quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Operação PSDB

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por Guilherme Scalzilli

As informações da postagem anterior (escrita há cerca de um mês) carecem de alguma atualização.

Valerioduto – Como se sabe, esse é o apelido simpático dado ao Mensalão do PSDB, iniciado pela turma do senador Eduardo Azeredo, então governador de Minas Gerais. Suspeita-se que as campanhas de José Serra (Senado) e FHC tenham sido beneficiadas pelas ramificações desse escoamento ilegal de dinheiro. Mas o esquema tucano recebeu tratamento oposto ao dos petistas: sob silêncio generalizado da grande imprensa, faz um ano sem que o STF se posicione sobre a denúncia contra Azeredo, Valério, Walfrido Mares Guia (ministro de FHC) e outros.

Alstom – Gigante francesa especializada em veículos sobre trilhos, denunciada por subornar funcionários públicos para conseguir favorecimentos em licitações. Sua atuação no Metrô paulistano remete ao governo de Mário Covas e chega aos dias atuais sem qualquer interrupção. Novamente, sob omissão jornalística, as investigações podem naufragar.

Protógenes – O mesmo Daniel Lorenz, que arquivou o dossiê dos Sanguessugas contra José Serra e precisou ser ludibriado por Protógenes Queiroz para o bom andamento da Operação Satiagraha (por quê?), acaba de afastar o delegado da divisão de Inteligência da Polícia Federal. Protógenes ainda acusa Lorenz de ter vazado informações do caso à imprensa, prejudicando as investigações.

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Operação José Serra

Publicado na revista Caros Amigos, em novembro de 2008


Com alguma paciência para escarafunchar notícias antigas, o leitor curioso estabelece a trilha que leva Daniel Dantas ao Palácio dos Bandeirantes. A viagem começa em 1994, quando Ricardo Sérgio de Oliveira atuou como arrecadador da campanha de José Serra, que depois o indicaria para diretor do Banco do Brasil.
Através dos fundos de pensão, Ricardo Sérgio financiou os consórcios de Dantas nos leilões da telefonia, das estatais elétricas e da Vale do Rio Doce. Ele também arquitetou o caixa dois da campanha reeleitoral de FHC. Participaram do esquema o Opportunity (via Marcos Valério) e o grupo francês Alstom, hoje investigado pelo suborno de altos funcionários tucanos em licitações do Metrô paulista. Andrea Matarazzo, amigo de Serra, aparece com freqüência nesses episódios.
O delegado que investigava Ricardo Sérgio foi afastado em 1998 por Marcelo Itagiba, então superintendente da Polícia Federal. Itagiba, casado com uma prima de Matarazzo, virou assessor de Serra no Ministério da Saúde. Hoje, deputado federal, preside a CPI dos Grampos, que tenta desqualificar a atuação do delegado Protógenes Queiroz na operação Satiagraha. Queiroz teria omitido informações de seus superiores. Um deles, o diretor de Inteligência Daniel Lorenz, coordenara as investigações sobre o extinto dossiê que apontava ligações de Serra com a máfia das ambulâncias.
Dantas não ficou preso graças a Gilmar Mendes, defensor do governo FHC na Advocacia-Geral da União. Já ministro do STF, Mendes arquivou uma ação de improbidade administrativa contra Serra. Depois, afirmou ter sido espionado quando falava ao telefone com o senador Heráclito Fortes. Este possui ligações com as empresas de Dantas e é amigo de sua irmã, Verônica, ex-sócia da filha de Serra.
Restam dúvidas sobre os motivos da blindagem em torno de Daniel Dantas?

Fonte: Blog do Guilherme Scalzilli

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