segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A esquerda e as eleições no Rio de Janeiro

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por Idelber Avelar

jandira.jpgSeria possível escrever 30 volumes sobre a história dos erros da esquerda no Rio de Janeiro. É uma infindável lista, desde a criminosa intervenção dirceu-delúbica contra o resultado da convenção do PT em 1998, impondo uma aliança com Garotinho, até a declaração de Jandira Feghali sobre o aborto na última eleição, que lhe custou nada menos que uma vaga no Senado Federal. Essa história explica o insólito fato de que o Rio não possui hoje uma estrutura política de esquerda consolidada e enraizada na população, ao contrário de São Paulo, BH, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza. Digo que o fato é insólito porque o eleitorado carioca é até mais esquerdista que o paulista ou o mineiro. Em 1989, o Rio deu a Lula uma vitória retumbante contra Collor; em 1982, quando em outros lugares a extrema-esquerda do elegível era Franco Montoro ou Tancredo Neves, o Rio escolheu Brizola; em 2006, Heloísa Helena teve lá seu melhor desempenho.

A situação das pesquisas eleitorais no Rio exige uma atitude urgente de Alessandro Molon (PT) e de Chico Alencar (PSOL). Segundo o Datafolha, Eduardo Paes, que troca de partido como quem troca de cueca, tem 29%. O Carolão Crivella e o tucano verde Gabeira tem 15% cada um. Jandira Feghali é a candidata de esquerda mais bem colocada, com 13%. Molon e Chico têm índices pequenos, em torno de 3 a 4%. É pouco, mas pode fazer toda a diferença. Caso Molon e Chico renunciem às suas candidaturas e coloquem sua militância para trabalhar por Jandira, a esquerda pode ter um nome no segundo turno. Se não, o Rio corre o risco de ver o pesadelo de um segundo turno entre Paes e Crivella.

Já começou a movimentação entre os petistas cariocas para pedir que Molon renuncie e apóie Jandira. O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) fez um apelo. A mesma iniciativa está em marcha entre alguns amigos de Chico Alencar. É importante lembrar que o PC do B, e também o PSB, agiram de forma responsável em São Paulo, apoiando Marta Suplicy. O Presidente Lula sempre quis uma unidade de esquerda em torno a Jandira.

Este blog respeita a história de Fernando Gabeira. Mas, hoje, ele se encontra no terreno oposto ao projeto de país articulado pelo governo Lula. Seus aliados preferenciais são os tucanos e o PPS. É uma candidatura que está no campo da direita, sejam quais forem as convicções pessoais dele. Para quem apóia Molon e Chico, a opção é claramente Jandira.

Molon e Chico: a hora é agora! Depois, não adianta chorar se tiverem que escolher entre Paes, Crivella e/ ou Gabeira.

PS: Vejam a incrível cara-de-pau desta declaração de Eduardo Paes: Sou Portela e vascaíno, mas adoro a torcida do Flamengo. Minha família toda é tricolor [...], o Botafogo é um time glorioso e o América é o time do meu coração. Coisa típica de político oportunista. Quem gosta mesmo de futebol detesta essas coisas. Para a prefeitura de BH, eu não teria nenhum problema em votar num candidato cruzeirense com o qual eu coincidisse politicamente. Aliás, já o fiz. Mas olharia ressabiado para alguém que viesse com esse papo de que “torço pelo Cruzeiro e pelo Atlético”. Por isso eu gosto dos gaúchos. Se você fizer isso no Rio Grande, perde a eleição de cara. Colorado respeita Tricolor e vice-versa. Mas nenhum dos dois respeita quem faz isso.

Fonte: O Biscoito Fino e a Massa

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