sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Diferenças de estilo

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por Luis Nassif

Há divergências de ordem operacional entre as diversas partes que tocam a Operação Satiagraha. Elas não vêm à tona por uma razão simples: embora divergências operacionais, seriam exploradas com escândalo para melar a operação.

Aliás, as divergências comprovam que não há a propalada cumplicidade entre as partes. Como em todo trabalho em que se envolvem três partes independentes entre si – Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal – a convivência poder ser pontilhada por conflitos sobre a melhor maneira de proceder.

Quando acusado de excesso de intimidade com a Polícia Federal, o juiz Fausto de Sanctis declarou que conversou pessoalmente com o delegado Protógenes duas vezes. Toda a convivência restante se deu no âmbito do processo.

Mesmo assim, já houve conflitos entre ambos, com o delegado querendo mais tempo, mais tempos, mais escuta e De Sanctis julgando que já havia material suficiente para instruir determinado inquérito. Essa rixa levou o delegado a criticar o juiz, em outro inquérito em que participaram.

No caso da Satiagraha, há também divergências operacionais entre o procurador Rodrigo de Grandis e o juiz De Sanctis, nenhuma delas divergência de fundo. Na opinião do juiz, quando se conseguem provas suficientes para enquadrar os acusados em determinados crimes, deve ocorrer a denúncia. Se aparecerem outras suspeitas, outros indícios e provas, abram-se novos inquéritos.

Já o procurador de Grandis prefere ampliar as investigações. Pode ser comparado ao autor do livro que quer sempre incluir um capítulo a mais. No fundo é esse preciosismo que leva as investigações a durarem mais do que o razoável.

Segundo comentários de De Sanctis, o segundo relatório da Polícia Federal é bastante superior ao primeiro. E considera Ricardo Saad, o delegado que assumiu o inquérito, um dos melhores quadros da Polícia Federal que já teve oportunidade de conhecer.

Fonte: Blog do Luis Nassif

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