniel Dantas?

. Essa é a pergunta que o Conversa Afiada faz – e o mercado também.

. Clique aqui para ler tudo o que o Conversa Afiada já publicou sobre quanto Carlos Jereissati e Sergio Andrade, esses grandes empresários (?), vão BOTAR DO PRÓPRIO BOLSO NO NEGÓCIO.

. A resposta só se viu agora.

. Vão tirar da própria empresa.

. E dos otários do BNDES.

. O mercado quer que o dinheiro do BNDES se lixe.

. Se o BNDES não está preocupado com ele, não vai ser o mercado que vai se preocupar.

. Mas, o mercado quer saber: se o dinheiro vai sair da própria empresa, logo, a empresa vai valer menos ...

. Carlos Jereissati e Sérgio Andrade vão fazer na “BrOi” o que fizeram na Telemar – tomar uma grana do BNDES e mamar na própria empresa.

. E usar o artifício da Pegasus, a mãe de todas as “BrOi”.

. Clique aqui para ler.

. O mercado também descobriu que vai haver uma farta distribuição de dividendos.

. Generosíssima.

. Parece até prestação das Casas Bahia.

. É uma distribuição de dividendos tão generosa, que só tem uma explicação.

. É para os empresários (?) Carlos Jereissati e Sérgio Andrade meterem a mão nos dividendos e pagar para entrar no negócio.

. E o tolo do acionista minoritário ?

. Vai micar com esses dividendos diluídos na mão, sem direito ao tag along ?

. Data vênia o super-presidente Falco: o negócio não é bom para TODOS ...

. Tem mais.

. Se o negócio der errado, a Oi vai ter que indenizar a Brasil Telecom em R$ 500 milhões.

. E dar um cala-a-boca a Daniel Dantas no valor de R$ 300 milhões.

. (Na verdade, o cala-a-boca a Daniel Dantas vai sair por US$ 1 bilhão. Clique aqui para ler as contas de Samuel Possebon, na Teletime.)

. Quer dizer, isso é dinheiro – pouca coisa, R$ 800 milhões – que vai para o ralo, caso o negócio não vá em frente.

. (Sim, porque o mercado não tem a mesma certeza do PiG de que o negócio JÁ deu certo ...)

. (E se Daniel Dantas for em cana, como supôs uma repórter da Folha (da Tarde *), na edição de sábado ? Clique aqui para ler “E se Daniel Dantas for em cana ?”.)

. Com Daniel Dantas atrás das grades – segundo a informação supostamente privilegiada da Folha (da Tarde *) – Jereissati e Andrade vão correr o risco ir à cadeia para assinar o negócio ?

. Outro motivo para o mercado estar com um pé atrás.

. Nos Estados Unidos, quando as fusões são anunciadas, as ações disparam, porque os controladores do novo negócio anunciam milhares de demissões para evitar a super-posição de pessoal.

. É o que os “administradores” passaram a chamar de “sinergia” – demitir em massa.

. Aqui, por causa do acordo com os fundos de pensão – Previ, Petros e Funcef e o compromisso que assumiram com os sindicatos – não haverá demissão nenhuma.

. (Aparentemente, só Ricardo K vai para a rua ...)

. Então, que sinergia é essa ?

. Aliás, não vai haver sinergia nenhuma.

. As duas empresas não competiam.

. Cada uma vai ficar no seu lugar, com a estrutura que tem.

. Vai ficar tudo como antes.

. A única diferença é que será uma empresa muito maior e de dois donos só, com “other people’s money”.

. Onde vão cortar custos, além de mandar o Ricardo K embora ?

. E o equipamento fabuloso que a Brasil Telecom comprou da Alcatel por R$ 2 bilhões ?

. O super-presidente Falco vai botar o equipamento para dentro, ou mandar o Ricardo K devolver ?

. O BNDES e o Governo Lula podem ser bobos.

. Mas, o mercado não é.

. O Conversa Afiada mantém a proposta irresistível: põe R$ 1 a mais do que Carlos Jereissati e Sérgio Andrade botarem no negócio, DO PRÓPRIO BOLSO ...

(*) Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

Leia também:

Quanto Jereissati e Andrade vão botar DO PRÓPRIO BOLSO?

"BrOi": 52 perguntas que lula deve fazer

Alcatel + BrT: os Fundos e o Citi estão nessa?

Folha ouviu o galo cantar

Dantas embolsa US$ 1 bi e vai derrubar Lula – de novo

“BrOi”: de onde vem a grana? Leitores do Globo protestam

Carta: “BrOi” é o PAC do Dantas

“BrOi”: faltou combinar com o Miro

Procura-se

Fundos fazem acordo com líder do tráfico na favela

BNDES faz dívida para dar $$$ à “BrOi”

Quem vai botar assinatura no acordo da “BrOi”?

