quinta-feira, 16 de outubro de 2008

CAPITALISTAS SALVOS PELO SOCIALISMO

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por José Inácio Werneck

Bristol (EUA) – Sei de pelo menos dois economistas que há algum tempo vinham prevendo a catástrofe econômica que aguardava o mundo na administração de George W. Bush.

Abro um parêntese para dizer que, embora não me inscreva no rol dos profetas, comentei com os circunstantes, na primeira vez em que vi George W. Bush na televisão, ainda como governador do Texas: “Este cavalheiro é um idiota”.

Um idiota bem nascido, de família rica, com importantes conexões, mas um idiota. Se tivesse nascido em uma família já nem digo pobre, mas de classe média, seria hoje um completo desconhecido, talvez desempregado e vivendo da caridade pública.

Fecho o parêntese. Um dos economistas foi o turco Nouriel Roubini, radicado nos Estados Unidos. Fez sua previsão em 2006, numa conferência internacional, e foi prontamente ridicularizado por todos os neo-conservadores, como, por exemplo, William Kristol, adeptos da teoria de que “o governo é ruim” e “o mercado é bom”. São os defensores do chamado “trickle down effect”, que pode ser melhor entendido em linguagem bíblica: quanto mais opulenta for a mesa dos ricos, mais migalhas cairão dela para os pobres.

O outro economista foi Paul Krugman, que escreve para o New York Times e recebeu esta semana o Prêmio Nobel em sua profissão. Deliciosa ironia: desde 1999, quando começou a escrever para o NYT, Paul Krugman não tem feito outra coisa a não ser denunciar a gigantesca impostura dos planos econômicos de George W. Bush (na época ainda candidato), destinados única e exclusivamente a beneficiar os poderosos.

É por causa desses planos que hoje, nos Estados UNidos, cresceu muito a disparidade entre ricos e pobres. Como eles dizem por aqui, os “haves” e os “have nots”. Pulhas e desonestos, como o radialista Rush Limbaugh, dizem abertamente que o capitalismo existe para isto mesmo: premiar a cobiça. Greed is good.

E, como acabamos de ver, a cobiça é sempre premiada, aconteça o que acontecer. George W. Bush, como a cavalaria no proverbial filme de faroeste, acaba de irromper no cenário com a salvação: a maciça injeção de dinheiro dos contribuintes para socorrer todos os bancos e financistas, inescrupulosos ou meramente parvos, que levaram suas empresas à insolvência.

Depois de salvos pelo gongo – isto é, pela nacionalização, pelas teses keynesianas, como já aconteceu na década de 30 com o New Deal de Franklin Delano Roosevelt, não tenho dúvida de que tais pândegos voltarão a todo o vapor com a ladainha de que “o governo é ruim, o mercado é bom”.

É a história do Partido Republicano nos Estados Unidos. Seus políticos afirmam que “o governo é ruim” e, uma vez eleitos pelos incautos, provam sua ruindade de forma insofismável.

Fonte: Direto da Redação

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