quinta-feira, 24 de julho de 2008

Remédio amargo demais

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da Redação Carta Capital

Dados divulgados nesta quinta-feira 24 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com indicadores positivos em relação a dois temas centrais da economia brasileira –emprego e inflação--, mostram que o Comitê de Política Monetária do Banco Central exagerou na dose ao aumentar em 0,75 ponto percentual a taxa Selic.

Isso porque a decisão do Copom, que teria sido tomada na última terça 23 para conter a inflação e preservar o equilíbrio econômico brasileiro, deverá provocar justamente o efeito contrário: desacelerar a economia e aumentar o desemprego.

Pesquisa do instituto mostra que o desemprego atingiu o menor nível em cinco anos. A taxa média no primeiro semestre de 2008 ficou em 8,3%, a menor da pesquisa mensal de emprego do instituto, iniciada em 2002.

Os dados se referem às seis principais regiões metropolitanas no País (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador).

Os resultados anteriores foram: 2003 (12,2%); 2004 (12,3%); 2005 (10,3%); 2006 (10,1%) e 2007 (9,9%). Na comparação com junho de 2007, o desemprego no país teve redução de 1,9 ponto percentual.

Além disso, o mesmo IBGE divulgou prévia do IPCA-15, índice oficial de inflação no País, que mostra a desaceleração no aumento dos preços. A alta no período analisado foi de 0,63%, ante os 0,90% do período anterior. Segundo o instituto, os alimentos foram os principais responsáveis pela alta menor no índice.

Para Márcia Pinheiro, editora de Economia de CartaCapital, a divulgação destes índices mostra que a decisão do Copom de aumentar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, foi precipitada.

“O Copom já tinha feito alguns aumentos na taxa Selic nos últimos meses que ainda nem se fizeram sentir na economia”, explica a colunista do site de CartaCapital. “Por isso, aumentar ainda mais o juro, com alguns indicadores mostrando recuperação, é um claro sinal de que o BC exagerou na dose, pesou demais na mão.”

Isso porque, segundo Márcia, a inflação de fato vai diminuir com o aumento da taxa Selic, mas ao custo de ameaçar o crescimento econômico no País. “A inflação vai cair ainda mais, como já estamos vendo, mas o preço a pagar será a revisão do aumento do PIB para 2008 e até 2009, por exemplo.”

Outro efeito nefasto do aumento da Selic, que faz o Brasil manter o posto de país com a maior taxa de juro real do mundo, é a diminuição dos postos de trabalho. “Essas subidas contínuas do Copom acontecem bem na hora em que o emprego estava se recuperando”, explica Márcia Pinheiro. “Mas com uma alta dessas, só podemos esperar o crescimento do desemprego, conseqüência mais que esperada com a possível estagnação do mercado.”

Fonte: Carta Capital

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