“BrOi”: primeiro é preciso abater Demarco

Dantas põe as cartas na mesa. Lula, Citi e Fundos fazem o que Dantas mais quer

PHA quer a “BrOi”

Lula tira Dantas da forca e faz “el gran acuerdo” com FHC

Pegasus, a mãe de todas as BrOi


. Clique aqui para ler outros textos que o Conversa Afiada já publicou sobre a “BrOi”.

. Clique aqui para ver por que o PiG não fala mal de Dantas. Note que a irmã de Dantas financiou uma empresa da filha de Serra.

Fonte: Conversa Afiada


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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Apartheid: espaço negro é discriminado e vigiado na Virada Cultural

Por Dennis de Oliveira

Entre tantos confetes despejados pela mídia para a Virada Cultural - principalmente pelo fato do Poder Público mobilizar sua estrutura para criar um "simulacro" de paz no degradado centro de São Paulo, permitindo que a classe média possa passear
tranquilamente nas ruas cotidianamente ocupadas por mendigos, trombadinhas, prostitutas, vendedores de crack e outros párias - não passaram despercebidas
as atitudes racistas da organização do evento para quem freqüentou o espaço destinado à apresentação dos grupos de hip-hop e black music. Dentro da filosofia de segmentação dos espaços de acordo com os ritmos apresentados, a organização da
Virada Cultural "segregou" o hip-hop e a black music para um local mais distante do centro, a Praça Cívica do Parque D. Pedro, atrás da antiga sede da prefeitura,
o Palácio das Indústrias. O local é de acesso difícil e fica mais distante da maioria dos espaços centrais onde aconteceram outras apresentações. Os freqüentadores deste espaço na Virada, além de enfrentarem a distância, ainda passaram pelo constrangimento da ação ostensiva da Polícia Militar que mobilizou o seu maior contigente para este local e ainda praticaram atos que não se verificaram em outros espaços, como uma rigorosa revista em bolsas, sacolas e no próprio corpo, tanto em homens como em mulheres. A entrada de cervejas e refrigerantes em lata foi proibida (ao contrário de outros locais, onde a venda de bebidas era livre). O rapper Rappin' Hood afirmou: "Estamos sitiados". Para Thaíde, "a localização do palco é uma forma de demonstrar o preconceito". Estas duas declarações foram publicadas na matéria Rappers reclamam de revista da polícia e do local do palco publicada na Folha de S. Paulo de 28 de abril, na página E-5. Na mesma página, a Folha de S. Paulo dá destaque para uma ação policial que impediu a apresentação de um
grupo francês de dança no largo Santa Ifigênia. Esta mesma matéria é iniciada da seguinte forma: Foco de atenção da última Virada Cultural com o show dos Racionais MC's na praça da Sé - que terminou em pancadaria entre policiais e espectadores - o hip hop ficou longe do núcleo da festa nesta edição do ano. O que se infere desta abertura da matéria é que a discriminação deu-se por conta de uma visão
construída, a partir da generalização de um fato particular, de que show de rap é um risco e, portanto, deve ser segregado e colocado sob rígida vigilância. A
lembrança ao episódio do ano passado que envolveu os Racionais também é lembrada na matéria sobre o problema com o grupo francês de dança, com
destaque inclusive no "olho" (O secretário municipal de cultura … disse que a ferida de 2007 ainda estrá aberta). Traduzindo: o fato que ocorreu no show dos Racionais
no ano passado prejudicou, em primeiro lugar (seguindo a hierarquia estabelecida pelo jornal em termos de destaque) a apresentação do grupo francês de dança e também foi responsável pelo constrangimento a que tiveram que passar os fãs de hip-hop e black music neste ano. A culpa é dos pretos pobres que impedem que se civilize a cultura e o centro de São Paulo degradado pelos párias (prostitutas, mendigos, "crackeiros", bêbados). No palco do samba, na Santa Ifigênia, durante a
apresentação do Quinteto em Branco e Preto no domingo à tarde, um grupo de jovens, brancos e de classe média, se divertia fumando cigarros e cigarros
de maconha, bebendo latas e latas de cerveja e outras bebidas alcóolicas, apresentando-se totalmente tontos e prestes a cair em cima de pessoas - atitudes quesocialmente são justificadas pelo visual "hippie" e pela permissividade de comportamentos quando estes são praticados por pessoas da classe média
branca em espaços negros. Nenhuma crítica moralista nisto, mas nota-se com os fatos que o inverso não é verdadeiro. Ou será que jovens negros podem ficar alterados com bebidas e drogas na apresentação, por exemplo, de um grupo de dança francês?

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Dennis de Oliveira é professor da Escola de Comunicações e Artes da
USP, jornalista, doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, presidente do Celacc (Centro de Estudos Latino Americanos de Cultura e Comunicação) e membro do Neinb (Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro). E-mail:

dennisoliveira@uol.com.br

Fonte: Revista Fórum


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A taxa de juro lá e cá

por Márcia Pinheiro


O Copom do Federal Reserve reúne-se na quarta-feira 30. Há grande expectativa sobre a decisão da equipe comandada por Ben Bernanke. A maioria das previsões aponta para mais uma queda do juro, de 0,25 ponto porcentual, para 2% ao ano. A taxa básica brasileira está em 11,75%. O diferencial é imenso.

