segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A campanha na reta final

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Por Luciano Martins Costa

A disputa pelas prefeituras nos municípios onde vai haver segundo turno entra na reta final, após os debates de domingo (19/10) à noite. E mais uma vez, o confronto municipal acaba refletindo as disputas partidárias que se desenrolam em Brasília e os temas das cidades ficam para segundo plano.

O Globo de domingo faz um apanhado geral da campanha no Rio e em São Paulo e constata que o noticiário, que reflete um misto entre o interesse do público e as preferências dos editores, revela um ambiente mais conservador na disputa deste ano. Até aqui, observa o jornal carioca, faltam idéias aos candidatos, enquanto preconceitos e estereótipos tomam a frente da mensagem eleitoral.

Em São Paulo, o Estado de S.Paulo e a Folha costumam comparar afirmações dos candidatos com os dados reais, e mais de uma vez os números anunciados em campanha são desmentidos pela simples consultas a órgãos públicos ou aos arquivos dos jornais. Mas essas questões não têm sido levadas de volta aos candidatos, que continuam a dizer o que querem na sua propaganda e nos debates.

Além disso, as campanhas enveredam para temas da política nacional, e começa a se esvair o tempo necessário para que os eleitores conheçam eventuais propostas para os graves problemas que dificultam a vida nas nossas grandes cidades.

Propaganda obrigatória

Desta vez, pelo menos o eleitor não está sendo enganado por idéias mirabolantes, como alguns delírios tecnológicos que marcaram disputas anteriores, mas impressiona os observadores o fato de que nenhum dos candidatos parece capaz de apresentar propostas inovadoras para as grandes questões que incomodam o cidadão.

Vença quem vencer, até aqui quem perde é a cidade, com mais uma eleição em que os problemas reais perdem para invenções de marqueteiros.

A imprensa pouco pode fazer diante da propaganda obrigatória, mas questionar os políticos sobre as grandes carências apontadas pelas pesquisas seria mais útil aos eleitores do que continuar a descrever passeatas e carreatas, os tapinhas nos ombros e os cafezinhos tomados pelos candidatos.

Fonte: Observatório da Imprensa

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