por Luiz Carlos Azenha
Eu não me importo com a gravidez da filha de uma candidata. É uma adolescente de 17 anos? Vai casar ou não com o pai da criança? Vai casar por amor ou por causa da gravidez? São questões pessoais entre Bristol e o futuro marido. A grávida é filha de Sarah Palin, a candidata a vice-presidente na chapa do Partido Republicano.
O que é de amargar é ouvir a hipocrisia da extrema-direita dos Estados Unidos, que agora se diz chocada com o fato de que o assunto foi parar na internet e nos jornais.
Da última vez que eu prestei atenção essa gente estava pregando abstinência sexual ou educação em casa como forma de proteger as crianças...
Da última vez que eu prestei atenção essa gente queria regulamentar o comportamento sexual alheio, inclusive entre quatro paredes.
Palin, a vice, tem 44 anos de idade. Com essa idade teve um filho, que nasceu com síndrome de down. O quinto filho. Ela diz, com um certo orgulho, que voltou ao trabalho rápido, logo depois do nascimento da criança.
E eu que imaginei que, como mãe de família conservadora, ela tiraria algumas semanas de férias, ao menos, para cuidar do bebê.
Presumi que é disso que se trata quando os republicanos falam nos "valores da família".
Ah, mas no caso da vice os "valores da família" devem ser aplicados apenas aos outros, aos devassos, aos esquerdistas tarados.
Imaginem se a filha adolescente de Barack Obama estivesse grávida...
Mas, como se trata de uma republicana de credenciais conservadoras fica tudo por isso mesmo.
Dois pesos, duas medidas.
No Brasil uma mulher foi corrompida para dar um depoimento na televisão que ajudou a derrotar um candidato à presidência da República, um candidato que teria sugerido o aborto para acabar com a gravidez indesejada. O homem estava separado. Perdeu a eleição.
Já outro candidato conseguiu esconder a mulher e o filho que teve, fora do casamento, na Europa. Espero viver para ver como a mídia brasileira pretende "revelar" a existência do caso, uma notícia que engavetou faz quase duas décadas alegando que "não interessa".
Ah, se fosse o Lula.
Dois pesos, duas medidas.
Fonte: Vi o Mundo
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