Daí porque não vai ser estranho o País registrar um novo déficit em conta corrente, que será divulgado na segunda 28. Há um consenso de que o entra-e-sai da moeda americana no País terá um saldo negativo de 2,8 bilhões de dólares. O rombo está em ascensão, pelo evidente fato de as exportações se tornarem menos competitivas (vide resultado da Vale) e é vantajoso para as multinacionais remeterem lucros e dividendos às matrizes, com o dólar a 1,65 real. Barbada.

O câmbio deixou de ser manchete, em função da crise da oferta de alimentos mundial. Mas é o pano de fundo para as distorções da economia brasileira. Os exportadores podem se virar, aumentar a produtividade ou aproveitar o juro dos famosos ACCs (Adiantamento de Contrato de Câmbio). Mas é como dar nó em pingo d’água. Cedo ou tarde, o estrago estará feito.

Dica econômico-cultural
O site RGE Monitor, do economista Nouriel Roubini, é um dos mais completos panoramas da economia global. Para análises detalhadas, é preciso ser assinante. Mas são abertos o blog de Roubini e o Latin America EcoMonitor, com artigos de especialistas latino-americanos sobre a região. Confira.

Na batida da semana
Além da reunião do Fed e do resultado das contas externas brasileiras, destaco o IGP-M de março, que sai na terça 29. De 0,74% naquele mês, vai cair para alguma coisa ao redor de 0,50% em abril. Seria boa notícia, não fosse o fato de o Copom já ter “tabelado” a alta do juro até o fim do ano.

Dos Estados Unidos, vem o crescimento do PIB no primeiro trimestre do ano. Ainda é prévia, mas vai cair à metade do pífio de aumento de 0,6% da previsão anterior. Atenção, ainda, aos dados do mercado de trabalho nos EUA, que serão divulgados na sexta 2 de maio. Vem mais confusão por aí, com aumento do desemprego de 5,1% para 5,2% em abril e fechamento de cerca de 75 mil postos de trabalho.

Fonte: Carta Capital
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QUANTO JEREISSATI E ANDRADE VÃO BOTAR DO PRÓPRIO BOLSO?


por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1096


Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.



. O noticiário do PiG nesta segunda-feira de manhã descreve a fulgurante trajetória internacional que aguarda a “BrOi”.

. Os porta-vozes da “BrOi” demonstram ao incauto leitor que a “BrOi”, concebida no laboratório do Dr. Fausto, que se instalou no BNDES, será uma concorrente imbatível no mercado do México, onde destronará o Carlos Slim, e na Espanha, onde reduzirá a cinzas a precária hegemonia da Telefônica.

. Sem falar na brilhante performance que aguarda a “BrOi” nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha, na Itália, na França e no espaço sideral.

. Clique aqui para ler as 52 perguntas que Rubens Glasberg fez sobre a “BrOi” e que até hoje não mereceram respostas.

. O PiG já explicou tudo.

. Só falta explicar duas coisas:

1) Quanto os empresários (?) Carlos Jereissati e Sérgio Andrade vão colocar DO PRÓPRIO BOLSO no negócio.

2) O que a “BrOi” vai fazer com os equipamentos de R$ 2 bilhões que Ricardo K. comprou para a Brasil Telecom e que são incompatíveis com os da Oi.

. Clique aqui para ler sobre essa operação que, tempos atrás, o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva chamaria de “maracutaia”.

Clique aqui para ler “Folha ouviu o galo cantar”.

Clique aqui para ler “Dantas embolsa US$ 1 bi e vai derrubar Lula – de novo”.

Clique aqui para ler “BrOi: de onde vem a grana? Leitores do Globo protestam”.

Clique aqui para ler “Carta: ‘BrOi’ é o PAC do Dantas”

Clique aqui para ler “BrOi: faltou combinar com o Miro”

Clique aqui para ler “Procura-se”

Clique aqui para ler “Fundos fazem acordo com líder do tráfico na favela”

Clique aqui para ler “BNDES faz dívida para dar $$$ à BrOi”


Leia também:

Quem vai botar assinatura no acordo da “BrOi?”

“BrOi”: primeiro é preciso abater Demarco

Dantas põe as cartas na mesa. Lula, Citi e Fundos fazem o que Dantas mais quer

PHA quer a “BrOi”

Lula tira Dantas da forca e faz “el gran acuerdo” com FHC

Pegasus, a mãe de todas as BrOi


. Clique aqui para ler outros textos que o Conversa Afiada já publicou sobre a “BrOi”.

. Clique aqui para ver por que o PiG não fala mal de Dantas. Note que a irmã de Dantas financiou uma empresa da filha de Serra.

Fonte: Conversa Afiada



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