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Kassab diz que não é homossexual. Sentiu firmeza?
Na sabatina da Folha, anteontem, Kassab respondeu a várias perguntas. Uma delas (que, segundo o entrevistador, resumia a curiosidade de vários dos presentes) era:
- O senhor é homossexual?
Na cabeça da pergunta (e antes da resposta de Kassab), o jornalista disse o seguinte, com o intuito de influenciar o espectador:
A última pergunta, de uma série de questões formuladas pela platéia, deixou o candidato do DEM aparentemente constrangido. Mas Kassab respondeu com firmeza.
Não sei se estou ficando louco, mas vi tudo na resposta de Kassab, menos firmeza. E você, o que acha? Confira no vídeo.
Sentiu firmeza?
Não tenho nada contra a orientação sexual de Kassab. Se ele for de fato homossexual (como, ao que parece, todos os jornalistas de São Paulo estão carecas de saber – mas seus leitores / ouvintes / telespectadores, não...), quem parece ter problemas com isso é Kassab. Ah, e também os eleitores que não votam em Marta porque ela defende direitos dos homossexuais.
Esta é para entrar no rol dos paradoxos de uma campanha eleitoral. Um candidato com orientação sexual homossexual recebe votos ao negar essa orientação, enquanto a candidata que defende os direitos de pessoas com orientação sexual homossexual perde votos exatamente por isso.
Você acha certo?
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Campanha de Marta vai ficar fora do ar por dois dias
por Antônio Mello
A decisão absurda é do TRE-SP, que mandou retirar as inserções em que a campanha perguntava ao eleitor se ele sabe quem é Kassab e ainda deu direito de resposta ao atual prefeito. A informação está na Folha:
Segundo o advogado de Marta, Hélio Silveira, a campanha apresentou 18 inserções batizadas de "Esse é o Kassab", o que garante 18 minutos de direito de resposta. Além disso, foram 13 inserções sobre o estado civil de Kassab. Com isso, serão dois dias de direito de resposta.
No Última Instância ficamos sabendo que o “juiz auxiliar (sic) da propaganda da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Claudio Luiz Bueno de Godoy, concedeu nesta quarta-feira (15/10) direito de resposta ao candidato Gilberto Kassab no horário eleitoral de Marta Suplicy (PT)” .
Godoy entende que a publicidade veiculada, ao criar dúvidas sobre o passado de Kassab, maltrata o espírito da propaganda eleitoral, pois não esclarece nada e não contribui para o voto consciente.
A legislação proíbe que a propaganda eleitoral contenha expressões caluniosas, difamatórias, injuriosas ou sabidamente inverídicas de candidatos ou coligação, sob pena de conceder ao ofendido direito de resposta.
Como o juiz auxiliar afirma que a inserção “não esclarece nada e não contribui para o voto consciente”, se ela é feita de perguntas, se ela provoca no eleitor o desejo de obter respostas para poder votar conscientemente?
E onde o juiz auxiliar viu “expressões caluniosas, difamatórias, injuriosas ou sabidamente inverídicas”, quando só foram feitas perguntas?
A decisão do juiz auxiliar é absurda, pois vai contra uma orientação do Tribunal Superior Eleitoral, que, no Guia do Eleitor Cidadão (que pode ser baixado aqui) defende o voto consciente, como se lê:
É preciso votar com consciência, sabendo exatamente quem você está ajudando a eleger para depois cobrar dos eleitos as promessas de campanha. Participe e ajude os bons representantes a trabalhar pela cidade. (pg 36)
“Avalie o caráter do candidato, seu passado, a qualidade de suas propostas, sua competência e seu compromisso com a comunidade” e “Se houver alguma suspeita ou denúncia contra o candidato, procure se informar e ouça o que ele tem a dizer em sua defesa antes de decidir o seu voto”. (pg 37)
“Analise a história de vida do candidato: o que ele já fez, que idéias defendeu, se está metido em encrencas ou se tem apenas uma boa conversa” (pg 38).
Cabe recurso à decisão do juiz auxiliar, e a campanha de Marta certamente vai recorrer. Mas, caso a decisão seja mantida, vamos ver se Kassab usa o direito de resposta para responder às perguntas.
Fonte: blog do Mello
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